A pessoa que aparece na foto é Silvana. Uma simpática mulher de 37 anos, que vive em situação de rua na cidade de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. A história dela podia ser mais uma, em meio a milhares de brasileiros que sobrevivem nestas condições e, para muita gente, são invisíveis. Mas não para a estudante de letras Paloma Borges, 20 anos. As duas se conheceram há algumas semanas em uma loja de conveniência do Centro-Oeste brasileiro. De conversa fácil, não demorou muito para Silvana contar sua história e manifestar à Paloma o desejo intenso de reencontrar com as filhas que estariam vivendo aqui em Joinville.
Quer receber as notícias do Jornal de Joinville? Basta clicar aqui
“Ao ver uma pessoa nesta situação, muita gente acaba recuando. Não sei por que, mas eu acabo me aproximando, e aproveitando para ouvir o que eles têm a dizer. Ao conversar com Silvana, percebi que o desejo em reencontrar as filhas era intenso. Talvez, com as filhas, ela consiga mudar a realidade que vive todos os dias. Por isso, resolvi ajudá-la, contando sua história nas redes sociais”, comenta a estudante que já atua como professora em Campo Grande.
![](https://jornaldejoinville.com.br/wp-content/uploads/2018/04/Paloma-Borges-232x300.jpg)
Quis contar a história de Silvana para ajudá-la a reencontrar suas filhas”, diz estudante Paloma Borges, 20 anos
“A Silvana tem uma certeza muito grande de que as filhas Vitória e Kauani estão vivendo em Joinville. Ao falar das meninas, que hoje teriam entre 18 e 19 anos, ela se emocionou muito. Não consegui saber como ela se afastou das filhas, mas percebi o quanto elas são importantes para Silvana. Não tenho sobrenome da Silvana, nem contato, apenas sei que ela está há tempos vivendo nas ruas de Campo Grande. Queria poder ajudá-la a encontrar sua família”, acrescenta a futura professora.
Veja na íntegra a postagem que Paloma fez em sua rede social
![](https://jornaldejoinville.com.br/wp-content/uploads/2018/04/Paloma-busca-por-filhas-que-vivem-que-Joinville.jpg)
História foi parar nas redes sociais | Reprodução Facebook Paloma Borges
“Essa é Silvana, moradora de rua que vive no bairro Aero Rancho. Ontem – 24 de março – ela quis me contar a história dela e eu parei pra ouvir. Pude perceber que as pessoas a olhavam com certo “nojo” por ser uma moradora de rua. As pessoas daqui costumam pregar empatia nas redes sociais e não na vida real.
Levantei da minha cadeira e falei “pode sentar aqui Silvana, você quer beber ou comer algo? Pode falar”. Cachaceira que nem eu, ela disse: “Queria uma pinga fia”. Fiz a vontade dela. Ela disse que estava com frio e não tinha nenhuma coberta ou casaco. Sai na rua pedindo. Consegui um casaco para ela. Houve uma dificuldade quando fui colocar o casaco nela, percebi que um dos braços estava muito machucado (ou até quebrado) (…)
Consegui ver uma certa felicidade no olhar de Silvana, apesar de toda dor. Alguém parou e a olhou como outro ser humano. Não a julguei. Simplesmente quis escutar, e ela me dizia o tempo todo: “você é linda”, “sua alma é linda”, “muito obrigada”.
Acredito que o que falta na gente é tentar se colocar no lugar do outro, é tentar ajudar como pode.
Passado feedback, vamos para a história de Silvana
Ela me disse que tem duas filhas Victória (19 anos) e Kauani (18 anos) que as perdeu há uns cinco a seis anos. Ela acredita que as filhas estejam em Joinville (SC). Silvana tem 37 anos, ela chora quando lembra das filhas. Chora porque nunca mais pode abraçar elas. Eu nunca fui mãe, não sei o que é ser, mas eu senti toda a dor dessa mulher. Eu vi a tristeza de longe no olhar dela.
Espero que isto chegue às filhas dela e que elas reconheçam a mãe apesar dos anos que passaram. Silvana, sei que não pode ler isso, mas eu vou voltar pra te ver, e espero voltar com boas notícias.”