Fiação: Falta de cuidados gera perigo em Jaraguá do Sul

Por: OCP News Jaraguá do Sul

16/06/2016 - 04:06 - Atualizada em: 16/06/2016 - 10:37

Basta uma volta rápida pela região central de Jaraguá do Sul para constatar que são raros os locais onde não há pelo menos um fio rompido ou pendurado ao lado de um poste. Na manhã de ontem (15), quem passava pela rua Januário Ayroso, na esquina com a Ferdinando Schulzen, no Centro, foi surpreendido por uma infinidade de cabos amontoados na calçada. Segundo moradores, o dano foi causado por um caminhão e atingiu vários postes, causando estragos também na cobertura de uma oficina automotiva da região.

De acordo com o gerente da loja, Hercílio Fronza Junior, de 40 anos, não é a primeira vez que o estabelecimento tem prejuízos por conta dos problemas com a fiação. No ano passado, um caminhão ficou preso e, com o impacto, os cabos foram arrancados e toda a cobertura da loja precisou ser refeita. “Só de olhar eu já sei que vai nos custar mais de R$ 3 mil para arrumar tudo. O pior é que, por mais que procuremos as empresas, ninguém realmente vai ser responsabilizado”, indigna-se o gerente. O último incidente com a fiação havia ocorrido há duas semanas.

Fiação exposta frente banco Bradesco centro - em

Na rua Presidente Epitácio Pessoa, a troca de um poste resultou em um “bolo” de fios pendurados e
soltos, tornando difícil identificar quais cabos realmente estão em uso

“Há cerca de oito meses, um fio de telefone se rompeu e enroscou em um motoqueiro, que perdeu o controle da moto, caiu e se machucou inteiro. É muito perigoso”, relata Fronza Junior. Segundo ele, na semana passada uma empresa de telefonia precisou ir até a localidade três vezes para remendar alguns cabos. “Muitas vezes o fio não cai, mas fica frouxo, e ninguém vem arrumar. Daí é só uma questão de tempo até algum caminhão carregar tudo”, destaca.

A situação é tão comum que às vezes o problema se estende por semanas e nenhuma providência é tomada. É o caso da Rua Emma Rumpel Bartel, na Vila Baependi, onde carros e pedestres precisam desviar de dois fios pendurados no meio da rua há mais de 15 dias. “Foi um caminhão que engatou. Uma empresa veio, arrumou, mas semana passada outro caminhão arrebentou os fios novamente. É complicado. Se sabemos que este é um problema na cidade, é preciso buscar maneiras de melhorar”, afirma o vendedor Marcelo Ranghetti, de 24 anos, que mora no local.

Rejeição a projeto reacende debate sobre o tema

Apesar da gravidade do problema, na terça-feira, a Câmara de Vereadores rejeitou um projeto de lei que obrigava as empresas de telefonia fixa, banda larga e televisão a cabo a identificar os fios e a retirarem a fiação excedente dos postes. A iniciativa tinha como foco evitar acidentes e facilitar a fiscalização. A proposta foi rejeitada por seis votos a cinco, com votos contrários dos vereadores Jeferson Oliveira (PSD), Arlindo Rincos (PSD), João Fiamoncini (PSD), Jocimar Lima (PSD), Ademar Winter (PSDB) e José de Ávila (PSC).

Segundo a vereadora Natália Petry, autora do projeto, o tema está em debate na Câmara desde 2013, mas a falta de ações dos órgãos responsáveis levou à criação da proposta. “Eu fiquei surpresa com a rejeição porque o projeto foi aprovado em primeira votação e é algo relevante ao interesse coletivo. A ideia era que com a lei pudéssemos autuar e responsabilizar estas empresas. Além disso, não é só uma questão visual, acidentes acontecem e podem trazer consequências sérias”, aponta Natália.

De acordo com o presidente da União Jaraguaense de Associações de Moradores (Ujam), Valmir Ferreira Cristovão, a manutenção da fiação está entre as principais demandas da comunidade, que há anos cobra do poder público mais eficiência na organização e fiscalização. “É um problema geral, que está em todos os bairros. Poder identificar estas empresas é importante, até para que se possa fazer alguma pressão”, acredita.

Para o vereador Ademar Winter (PSDB), que foi contrário ao projeto, a fiscalização dos postes deve ser de responsabilidade do Estado e das empresas provedoras de energia, e não do município. “Para fazer isso, a Prefeitura tem que ter um carro, pelo menos dois funcionários, gastar combustível para girar toda a cidade, o que gera custos. Assim como está a Prefeitura já tem muitos gastos, não dá pra trazer mais gastos ainda. Depois, já existem regras para utilizar os postes e é sabido que as empresas de telefonia pagam aluguel dos postes para as provedoras de energia, a Prefeitura não tem nada a ver com isso”, defende o vereador.

Regulamentação existe, mas falta fiscalização, diz Celesc

Atualmente, 12 empresas compartilham a rede elétrica em Jaraguá do Sul, mas, apesar das leis que especificam as regras de uso, a falta de fiscalização dá abertura para irregularidades.  “Hoje, podemos dizer que as empresas compartilhadoras fazem o que querem. Como é mais barato puxar um novo fio do que retirar o velho, os fios vão acumulando e amontoando, e o resultado é esta ‘gambiarra’ toda que a gente vê na cidade”, afirma o gerente regional da Celesc, Luiz Melro. O problema, segundo ele, também reflete nos custos da provedora de energia, que a cada manutenção precisa lidar com o caos nos postes.

Em março do ano passado, a Celesc sinalizou a intenção de implementar em Jaraguá do Sul o projeto que regulariza o uso compartilhado da infraestrutura da rede elétrica, adotado no Estado em 2014. Entretanto, devido a barreiras burocráticas, o projeto não avançou e, segundo Melro, não tem previsão para ser retomado.

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Publicação da Rede OCP de Comunicação