Há pouco mais de dois meses uma família do bairro Vila Nova, zona Oeste de Joinville, vive o drama de descobrir que um de seus integrantes está com um tumor no pulmão. Se não bastasse todo o desespero devido à enfermidade, eles estão tendo que conviver com o descaso do poder público e a falta de tratamento adequado.
Quem está doente é o patriarca da família Vargas, seu Sebastião Pedro Vargas. Aos 72 anos ele aguarda internado no Hospital Regional Hans Dieter Schmidt por um importante exame que irá diagnosticar o tipo de tumor ele tem e qual o melhor tratamento para doença. O problema é que desde dezembro do ano passado os dois aparelhos disponíveis pelo SUS para tal exame, uma broncoscopia, estão quebrados. Um fica no Hospital Municipal São José, o outro no Hospital Regional Hans Dieter Schmidt.
Sem o equipamento, a equipe médica orientou a família de Sebastião a procurar o exame na rede privada. O procedimento custa cerca de R$ 2 mil a R$ 3 mil. Eles não têm condições de arcar este custo.
“É muito difícil ver uma pessoa que a vida toda trabalhou, pagou seus impostos, foi um cidadão exemplar, definhar e não ter o tratamento adequado porque os aparelhos estão quebrados, e não há previsão de conserto”, comenta o filho de Sebastião o autônomo Anderson Gonçalves Vargas, 37 anos.
Ele completa dizendo que o pai está em auxílio doença, não conseguiu a aposentadoria ainda e não tem como trabalhar para poder pagar pelo exame na rede particular.
“Enquanto as máquinas estão quebradas, o tumor aumenta”, lamenta preocupado Anderson Vargas.
Ele conta que o pai foi internado pela primeira vez em dezembro.
“Como o equipamento estava quebrado na semana do Natal ele recebeu alta. Os médicos disseram que não adiantava ele ficar internado sem fazer o exame. Meu pai piorou e no dia 7 de janeiro voltamos ao hospital. Desde então aguardamos o conserto do broncoscópio e ele segue internado”, acrescenta Anderson Vargas.
Segundo Anderson, quando o pai foi diagnosticado com o tumor havia três opções de exames. O primeiro era abrir o peito de Sebastião para retirada de um pedaço do tumor que seria mandado à análise. Este procedimento foi descartado porque o risco de morte era muito grande.
A possibilidade mais adequada era fazer uma broncoscopia, e acessar o pulmão de seu Sebastião pelas vias áreas, sem a necessidade de corte. Mas como o equipamento estava quebrado nesta quarta-feira (16) os médicos optaram em fazer uma pequena incisão na região da traqueia para assim ter acesso manual ao pulmão.
Até o fechamento da reportagem Sebastião ainda estava em procedimento cirúrgico.
Advogado tenta exame na Justiça
Um advogado amigo da família Vargas se sensibilizou com a história do pedreiro e, de forma voluntária, entrou com um pedido na Justiça para que o Estado pague à iniciativa privada pelo exame que Sebastião necessita fazer.
“Conhecia a história de seu Sebastião, sei o quanto ele é uma pessoa boa e agora quando mais precisa não tem o apoio do poder público. É uma família carente que não tem como pagar pelo exame. Por isso, entrei com uma ação judicial. Mas a Justiça também demora, e seu Sebastião tem pressa, porque o tumor pode estar crescendo a cada dia”, explica o advogado Jonathan Zago Appi.
Ele acrescenta que este procedimento que está sendo feito nesta quarta-feira em Sebastião na verdade ira remediar a situação até que o broncoscopia o seja concertado.
Contraponto
O que diz a Secretaria do Estado da Saúde
Até o fechamento da reportagem a assessoria de imprensa do Governo do Estado não tinha retornado os pedidos de esclarecimento sobre o caso.
O que diz a Secretaria Municipal de Saúde
Por meio de nota a Prefeitura de Joinville informou que o equipamento broncoscópio foi encaminhado para conserto. Essa semana será entregue os orçamentos para o custeio. Se houver somente necessidade de contratação de mão de obra, a previsão é que entre em operação em 30 dias. Caso haja necessidade de peças, a previsão é de 90 dias, devido ao fato de serem importadas. Durante esse período de conserto, os casos de urgência serão encaminhados ao Hospital Regional Hans Dieter Schmidt, que é referência neste tipo de tratamento.
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