Estresse no trabalho

Por: OCP News Jaraguá do Sul

09/10/2016 - 22:10 - Atualizada em: 09/10/2016 - 22:34

Imagine o seguinte cenário: você está trabalhando em algum projeto importante da empresa em que atua, com alto nível de complexidade e prazo apertado. Mas, para finalizar este projeto, você precisa lidar com problemas como falta de estrutura, sobrecarga de afazeres, reuniões intermináveis e um chefe que está sempre cobrando mais desempenho, apesar dos seus esforços para cumprir as demandas. Parece desesperador, não é mesmo?

Neste cenário hipotético, as chances do profissional ter um desempenho produtivo abaixo do esperado são muito grandes. Trata-se de um ciclo vicioso: além do estresse vivido no processo, o profissional terá que enfrentar as consequências de não atingir seus objetivos da forma como planejou.

Segundo uma pesquisa realizada pela consultoria Willis Towers Watson, atualmente 62% das empresas brasileiras indicam o estresse como a principal causa para problemas de saúde e perda de desempenho no ambiente de trabalho. A visão é compartilhada por 64% das empresas mundo afora, o que coloca o estressa como um problema de escala global.

De acordo com a psicóloga e coach Kelly de Moraes Schmitt, em níveis baixos, o estresse pode ser um combustível, mas, em níveis altos, torna-se tóxico. “O estresse positivo nos deixa ativos e estimulados, porém percebemos o excesso e o risco quando o profissional começa a abrir mão de lazer e diálogo para estar focado em algo com frequência e, de repente, não consegue mais ver saída”, explica a coach.

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Ginástica laboral, lanches saudáveis e massagem são atividades que
integram a rotina da empresa de tecnologia

Conforme Kelly, o maior erro cometido pelas empresas é pensar que os profissionais precisam fazer sempre mais em menos tempo, e que produtividade é medida por agendas lotadas. “A principal fonte de energia para gerir equipes está no autoconhecimento e na empatia. A ansiedade pelo resultado impede as pessoas de perceber o que está acontecendo agora e faz com que gerenciem sempre na correção e não na prevenção. Equipes que sentem-se apoiadas e instrumentadas, tornam-se capazes de dobrar resultados. O tabu da autoridade, fiscalização e do perfeccionismo precisa ainda ser quebrado”, afirma a especialista.

Fato é que empresas e profissionais estão cada vez mais cientes desta equação. Segundo a pesquisa da Willis Towers Watson, 79% dos profissionais brasileiros consideram que as empresas devem exercer um papel ativo e incentivar seus colaboradores a levarem um estilo de vida mais saudável, enquanto 80% das empresas dizem querer aumentar o seu comprometimento com a saúde e a produtividade de seus empregados nos próximos dois anos.

Profissional deve manter o equilíbrio

De acordo com o empresário e coach Sandro Ferrari, para que um trabalhador tenha uma produtividade aceitável, é preciso ter equilíbrio entre a vida pessoal e a profissional. “Se algo vai mal no trabalho, muitas vezes reflete na vida pessoal, e a recíproca é verdadeira. Mas em geral, vejo que muitas empresas começam a ficar preocupadas com o valor humano”, aponta o especialista. Segundo Ferrari, a premissa de que “manda quem pode e obedece quem tem juízo” não cabe mais no mercado de trabalho atual – hoje, a tendência é uma atuação mais colaborativa.

“A gestão tende a ser mais colaborativa quando os funcionários opinam sobre questões que podem melhorar o tempo todo o ambiente de trabalho”, avalia Ferrari. Para o coach, mais do que investir recursos, é preciso investir tempo e criatividade na criação de um ambiente produtivo.

“Para ter resultados diferentes, é necessário fazer coisas diferentes. É muito importante avaliar o que está funcionando e pontos a melhorar.

