“Ele era apaixonado por viver”, diz mãe de ciclista morto em acidente em Jaraguá do Sul

Eudicéia se agarra nos outros três filhos na busca de forças para viver sem Nathãn | Foto Eduardo Montecino/OCP News

Por: Gustavo Luzzani

19/04/2019 - 05:04 - Atualizada em: 19/04/2019 - 21:55

O rastro de destruição do dia 12 de abril de 2019 é percebido por todos que passam pela rua João Januário Ayroso, em Jaraguá do Sul.

Foi naquele dia que uma caminhonete bateu no ciclista Nathãn Felipe Postai, 22 anos, arrancou duas árvores, um ponto de ônibus e só parou quando atingiu uma estrutura que protegia equipamentos do Samae (Serviço Autônomo de Água e Esgoto).

Com o impacto da batida, o jovem foi jogado para a margem do rio, cerca de 20 metros depois.

 

 

Um policial militar socorreu Nathãn antes de ele se afogar com o próprio sangue, mas o jovem não resistiu e faleceu logo ao dar entrada no hospital

Para a mãe de Nathãn, Edilcéia Martins Postai, de 39 anos, a dor é inexplicável. Ela não tem mais o menino calmo, brincalhão, apaixonado pela família e que vazia de tudo para levantar o astral dela.

“Ele sempre foi um menino trabalhador, apaixonado por viver e cheio de sonhos”, retrata Edilcéia.

Eloá, de um ano, Arthur, 2 anos, e Dominique, de 3 anos, não terão a oportunidade de crescer sendo instruídos pelo pai e, mesmo pequenos, se perguntam o motivo do papai ir para o céu e eles não poderem ir juntos.

Ao olhar para a cruz colocada no local do acidente e mexer nos pertences de Nathãn, Edilcéia não consegue conter a emoção.

O motorista da caminhonete, que segundo testemunhas estava alcoilizado, em alta velocidade, fugiu do local da colisão.

“Ele não matou só o Nathãn, mas matou uma família toda, ele tirou o direto das crianças terem um pai. Foi uma opção, ninguém obrigou ele a pegar essa chave e sair, ele sabia que não estava bem”, opina.

Entre tantos sonhos do jovem, um deles falava mais alto: a paixão pelos carros. Por isso os pais dele pagaram um curso de mecânico e o empenho do menino sonhador mostrava que cada real foi bem investido. “Ele estava montando seu próprio carro”, destaca.

Ao chegar em casa, ele dava banho nos filhos, colocava eles para dormir e ia à garagem para mexer no motor do veículo.

Mas, às vezes, a falta de dinheiro não deixava ele comprar as peças, então Nathãn assistia vídeos para se espelhar e, quando tivesse a oportunidade, fazer igual.

Manifestação em apoio a Nathãn

Neste sábado (20), vai ser realizado um ghost bike (bicicleta fantasma), para pedir justiça a morte de Nathãn e conscientizar a população diante de mais uma morte no trânsito jaraguaense.

A partir das 9h30, o grupo vai sair da praça Ângelo Piazera, fazer uma passeata até o local da colisão e pendurar uma bicicleta em um poste com uma mensagem lembrando a morte do jovem.

“A gente quer que a justiça seja feita, que o culpado pela morte do meu filho pague para que outras mães não venham a sentir a dor que eu to nesse momento”, conta Edilcéia.

 

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