“Estão desobstruindo as estradas, mas não acabando com manifestação”, dizem caminhoneiros

Concentração de caminhoneiros em frente ao Posto Guaramirim, um dos pontos fortes da região | Foto Fabio Junkes/OCP

Por: Rosana Ritta

26/05/2018 - 20:05

“Estão apenas desobstruindo as rodovias. O movimento não está enfraquecendo, ao contrário, ganhando força cada vez mais, mesmo diante do desabastecimento no país”, destaca a organização do movimento grevista dos caminhoneiros na região do Vale do Itapocu. A declaração ocorreu depois da publicação de imagens de caminhões desobstruindo o Rodoanel em São Paulo no fim da tarde deste sábado (26).

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Apesar de uma entrevista coletiva transmitida ao vivo pelas emissoras de televisão, em que o governo federal, por meio do ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, Sérgio Etchegoyen, ter anunciado a desobstrução de inúmeras rodovias pelo país, os caminhoneiros garantem que o movimento continua.

“As Forças Armadas já estão atuando e conduzindo veículos de transporte de carga em um esforço para normalização do abastecimento”, declarou o ministro Etchegoyen.

Para mostrar força, a organização dos grevistas na região convoca todos para concentração às 15h deste domingo nos pontos de concentração, em especial no Posto Guaramirim, na BR-280. Ketlen Cristofolini, responsável pela cozinha e o apoio logístico no local, apela para que a população pare, converse com os caminhoneiros e demonstre seu apoio participando mais do que apenas buzinar.

Ela explica que todos estão bem alimentados e lembra do rigor adotado, em especial à proibição do consumo de bebidas alcoólicas junto aos pontos de manifestação. “Então, quem quiser vir apoiar, que traga uma água, um café, uma fruta, mas não admitimos bebidas alcoólicas”, frisa. Quem quiser beber, que vá a um bar.”

Ketlen conhece bem o universo dos caminhoneiros. Ela tem pai e irmãos caminhoneiros e diz que ao apoiar o movimento está tentando garantir um futuro melhor para seus filhos. E não acredita no fim do movimento.

“Estão tentando passar a imagem de que tudo vai votar ao normal em breve, mas esta luta vai além do preço do combustível. Quero que meu pai, que tem 27 anos de estrada, embarque em seu caminhão e volte vivo. Nossa luta é pela segurança, educação e saúde, e precisamos da ajuda do povo, que precisa deixar de ser acostumado com impostos altos. Não será fácil, mas acredito que um dia o país vai entrar nos trilhos”, destaca.

Ketlen frisa também que as pessoas que precisarem de tratamento e não tem como ir até um hospital ou farmácia entrem em contato com os organizadores do movimento que há uma equipe para ajudar no que puder, até mesmo no deslocamento.

Manifestações de apoio aos caminhoneiros | Foto Fabio Junkes/OCP

Multas de mais de R$ 2 milhões

Raul Jungmann, ministro da Segurança Pública, destacou em entrevista no início da noite deste sábado que o governo federal vai usar da força da lei e a aplicação de multas para atacar o movimento. Por isso, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) aplicou 400 autos de infração, que somam mais de R$ 2 milhões em multas, sem contar as multas de R$ 100 mil por hora aos donos de transportadoras que não cumprirem determinação. 37 inquéritos também foram abertos pela Polícia Federal em 25 Estados e os responsáveis estão sendo convocados para prestar depoimento.