Especialista dá dicas sobre reposição hormonal

Amaury Teixeira mostra gráfico da produção de hormônios. Aos 27 anos, o declínio já tem início em mulheres e homens - Foto: Eduardo Montecino/OCP Online

Por: OCP News Jaraguá do Sul

02/07/2016 - 04:07 - Atualizada em: 07/07/2016 - 07:56

Fonte da juventude? Creme milagroso? Elixir da vida? Nada disso funciona. Para envelhecer bem só tem um remédio: cuidado. O médico ginecologista e obstetra, Amaury do Amaral Teixeira, de 57 anos, formado há 30 anos pela Universidade Federal do Pará – Belém, veio para Jaraguá do Sul há mais ou menos 20 anos. O foco de trabalho de Teixeira são cirurgias e clínica ginecológica. Por dia, passam pelo consultório do médico cerca de 20 mulheres. E com esse contato diário, Teixeira buscou outras especializações, entre elas sobre o funcionamento dos hormônios, feminino e masculino. Ele diz que um bom médico precisa olhar todo o contexto do paciente e não um problema isolado. Na entrevista a seguir, ele fala sobre envelhecimento, vida sexual e reposição hormonal.

Como fica a sexualidade da mulher após os 30, 40 anos?
O auge da nossa vida, homem e mulher, é aos 35 anos. Não por acaso, é a idade em que se aposentam a maioria dos jogadores de futebol. Após essa idade, vários hormônios declinam, levando a perda de algumas funções no nosso corpo, como tireoide, hormônio de ovários, da libido, fertilidade da mulher e até os hormônios do homem que vão tendo sua produção diminuída. Essas perdas acontecem nos dois, não é um declínio que afeta só as mulheres como alguns imaginam.

Os efeitos que a diminuição desses hormônios podem causar no nosso organismo podem ser mudados ou pelo menos diminuídos? De que forma isso pode ser feito?
Se não fizermos uma mudança em algumas coisas, como no estilo de vida, alimentação, suplementação de vitaminas e hormônios, nós vamos realmente decair. A cada ano, nosso organismo vai envelhecer mais rápido. Historicamente, as pessoas viviam muito menos antigamente. No ano de 1900, somente uma em cada quatro pessoas chegava aos 60 anos e, atualmente, a cada quatro crianças que nascem, três vão passar dos 100 anos, pela estatística. A quantidade de centenários no mundo vai aumentar significativamente nos próximos anos devido a vários fatores, como vacinas, descoberta de doenças e da cura do câncer, descoberta da cura da AIDS e a descoberta dos hormônios bioidênticos.

O que são hormônios bioidênticos?
São aqueles idênticos ao que o nosso corpo produz quimicamente, e que passaram a ser produzidos artificialmente em grande escala, permitindo que as pessoas consigam repor hormônios indispensáveis para o bem estar. Com o tratamento, é possível impedir que o nível de hormônio diminua, retardando o envelhecimento .

O que causa a diminuição hormonal em nosso corpo?
Sempre se achou que o envelhecimento levava a essa diminuição, quando na verdade é o contrário, a diminuição hormonal é que leva ao envelhecimento. Estudos recentes demonstram que usando hormônios bioidênticos, alimentação equilibrada saudável e atividade física regular, as pessoas não podem só retardar o processo de degeneração do corpo, como reverter muitas vezes esse processo. Um fator que leva à queda dos hormônios é o nível de estresse elevado.

Quando começa o processo de envelhecimento?
Desde que nós nascemos, mas estudos da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, demonstram que após os 27 anos começamos a declinar. Entre 20/25 anos, o nível de testosterona (hormônio masculino), é considerado equilibrado, a partir daí ele começa a declinar gradativamente, da mesma maneira que o estradiol na mulher. Mas claro que tudo depende do estilo de vida que você escolheu. Apenas 30% desse processo depende da genética, o resto é derivado do que você fez em sua juventude (alimentação, atividade física, uso ou não de drogas), que vai levar a uma oxidação do tecido da pele produzindo mais ou menos hormônios.

O que estimula esse processo além do estilo de vida?
O estresse contínuo do dia a dia. O homem, antigamente, quando ia caçar e se deparava com um predador, ele subia em uma árvore e o nível de estresse se elevava. Quando voltava para a sua caverna, que estava junto à família, logo esse nível se normalizava. Hoje, estamos vivendo em um contínuo ambiente de estresse. Em nosso organismo, o hormônio responsável por esse estímulo chama-se cortisol e, em excesso, ele aumenta a adrenalina, faz o coração bater mais rapidamente, fazendo o corpo se preparar para uma luta. Em contrapartida, ele pode ser até benéfico quando dosado de maneira correta, pois deixa a gente mais esperto.

A preocupação com a aparência é quase sempre maior para as mulheres. Como parecer mais jovem?
O hormônio máster da mulher é o estrogênio, pois ele tem receptores no cérebro, ossos, pele. O auge de beleza da mulher é entre os 25 e 30 anos. Depois disso, o estrogênio começa a declinar causando a perda de cálcio que se agrava na menopausa, entre os 35 e 48 anos. Os fatos que ajudam a minimizar essa perda são vitamina D diariamente em curtos períodos (encontrada no sol), em remédios que contenham cálcio, atividade física e, principalmente, em alimentos e com a reposição hormonal estrogênica. Não posso apenas repor estrogênio nela, tenho que ver tudo o que decaiu e fazer uma reposição completa.

Quais os métodos para essa reposição hormonal?
Existem as reposições via oral, transdermica (manipulação) aplicada na pele, injetável e a vaginal. Cada médico usa um tipo. Eu particularmente prefiro o transdermico pela diminuição dos efeitos colaterais e as vantagens dele ser absorvido mais rapidamente pela pele.