Empresas sabiam da adulteração dos pescados, diz delegado da Polícia Federal

Por: OCP News Jaraguá do Sul

18/05/2017 - 13:05 - Atualizada em: 18/05/2017 - 13:31

Por Cláudio Costa

 

Após a deflagração da Operação Fugu, na terça-feira (16) desta semana, a Polícia Federal continua o trabalho de investigação das empresas envolvidas no esquema de importação de peixes adulterados da China. De acordo com o delegado chefe da Delegacia da Polícia Federal de Itajaí, Maurício Todeschini, evidências apontam que as empresas, incluindo uma localizada em Jaraguá do Sul, sabiam das irregularidades.

Ao todo, 16 pessoas foram indiciadas até a quarta-feira (17), mas Todeschini espera que mais pessoas envolvidas sejam identificadas. A PF ainda apura quais benefícios os fiscais e chefes recebiam em troca da proteção das empresas.
Em Jaraguá do Sul, os agentes da Polícia Federal apreenderam cerca de 60 toneladas de pescados diversos comprometidos. O produto estava estocado na empresa Oesa, com sede no bairro Rio da Luz. Amostras foram retiradas para uma posterior perícia. Há suspeitas de que haja parasitas no salmão, além de excesso de gelo e aditivos químicos em pescados como a merluza.
A suspeita sobre a Oesa veio com a obtenção de documentos sobre a entrada de pescados no Brasil. A empresa é uma das maiores importadoras entre as investigadas. Segundo o delegado Maurício Todeschini, a suspeita é de que os peixes vêm adulterados do exterior. “As empresas sabem das adulterações porque é mais barato. Alguns e-mails mostram que o pescado adulterado é oferecido com um preço menor. Sem a adulteração, o valor é mais caro. O mandado de busca foi expedido justamente por causa disso”, comenta Maurício.
O material coletado durante o cumprimento do mandado de busca e apreensão será periciado em um laboratório em São José. Há a possibilidade das amostras coletadas pela Polícia Federal em Jaraguá do Sul serem envidas para Belém, no Pará, em uma das instalações do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Apesar de nenhuma amostra de pescado coletada ter sido periciada, há indícios das irregularidades. De acordo com Todeschini, os exames devem ficar prontos em um prazo de 30 a 60 dias.
O trabalho de investigação feito pela Polícia Federal resultou no afastamento de nove servidores da superintendência do Mapa em Santa Catarina. Três deles pertencem à cúpula do órgão federal no Estado:  Jacir Massi, superintendente; Fernando Luiz Freiberger, da Divisão de Defesa Agropecuária; e Elimar Cassias Pereira; do serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal. Os outros servidores eram auditores fiscais e agentes de inspeção sanitária.

Oesa se defende
A assessoria de imprensa da Oesa enviou, na noite de terça-feira (16), um comunicado oficial sobre a Operação Fugu. A empresa esclarece que atua na comercialização de pescados importados, mas que o produto não é manipulado por eles. “[A Oesa] já recebe os itens embalados de seus fornecedores e com as devidas certificações”, explica a nota.
A Oesa disse que, na terça, amostras de pescados importados foram colhidos pela Polícia Federal e encaminhadas para análise. “A empresa reforça ainda que não compactua com qualquer alteração nas especificações técnicas dos produtos, está colaborando com as investigações e já comunicou os fornecedores que tiveram amostras coletadas”, comenta.

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Ministério afasta servidores
O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, está em missão oficial na Arábia Saudita. Maggi disse por meio das redes sociais que os funcionários da pasta envolvidos na Operação Fugu “serão afastados imediatamente das funções e serão alvo de uma auditoria que poderá terminar com a exoneração dos cargos públicos”.
Por meio de nota, o ministro em exercício, Eumar Novacki, ressaltou que todos os servidores envolvidos foram afastados preventivamente por 60 dias. Os que têm cargos em comissão foram exonerados das funções. Novak disse ainda que todo o trabalho técnico, durante os nove meses de investigação, foi realizado com a participação de técnicos do Mapa, inclusive com a análise de amostras efetuadas no Lanagro (laboratório do ministério), no Pará.

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Publicação da Rede OCP de Comunicação