O Vale do Itapocu sofreu mais uma vez com as fortes chuvas na madrugada de domingo (17) para segunda-feira (18), mas ao contrário do que aconteceu em outras ocasiões, Jaraguá do Sul só registrou um ponto de alagamento.
De acordo com os equipamentos monitorados pela Defesa Civil de Jaraguá do Sul, desde a última sexta-feira (15), o acumulado de chuva foi de 199,6 milímetros, ocasionando deslizamentos, quedas de árvores e postes em 15 bairros do município.
O diretor da Defesa Civil de Jaraguá do Sul, Hideraldo Colle, disse que o cenário poderia ser bem pior se não fosse feito investimentos em prevenções de cheias. Ele destaca que o principal objetivo do órgão é diminuir o risco de qualquer acidente. “Nosso trabalho é realizar atividades de prevenção”, ressalta.
De acordo com Colle, os rios da cidade são pontos que têm exigido bastante atenção da Defesa Civil. Por isso, obras de desassoreamento tem sido tratadas com a devida importância. “Nós fizemos a limpeza de vários trechos dos rios, colocamos uma barreira de proteção e aumentamos sua vasão”, diz.
No entanto, o diretor lamenta a falta de recursos para realizar obras de abertura completas nos rios de Jaraguá do Sul. “É necessário R$ 18 milhões para desassorear todos os rios jaraguaenses. Essas obras vão muito além de somente tirar os entulhos das beiradas”, destaca.
Em 2019, foram feitas algumas obras de prevenção a enchentes e duas delas estão em andamento. O Rio Jaraguá, nos fundos do Clube Beira Rio, está tendo um enrocamento de 400 metros com investimento de R$ 489,9 mil.
No final da rua Coronel Procópio Gomes de Oliveira, está sendo construído um canal extravasor sob a ponte Tavares Sobrinho. Nessa obra, o investimento é de R$ 361 mil. “Em obras assim, no momento em que a água do rio atingir uma certa altura, haverá o escoamento pelo canal, diminuindo riscos de alagamentos”, frisa.
Construção em áreas de risco
O diretor afirma que a Defesa Civil não permite a construção de casas nas áreas consideradas de risco, a não ser que o proprietário traga um parecer profissional, mostrando que o local específico não tem possibilidade de deslizamento.
“É importante que os moradores percebam as construções em áreas perigosos e nos comuniquem”, fala.
Outro ponto que Colle destacou é a conscientização da população, que vem melhorando pela experiência de enchentes passadas.
A Defesa Civil recebeu chamados de possível deslizamento de terra nos bairros Ilha da Figueira e Boa Vista, mas quando os funcionários da entidade chegaram nos locais, os moradores haviam saído e comunicado a vizinhança.
De acordo com o diretor, os funcionários do órgão começaram a monitorar a situação da cidade por volta de meia-noite de domingo e só foram embora da Defesa Civil no fim da noite de segunda.
Um novo mapeamento de áreas de risco deverá estar pronto ainda no primeiro semestre de 2019.
Para o diretor, ele é muito importante para orientar a população e lembrar os riscos que as pessoas estão se expondo ao construir em lugares irregulares. “Mesmo sem o novo mapeamento, já fiscalizamos e orientamos o pessoal”, completa.
Ocorrências nos últimos dois anos
Desde o dia 1 de janeiro de 2017 até esta quarta-feira (20), a Defesa Civil registrou 50 pontos de alamentos, e até agora só não conseguiu conter três deles.
Na mesma época, foram 135 quedas de árvores, quatro desabamentos de ponte e quatro quedas de muro.
Nesses dois anos a Defesa Civil teve 2.546 ocorrências, de 26 tipos diferentes. Cerca de 94% desses casos foram atendidos pelo órgão, mas Colle comenta que alguns estão abertos por conta das chuvas do fim de semana, ainda recentes.
“Se não fosse recentes dias de chuva, estaríamos com aproximadamente 97% de baixa”, conclui.
Para desempenhar essas ações, a Defesa Civil utiliza recursos próprios, estaduais e federais. Na esfera federal, o órgão utilizou pouco mais de R$ 1 milhão, enquanto do Estado foi utilizado apenas para duas obras.
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