Aulas online trazem nova dinâmica para famílias e profissionais da educação em Jaraguá do Sul

Por: Natália Trentini

16/04/2020 - 06:04

Desde o começo de abril, alunos, pais e profissionais da rede municipal e estadual de educação de Jaraguá do Sul têm se encontrado em ambiente virtual. Com o recesso das aulas presenciais para conter os avanços do coronavírus, uma nova dinâmica escolar precisou ser implantada.

Na prática, essa rotina tem sido tão plural quanto as milhares de famílias que começaram a se adequar ao sistema.

A supervisora de vendas, Jéssica Brummer, 33 anos, não teve quarentena e segue trabalhando normalmente. Encontrar um ritmo para garantir que Isabella, de 8 anos, não perca as atividades tem sido o desafio.

Como a filha está em um sítio com os “opas”, os avós, a mãe tem supervisionado as atividades pelo WhatsApp ou por telefone.

Isabela faz as tarefas, que são supervisionadas pela mãe, com ajuda da avó Eldi. Foto: Arquivo Pessoal

“[É] Um pouco confuso, mas com cobrança está acontecendo, e com a ajuda dos avós e da tia que também está lá, estamos conseguindo. Ela faz as tarefas, manda as fotos pelo Whats, eu corrijo, caso tenha erro falo onde, ela arruma, manda de volta, eu publico, ou seja, eu acompanho pelo site, pelo computador e pelo celular, assim como ela pelo computador por lá”, explica.

Na casa da repositora de mercadorias Célia Menezes, 41 anos, a rotina tem dado certo porque a filha mais velha, Camille, de 17 anos, tem ajudado o irmão Cleverson Junior.

Ele frequenta a rede municipal e ela está fazendo cursinho pré-vestibular, que era presencial, mas também virou virtual.

No dia a dia, sobram algumas dúvidas. O menino se diz um pouco perdido com as aulas online e sem as explicações presenciais do professor. Uma das grandes dificuldades é não ter a resposta para as dúvidas na hora, como acontece quando se está na sala de aula.

Cleverson ainda se sente um pouco perdido sem as aulas presenciais. Foto: Arquivo Pessoal

Dominar as plataformas foi outro desafio neste início. Os dois estão tentando fazer com que seja igual a rotina normal, estudando conforme o período de aula.

Encontrando ritmo em casa

As mães Giovana Bongiovani, 28 anos, e Alessandra da Silva, 31 anos, têm filhos na educação infantil e contam que encontraram ritmo para as aulas, muitas delas sendo feitas no fim da tarde, com a família toda reunida.

“As atividades que recebemos até agora estiveram relacionadas à contação de histórias, brinquedos com material reciclado, circuitos, etc. Tem funcionado e tido um retorno bem legal aqui”, afirma Giovana sobre a experiência com Raul, que tem 5 anos e está no pré II.

A turma do pré de Raul é uma das que já está recebendo atividades. Foto: Arquivo Pessoal

Com Eloah, de 4 nos, Alessandra diz que as dinâmicas também têm sido positivas. “Claro que aí é a mesma coisa que a aula presencial. Mas acredito que o município está fazendo o que pode para atender nossas crianças. Isso que está acontecendo é novo para todos”, pontua.

Para as duas, a ferramenta municipal tem proporcionado boa interação com os professores e as dúvidas que aparecem estão sendo esclarecidas. Essa dedicação às atividades com os filhos é outro ponto positivo, dizem.

Eloah e a mãe têm conseguido encontrar ritmo para os estudos em casa. Foto: Arquivo Pessoal

98% das salas virtuais municipais estão cheias

Com a plataforma Google Classroom, o trabalho de cada turma da rede municipal de educação tem sido acompanhado em tempo real pela equipe pedagógica, conta a secretária Ivana Atanásio Dias.

Atingir 98% dos alunos do ensino fundamental cadastrados, pontua, demonstra a eficiência do trabalho.

Dos 2% que não atenderam ao chamado para as aulas virtuais, a maioria se trata de famílias que não querem que os filhos tenham contato com a internet.

“Não é opção, é o que tem pra hoje. A Secretaria não tem outro plano dado que a aula presencial neste momento é impossível”, ressalta.

Ivana afirma que rede tem conseguido ótimos resultados. Foto: Divulgação

O caso de crianças em situação de vulnerabilidade social está sendo olhado de perto. Foram distribuídos 450 chips para celular com acesso à internet na última semana.

Segundo Ivana, existem cerca de 60 crianças que não têm computador, celular ou tablet e esses casos serão resolvidos em breve.

O foco foi atender inicialmente do 1º ao 9º ano, mas o próximo passo é abrir salas de aula para todos os prés. Finalizada essa etapa, os maternais serão incluídos. “Está dando certo porque estamos fazendo uma coisa de cada vez”, diz Ivana.

Escola com olhar caso a caso

A diretora da escola estadual de educação básica Holando Marcellino Goncalves, Gilmara Gorges, conta que ver o prédio com as salas vazias tem sido difícil. Ela considera naturais as dúvidas e desafios para pais e responsáveis e também para a equipe escolar.

Com a pandemia, escola fechou as portas como todas as unidades estaduais, municipais e privadas. Foto: Arquivo OCP News

O momento é único e, apesar da tecnologia fazer parte da rotina das pessoas, nem sempre há o acesso às ferramentas adequadas para o professor produzir a atividade e para o aluno concluir a tarefa. É preciso atitude colaborativa, afirma a gestora.

“As equipes de apoio pedagógico também, com muita ênfase, têm diagnosticando a necessidade do envio do conteúdo e atividades impressas para as famílias com impossibilidade ou dificuldade de acesso ao estudo online”, comenta.

Gilmara afirma que os professores, em especial, estão com muita atividade extra e tentando avaliar caso a caso.

O contato direto tem sido importante para ajustar as demandas. Existem pais que estão em quarentena e aqueles que tiveram trabalho dobrado com a pandemia. Tem gente com estrutura e facilidade de acesso à computador, outros com aparelhos que não navegam a plataforma.

Diretora da Homago afirma que equipe tem trabalhado incansavelmente para se adequar à situação. Foto: Arquivo Pessoal

Até o momento, a unidade atingiu 95% de um universo de 420 alunos e segue buscando formas de contatar e atingir os demais.

A diretora ressalta que tem passado pelo momento como mãe – ela tem uma filha no segundo ano do ensino fundamental – e como gestora de educação. Para Gilmara, esses esforços e estratégias valem a pena por perceber o papel da educação no futuro de cada estudante.

“Tenho certeza que todos sairemos melhores depois desse processo. Percebemos o quanto o ambiente escolar faz falta para cada um de nós”, diz. “Não tenho dúvidas de que cada um valorizará ainda mais a educação e a interação humana”.

 

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