Estes pontos têm que ter data e hora para serem melhorados, envolvendo toda a equipe, ouvindo opiniões. Um ambiente que estimula a produtividade é aquele que o profissional se sente parte do todo. É o ambiente que o profissional deseja estar presente, é motivado a acordar todo dia para ir ao trabalho porque gosta do que faz e onde faz”, ressalta Ferrari.

Ambiente saudável, empresa competitiva

No mercado de tecnologia, a relação entre produtividade e competitividade está nitidamente inserida no cotidiano do negócio. Em um setor como este, que se modifica constantemente, é preciso estar preparado para estimular e motivar profissionais de forma dinâmica.

Consciente deste cenário, a Consistem Sistemas, de Jaraguá do Sul, tem investido pesado em qualidade de vida. No mercado há 30 anos, a empresa busca, por meio de ações simples e de custo acessível, criar um ambiente tranquilo, acolhedor e democrático para estimular a produtividade de seus funcionários, que precisam lidar diariamente com a criação e manutenção de softwares de gestão empresarial.

“Para nós que trabalhamos com tecnologia, uma equipe com baixa produtividade resultaria em um produto obsoleto e clientes insatisfeitos.

Por isso, procuramos sempre ouvir e, na medida do possível, atender ao funcionário para proporcionar tranquilidade à equipe”, afirma a coordenadora de recursos humanos, Carla Jaqueline Sabel. A empresa possui uma equipe de cerca de 100 colaboradores.

“Apesar da natureza da nossa atividade, o nosso ambiente de trabalho é ótimo e trabalhamos incansavelmente para mantê-lo assim. Temos algumas ações como ginástica laboral, massagem e o programa vida saudável, em que servimos um lanche com muitas frutas toda a quarta-feira pela manhã, estimulando a alimentação saudável”, exemplifica a gerente.

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Estimular a qualidade de vida dos profissionais é um dos pontos destacados
pelos especialistas para elevar o desempenho
nas empresas

A empresa também adota uma postura objetiva diante de situações delicadas, que fazem parte do cotidiano, mas costumam trazer um peso negativo para o ambiente de trabalho. “Evitamos assuntos que gerem polêmica. Temos cuidado com o que enviamos em nossas comunicações internas e buscamos absorver certas situações entre gestores, para não atrapalhar as atividades do restante da equipe”, destaca Carla.

O processo de seleção de profissionais é outro aspecto importante – por lá, a decisão da contratação é tomada de forma conjunta pelo RH e pelo gestor da área. Conforme Carla, além de possibilitar a contratação de bons profissionais, o modelo tem ajudado a encontrar colaboradores com mais aderência às rotinas e necessidades da empresa, que atua com base em prazos e agendas. “Estímulos sempre são bem vindos e para isso incentivamos sempre o feedback, seja interno ou vindo de um cliente”, acrescenta Carla.

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Gestão do tempo e autodisciplina ajudam a melhorar desempenho

Segundo a coach Kelly de Moraes Schmitt, para se tornar um profissional mais produtivo é fundamental aprender a gerenciar o que ela chama de “esferas de tempo: importâncias, urgências e circunstâncias”. Ela explica que o mercado busca “pessoas que lidem bem com suas emoções e prioridades, e não um super herói que apaga incêndios o tempo todo e se sente sufocado com agendas lotadas e maus hábitos que levam a doenças e afastamentos”.

Conforme a coach, a partir do momento que o profissional se propõe a analisar e ocupar seu tempo com ações importantes, as chances de atingir objetivos aumentam, seja em casa ou no trabalho. “A vida, bem como, o mercado de trabalho, exige pessoas cada vez mais firmes em seus propósitos. Educar-se para obter resultados é uma tarefa que exige paciência para observar e analisar as oportunidades; persistência para manter-se no foco de seus objetivos; e resistência para fortalecer suas ações mesmo quando parece não evoluir. Desta forma, educar seus pensamentos e suas ações exige autodisciplina e atenção no aqui e agora, pois é neste tempo que as coisas acontecem e os resultados aparecem”, orienta Kelly.

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