Comoção no último adeus ao padre que fez história em Joinville

Por: Windson Prado

06/03/2018 - 20:03 - Atualizada em: 09/03/2018 - 15:13

A Catedral São Francisco Xavier ficou completamente lotada na missa de corpo presente que marca a despedida do padre Luiz Facchini. A cerimônia ocorreu às 16 horas desta terça-feira (6). Após a celebração o corpo do religioso foi sepultado na cripta da Catedral. Facchini morreu na tarde desta segunda-feira, aos 76 anos, após sofrer uma AVC (Acidente Vascular Cerebral).

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O líder religioso era muito querido pela sociedade joinvilense e dedicou sua vida a ajudar as pessoas. Na década de 1990, ele criou a Fundação Padre Luiz Facchini Pró Sociedade que desenvolveu um importante trabalho social em Joinville.

O padre foi velado na Paróquia Cristo Ressuscitado, no bairro Floresta. Durante todo o funeral centenas de pessoas deram o último adeus ao religioso. O clima era de emoção e gratidão. Diversos políticos como prefeitos, vereadores, deputados e senadores estiveram na cerimônia. Um dos destaques foi uma coroa de flores enviada pelo ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva.

 

Biografia

Padre Luiz Facchini nasceu no município de Taió, em uma família simples de agricultores. Com seus 12 irmãos trabalhou muito na roça e aprendeu a amar a terra e valorizar o árduo trabalho dos agricultores no cultivo da terra. Ainda criança, participava das rezas e das missas na comunidade, e sua vocação o levou para o seminário ainda muito jovem.

Concluiu seu colegial nos municípios de Salete e Brusque, em Santa Catarina, e Irati, no Paraná. Entretanto, formou-se em teologia na capital paranaense, onde dividia os estudos com o trabalho. Cursou ainda teologia em Fribourg, na Suíça, e neste período trabalhou como ajudante de pedreiro.

Em outubro de 1969, aos 27 anos, Luiz Facchini foi ordenado sacerdote pelo Bispo Dom Nestor Adams, na Comunidade Católica de Herbiriggen, na Suíça, celebrando sua primeira missa no mesmo ano. Retornou ao Brasil em 1970, onde foi vigário na Paróquia Nossa Senhora das Graças, de São Francisco do Sul. Foi convocado pelo Bispo Dom Gregório Warmeling no ano seguinte para trabalhar na catedral de Joinville, junto com o Padre Bertino. Em 1972, assumiu a Coordenação Diocesana de Pastoral, cargo que exerceu até 1975 e o permitiu acompanhar todas as mudanças da igreja, especialmente o Concílio Vaticano II.

Escolhendo Joinville como residência, passou a morar no Bairro Floresta, onde criou juntamente com seu irmão Padre João Fachini, e com apoio do bispo de Joinville Dom Gregório, a comunidade Cristo Ressuscitado. Lá, cumpriu 24 anos à frente da Paróquia Cristo Ressuscitado, e em seguida criou a Paróquia Nossa Senhora de Belém, no Bairro Escolinha.

Tendo sempre um olhar para a teologia da libertação e assumindo a opção preferencial pelos pobres, Padre Luiz enfrentou diversas perseguições nos anos 70 e 80, durante a ditadura. Entretanto, seu apoio do decisivo na organização da pastoral operária, do centro de defesa dos direitos humanos e das oposições sindicais na cidade de Joinville e região.

Sempre incentivando e despertando a consciência dos trabalhadores, Padre Fachini impulsionou o protagonismo dos leigos e leigas, organizou vários cursos de formação e estimulou vários trabalhos e atividades pastorais na cidade de Joinville. Assim, todo o trabalho desenvolvido na Paróquia Cristo Ressuscitado envolveu outras paróquias de Joinville, especialmente a Paróquia do Boa Vista que na época o vigário era Monsenhor Boleslau.

No ano de 1994, ano do seu jubileu sacerdotal, criou a Fundação Pauli-Madi – por exemplo do casal suíço Paulo e Marta Fischer Zingg, padrinhos de ordenação de Facchini. Entretanto, em agosto de 2009, houve a alteração da razão social e passou para Fundação Pe. Luiz Facchini – Pró Solidariedade e Vida, fazendo uma justa homenagem ao seu fundador, pois sua direção constatou que o sucesso da Fundação Pauli Madi se devia em grande parte pelo carisma e dedicação de seu idealizador.

O trabalho da Fundação era voltado em defesa da vida das crianças, adolescentes e adultos em situação de vulnerabilidade, e tem como princípio os valores da gratuidade e da solidariedade. Com base nisso, teve como principal programa as Cozinhas Comunitárias. A ação foi iniciada em e 1998, após serem encontrados 19 focos de fome na cidade de Joinville, e durante muito tempo manteve 30 cozinhas comunitárias atendendo mais de 4.000 crianças diariamente, virando exemplo e referência para diversos municípios, estados e para o país, que criou a Secretaria de Políticas Sociais de Combate a Fome.

Nos seus últimos anos de vida, Padre Luiz Facchini dedicou todo o seu tempo para a Fundação, celebrando a eucaristia, e dando seu amor e carinho às crianças e vez e voz ao povo trabalhador.

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