“Aconteceu há muito tempo e não é motivo de comemoração. Foi um massacre planejado com dias de antecedência, quando começaram a caminhar para chegar ao Brasil e matar os índios. É por isso que a gente não comemora, é um dia muito triste pra gente, uma coisa que faz a gente sofrer bastante”, ressalta o Cacique a respeito do período de colonização do Brasil.
Conhecer a história para poder lutar
Hoje, a Aldeia Tiaraju, às margens da BR-280, entre Guaramirim e Araquari, se prepara para uma celebração diferente: um momento de reflexão justamente para que a história do povo indígena não seja esquecida.“Sofremos muito, mas precisamos sempre lembrar o que aconteceu e de como nosso povo foi massacrado. Por causa disso, a gente não comemora. Concentramos todos dentro da casa de reza para nos fortalecer, fortalecer a paz espiritual e contar para as crianças o que aconteceu”, diz.

Foto: Eduardo Montecino/OCP

Foto: Eduardo Montecino/OCP
História relembrada na Casa de Reza
O dia começa cedo na aldeia que reúne os mais de 150 moradores do povo Guarani e convidados para falar sobre a verdadeira história do 19 de abril. Assim como o sofrimento é lembrado, os pedidos por um futuro melhor e a proteção dos espíritos é invocada na casa de reza. - https://ocponline.com.br/museu-historico-emilio-da-silva-promove-exposicao-sobre-o-papel-do-indio-na-sociedade/ - As pinturas tradicionais enfeitam os rostos e corpos das pequenas crianças indígenas que vivem na aldeia. O sorriso largo e fácil contrasta com o peso da história que será contada e, para o vice cacique Gabriel Martins Pires, embora dolorido, o passado precisa vir à tona para que conheçam mais sobre seus antepassados, sobre o que viveram e a maneira como foram perseguidos.
O vice cacique Gabriel Martins Pires ressalta a importância de contar a história às crianças, assim elas podem conhecer seus antepassados, sobre o que viveram e a maneira como foram perseguidos. (Foto: Eduardo Montecino/OCP)
"Os não índios podem até comemorar porque foram eles que fizeram isso, mas nós índios não podemos fazer, primeiro precisamos pensar no que aconteceu lá atrás".Para o vice-cacique, levar à história às novas gerações é uma forma de manter a cultura e fortalecer as raízes, sem deixar de olhar para o futuro. “Cantamos para que os espíritos possam ver que estamos ali relembrando nosso passado e contando para as crianças para que elas possam conhecer e lutar pelo povo”, finaliza cacique Ronaldo. ---