Artigo de Nelson Luiz Pereira - Olimpíada - O privilégio da chama
Geral
sexta-feira, 06:47 - 24/06/2016

Seja por incúria de Zeus, seja por destemor de Prometeu, passados quase 3000 anos, o Brasil sediará uma Olimpíada. Em consequência, seja por benevolência dos deuses do Olimpo, seja por nossa contribuição e potencial esportivo, a mitológica faísca do sol, passará de forma triunfal pela cidade brasileira de Jaraguá do Sul, como legado imortal da cidade grega de Olímpia. Essa dualidade nos gera uma cômica certeza: se Deus é brasileiro, Prometeu é jaraguaense.
Quimeras à parte, muito além de um evento esportivo, os Jogos Olímpicos representam, em sua essência, um meio viável de ascensão da humanidade. