A simplicidade e a transparência das crianças é inspiradora – uma fase da vida onde o mundo começa a tomar forma e ganhar significado. Por isso, neste Dia das Crianças, o OCP escutou um pouco das impressões delas: o que deveria mudar para vivermos um mundo melhor?
Pessoas do bem e o fim da pandemia
Aos 7 anos de idade, Carolina Silveira Figur vive com os pais e o irmão Davi e gosta de muita atividade no dia a dia: correr, dançar, cantar, desenhar e viajar.
Para ela, o mundo seria melhor se as pessoas se dessem bem e se as famílias estivessem reunidas. Fã de ver todos felizes, se encontrando e vivenciando bons momentos, Carolina gostaria também de ver o fim da pandemia.
“(Gostaria) que a “Covid” fosse embora porque podemos abraçar nossos amigos e ir em lugares que por enquanto estão fechados e podemos encontrar mais vezes a nossa família”, diz.
Uma coisa que a chateia é não poder ver o rosto das pessoas nas ruas, por conta da proteção com as máscaras – por isso ela espera tanto ver um mundo sem a ameaça do vírus para a saúde.
O que também desejaria que acabasse no mundo é o “bullying e golpes”, pessoas que prejudicam umas às outras.
Um mundo mais justo
Ver um mundo sem preconceito e desigualdade social é o desejo do pequeno Felipe Bertoldi, 8 anos, que adora fazer natação, brincar com os amigos e desenhar.
Ela não gosta nem um pouco de ver o egoísmo que muitas pessoas têm e a indiferença. “As pessoas deveriam praticar mais a empatia”, sugere.
Perceber a injustiça no mundo também é o que comove João Henrique Zilz, 12 anos, e o irmão Luiz Fernando Zilz, de 10 – fãs de jogos no computador.
“Gostaria que mudasse o racismo”, afirma João. Ele gostaria de ver um mundo sem preconceito, que considera “maldade”.
Outro ponto que João e Felipe destacam são os cuidados com os animais. Os meninos veem com muita tristeza notícias e casos de maus tratos. “Eles (os animais) não tem ninguém que fale por eles”, reforça João.
Ainda sobre injustiças, o irmão Luiz Fernando conta que fica triste ao ver a fome, ao saber que algumas pessoas não têm comida. Mas a alegria vem ao ver que existem pessoas dedicadas a ajudar quem precisa. Ele espera o fim da desigualdade social.
Sobre o futuro, Luiz acredita que é preciso apenas mudar a consciência das pessoas. “Não tem mundo ideal! Só precisamos cuidar do nosso planeta!”, ressalta.
A empatia das crianças
A psicóloga especialista na área da infância e adolescência Ana Tainara Parma ressalta que as crianças, assim como os adultos, aprendem através da repetição. Quanto mais uma atitude e um tipo de informação cerca uma criança, mais ela se torna espelho desse comportamento.
“O mundo que as cercam, o ambiente em que vivem e a forma como nós adultos transmitimos nossos princípios e valores irão definir a forma como as crianças veem o mundo e interagem com o mesmo”, explica.
Para Ana, as visões trazidas pelas crianças mostram o quanto elas conseguem perceber os sentimentos alheios e se colocar no lugar dos outros através de histórias.
“Para nós adultos, seria ideal que parássemos de tentar retirar significados artificiais e buscássemos de fato observar com os olhos das crianças, entrar no mundo delas e vivenciar o imaginar”, comenta.
“Ao decorrer de nossas vidas, nos esquecemos que um dia praticávamos a empatia sem termos que pensar em praticá-la. A empatia é a capacidade psicológica de se colocar no lugar do outro, capacidade da qual aprendemos desde pequenos, mas ao invés de aprimorarmos e evoluirmos este comportamento, o ser humano tende a esquecer-se dessa habilidade tão pura e essencial no mundo em que vivemos”.
A percepção das crianças a respeito do futuro representa o que elas pensam, vivem ou sentem dessa realidade e refletem a forma como nós adultos também pensamos, vivemos e sentimos, enfatiza a especialista.
Desafios da infância
Segundo a psicóloga Ana Parma, um dos principais desafios da infância no momento atual é a relação com a tecnologia e o acesso à informação.
“Com a evolução da tecnologia, podemos observar o aumento do público infantil, o que sabemos que acaba expondo as crianças a um mundo de uma linguagem diferente da qual elas estão acostumadas, com cenários impróprios e informações distorcidas da realidade. Ao caracterizarmos a realidade do momento em que vivemos, percebemos que as crianças projetam, além de suas expectativas, intenções, sentimentos e fantasias de um mundo inexistente”, pontua a psicóloga.
A tecnologia não deve ser considerada uma inimiga, avalia Ana, mas deve ser observada com muita atenção e cuidado, pois é o acesso a essas informações molda a visão de mundo e forma como elas pensam, vivenciam e experimentam o mundo real.
“O uso inadequado de telas pode ser um grande desafio para a infância no momento em que vivemos, mas a carência afetiva está bem presente, e o que eu costumo falar é que as duas coisas andam juntas, crianças conectadas por tempo de mais no mundo virtual passam pouco tempo no aqui e agora, no mundo real, com pessoas reais”, diz.
Como reforça Ana, uma infância de qualidade é fundamental, afinal, é uma fase da vida determinante e que tem hora para acabar.
“Como ser mais presença na vida de uma criança? Aproveitando os pequenos momentos, as mais simples das brincadeiras, desde um jogo até o brincar de faz de conta, participe, interaja com o mundo incrível que elas conseguem criar”, finaliza.
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