Dos mais de 1 mil pingüins resgatados em Florianópolis este ano apenas 129 estavam vivos

Pinguins em fase de treino de nado e impermeabilização das penas | Foto R3 Animal

Por: Ewaldo Willerding Neto

30/08/2021 - 16:08

A organização R3 Animal, que atua no resgate de animais marinhos, informa que nesta temporada anual de migração destas aves, registrou até agora 1.118 pinguins nas praias da Ilha de Santa Catarina, e apenas 129 estavam vivos no momento do resgate.

Confirme os relatos, as aves resgatadas vivas chegam tão debilitadas que muitas vezes morrem no caminho para o Centro de Pesquisa, Reabilitação e Despetrolização de Animais Marinhos (CePRAM/Animal), localizado no localizado no Parque Estadual do Rio Vermelho, em Florianópolis.

A presidente da R3 Animal e Coordenadora do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), Cristiane Kolesnikovas, explica que os pinguins que chegam às nossas praias em sua maioria estão muito magros, desidratados, hiportérmicos (temperatura corporal baixa), parasitados e, infelizmente, com sinais de interação incidental com redes de pesca. “Nossa equipe faz tudo que está ao alcance para salvá-los, mas nem sempre é possível”, esclarece.

 

Veterinário Sandro Sandri prepara a ave debilitada para a Unidade de Tratamento Animal | Foto R3 Animal

 

Os pinguins encontrados mortos que não estão em avançado estágio de decomposição são trazidos para o CePRAM e passam pelo exame necroscópico para tentar identificar a possível causa da morte.

De acordo com o veterinário Sandro Sandri, a maioria dos animais que chegam do campo mortos ou que vêm a óbito no CePRAM têm sinais claros de asfixia/afogamento.

“Alguns deles com indícios de interação antrópica, tais como desgaste de penas e hematomas em aleta (asas). Mas, invariavelmente, todos com o pulmão comprometido, com acúmulo de secreção serosanguenolenta espumosa, que são indicativos fortes de asfixia/afogamento, possivelmente provocados por interação com redes de pesca”, explica Sandro.

 

Pinguins debilitados sendo aquecidos por uma lâmpada especial na sala de Estabilização | Foto R3 Animal

 

Em meados do outono, estes animais que começam a chegar à nossa costa saem principalmente das colônias na Patagônia/Agentina, na Península de Valdez.

Conforme informações do R3 Animal, são recebidos vários acionamentos diários sobre a presença de pinguins nas praias da Ilha. Do início de agosto até esta segunda-feira (30), 932 pinguins foram resgtados e apenas 91 estavam vivos. Em julho, foram resgatados 182 pinguins, e apenas 36 estavam vivos. Em junho, foram apenas dois registros e as aves estavam mortas. Os primeiros registros dessas aves este ano ocorreram em maio, foram dois animais vivos.

Em 2020, registramos 800 pinguins nas praias da Ilha, 116 vivos no momento do resgate. Em 2019, foram 747 registros e apenas 53 estavam vivos. Já em 2018, foram resgatados 1.814 pinguins, sendo 113 vivos.

Pinguim sendo preparado para a Unidade de Tratamento Animal UTA | Foto R3 Animal

21 em reabilitação

Atualmente, 21 pinguins estão em reabilitação no CePRAM, 14 são sobreviventes dos animais resgatados pela nossa equipe. O restante veio de outras instituições executoras no Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS): 2 da Univali/Penha, 2 do LEC/UFPR, 1 da Udesc/Laguna, 1 da Univille/São Francisco do Sul e 1 do IPeC/São Paulo.

A temporada dos pinguins vai até setembro, quando os animais começam a voltar para suas colônias. A maioria dos pinguins nada em grupos mar adentro. Já os que encalham nas praias, em sua grande maioria, são animais juvenis, estão em seu primeiro ano de vida e encaram pela primeira vez a longa jornada de migração.

Como são inexperientes, é comum que alguns animais tenham dificuldade em se alimentar, se percam dos bandos e fiquem debilitados, encalhando nas praias. Também existem aqueles que interagem com petrechos de pesca. Mesmo não sendo fauna alvo são capturados incidentalmente. É a chamada captura bycatch, ou seja, não intencional.

 

Atualmente, 21 pinguins estão em reabilitação no CePRAM | Foto R3 Animal

Fique atento

  • Caso aviste um mamífero, ave ou tartaruga marinha debilitada ou morta na praia, ligue 0800 642 3341, das 7h às 17h.
  • O CePRAM/R3 Animal fica localizado no Parque Estadual do Rio Vermelho, unidade de conservação sob responsabilidade do Instituto do Meio Ambiente (IMA-SC), em parceria com a Polícia Militar Ambiental.
  • O Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) é uma atividade desenvolvida para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal, conduzido pelo Ibama, das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural na Bacia de Santos.
  • O objetivo do PMP-BS é avaliar possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos, através do monitoramento das praias e atendimento veterinário aos animais vivos e necropsia dos encontrados mortos.
  • O PMP-BS é realizado desde Laguna até Saquarema (RJ), sendo dividido em 15 trechos. Em Florianópolis, o Trecho 3, o projeto é executado pela R3 Animal.

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Ewaldo Willerding Neto

Jornalista formado pela UFSC com 30 anos de atuação.