Em Roraima, ONG de Guaramirim ajuda refugiados venezuelanos

Por: Claudio Costa

27/02/2018 - 08:02 - Atualizada em: 27/02/2018 - 09:14

Dois representantes da ONG (Organização Não Governamental) Cristo sem Fronteiras, de Guaramirim, percorreram mais de 3,4 mil quilômetros de avião para ajudar refugiados venezuelanos em Boa Vista. Uma estimativa feita pela Prefeitura aponta que cerca de 40 mil pessoas estejam abrigadas na capital do estado de Roraima.

O pastor da Comunidade Batista Vida Nova, Rudi Sano, e o voluntário William Dias Neri estão desde o dia 22 de fevereiro na cidade para ajudar crianças, adultos e idosos que chegam todos os dias em busca de melhores condições de vida.

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Rudi comenta que as pessoas estão espalhadas em praças, que chegam a reunir entre mil e três mil pessoas. Os venezuelanos que chegam na capital de Roraima contam que fogem da crise no país comandado por Nicolás Maduro, diz o pastor. “As pessoas estão chegando aqui a pé.

Elas vão até a fronteira entre o Brasil e a Venezuela e chegam em uma cidade chamada Pacaraima. De lá até aqui, são 220 quilômetros e elas estão fazendo isso a pé.

Uns poucos conseguem vir de ônibus porque têm um pouco de dinheiro, mas a maioria vem a pé. São dois ou três dias de caminhada com crianças de colo e malas. Outros conseguem pegar um ônibus porque têm um pouco de dinheiro”, conta.

Rudi e William dão apoio para outras instituições, como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Fraternidade Internacional, que já estão atuando na cidade e que ajudam a dar melhores condições de vida aos refugiados venezuelanos.

“Nós estamos na praça principal da cidade, localizada na frente da rodoviária, a praça Simón Bolívar. Em alguns dias têm mil, outros dias tem duas mil pessoas e em outros dias têm três mil pessoas. Nós estamos trabalhando com o preparo e a distribuição de sopa. Nós também estamos fazendo kits para distribuir entre os refugiados com fraldas, sabonete, pasta de dente. Também estamos conseguindo barracas para aqueles que vão chegando”, explica.

Pastor Rudi (E), junto com outros voluntários, trabalha no preparo de alimentos para os refugiados | Foto Divulgação

Além das praças, muitos refugiados também ficam em ginásios de esporte, mas não há lugar para todo mundo e muitos ficam pelas ruas da cidade. Esses locais também recebem a ajuda de voluntários como Rudi e William.

O pastor ressalta que a situação é bastante precária e que os venezuelanos estão ocupando todos os espaços livres da cidade. Todos os ambientes que estão vazios são tomados pelos estrangeiros e há uma espécie de caos social instalado em Boa Vista. O governo tem pouca participação na ajuda aos refugiados.

Rudi explica que já atendeu índios no Mato Grosso, ribeirinhos em Rondônia, moradores de rua em São Paulo e participou em missões humanitárias no Líbano, Iraque, Jordânia e Israel. O pastor lembra que a ajuda a todas essas pessoas fez com que ele chegasse nessa atual missão. Rudi adianta que há planos para trazer alguns refugiados venezuelanos para Guaramirim.

Os voluntários estão organizando oficinas profissionalizantes para ajudar os estrangeiros a aprender novas profissões e se encaixar no mercado de trabalho brasileiro. O voluntário também conta que uma oficina de corte e costura está sendo montada e pede que as empresas de Guaramirim e Jaraguá do Sul façam doações de máquinas para o projeto.

A ONG mantida por Rudi é responsável pelo projeto Novos Caminhos, que dá novas oportunidades a crianças de diversas comunidades de Guaramirim. Há quatro anos ele busca jovens em um ônibus e traz para um espaço onde elas aprendem esportes e a tocar instrumentos.

O projeto também recebe adolescentes que cumprem medidas socioeducativas no município. O pastor é presidente do Conseg (Conselho de Segurança), também vice-presidente do Conselho da Criança e do Adolescente e presidente do Conselho de Pastores de Guaramirim.