O documentário 'Central - O poder das facções no maior presídio do Brasil', de Tatiana Sager com codireção de Renato Dornelles, com produção da Panda Filmes, segue, pela segunda semana, em exibição nos cinemas catarinenses. O filme revela de dentro das celas a realidade nua e crua de uma das piores cadeias do Brasil e da América Latina - o Presídio Central de Porto Alegre. O filme, que teve estreia nacional em 30 de março, está em cartaz em cinemas de Balneário Camboriú, Criciúma, Joinville e Blumenau, além da capital gaúcha, Santa Cruz do Sul, Novo Hamburgo e Caxias do Sul.
Nessa quinta-feira (20), os diretores do filme estarão em Joinville, onde participarão de um debate no curso de direito da Univille, sobre a falência do sistema prisional do Brasil.
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Com sessões lotadas em Porto Alegre e grande aceitação por parte do público, o filme é unanimidade entre os críticos como um documentário impactante que revela com qualidade a dimensão das disputas de poder entre as facções dentro da cadeia e a realidade de superlotação e vulnerabilidade social a que são submetidos os detentos. Para muitos, Central é um filme necessário para entender o caos do sistema carcerário no Brasil e a onda de violência e criminalidade das principais cidades brasileiras.
O documentário traz à tona, além da narrativa vista sob a ótica dos diretores, o olhar dos próprios presos sobre a realidade em que vivem. Com câmeras nas mãos, os presos captaram imagens nas galerias, onde nem mesmo a polícia tem acesso. O filme mostra a vida como ela é nas celas superlotadas, sem higiene e com uso liberado de todos os tipos de drogas.
Tatiana Sager, jornalista e fotógrafa há mais de 20 anos, permaneceu durante 70 dias dentro do Presídio Central de Porto Alegre, após negociação tensa com os apenados, registrou o cotidiano por trás das grades e testemunhou o sistema de organização dos presos, que hoje vivem divididos em galerias por conta da superlotação. Para mostrar as cenas do interior do Central, em especial as registradas pelos próprios detentos, ele cumpriu uma negociação de três anos com autoridades, advogados e os chamados 'plantões' das galerias, presos que têm status de prefeito e que comandam o que pode ser feito pelos apenados de cada facção.
O documentário é inspirado no livro Falange Gaúcha - a história do Crime Organizado no RS, de Dornelles, que aborda a dimensão das disputas de poder entre as facções, os conceitos de violência simbólica e econômica, segregação e vulnerabilidade social e, ao mesmo tempo, os conceitos de vingança, universidade do crime e o senso comum, expresso no ditado popular "bandido bom é bandido morto!".
O filme também dialoga sobre a questão da segurança pública, um dos principais temas em debate no país. Entender a lógica do encarceramento em massa é mergulhar na história de um Brasil pouco conhecido, em que o Estado atua na contramão da própria reconquista da liberdade e ressocialização dos cidadãos infratores.
A partir de depoimentos de policiais militares, autoridades, como o juiz Sidinei Brzuska, da Vara de Execuções Criminais de Porto Alegre, o promotor de Justiça Gilmar Bortolotto, e o sociólogo e jornalista Marcos Rolim, familiares e presos, o filme também desnuda as diversas faces de uma mesma história.
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Premiações

O documentário recebeu os prêmios de Melhor Documentário de Língua Portuguesa no FESTin - Portugal (2016), de Melhor Documentário no 33° Prêmio Nacional dos Direitos Humanos de Jornalismo (2016) e de Finalização FAC-RS (2014). Além de ter participado da seleção oficial do Florianópolis Audiovisual do Mercosul (FAM), em Santa Catariana (2016), e do DocMontevideo, no Uruguai (2016), da Mostra Panorama do Festival Visões Periféricas, no Rio de Janeiro (2016) e da Mostra Gaúcha do Festival de Cinema de Gramado, no RS (2016).

Críticas

DAVID COIMBRA | JORNALISTA RBS/RS "Eu acho que talvez esse seja o filme mais importante que tenha sido feito no Rio Grande do Sul em todos os tempos." Leia aqui: https://www.centralofilme.com.br/single-post/2017/03/30/N%C3%A3o-%C3%A9-s%C3%B3-um-filme-sobre-as-condi%C3%A7%C3%B5es-de-um-presidio-%C3%A9-um-filme-sobre-a-mec%C3%A2nica-do-crime     MARCELO JANOT | O GLOBO "Os presídios brasileiros se assemelham a masmorras medievais onde o principal objetivo é a punição e a vingança, se transformando em fábricas de bandidos." Leia aqui: https://www.centralofilme.com.br/single-post/2017/03/30/Marcelo-Janot-O-Globo CACO BARCELLOS | JORNALISTA "O filme é um documento histórico. Algum dia, lá no futuro, as novas gerações não vão acreditar que isso possa ter ocorrido em um país chamado Brasil." Veja aqui: https://www.facebook.com/centralfilme/videos/1548364501893564/

Ficha técnica

Direção: Tatiana Sager Codireção: Renato Dornelles Produção: Beto Rodrigues e Tatiana Sager Produção Executiva: Beto Rodrigues e Raquel Sager Roteiro: Tatiana Sager, Renato Dornelles e Luca Alverdi Direção de Fotografia: Pedro Rocha Trilha Sonora Original: Everton Rodrigues Montagem: Luca Alverdi e Ricardo Zauza Desenho de Som e Mixagem: André Sittoni Idade Indicativa: 14 anos

Trailer

https://vimeo.com/209942785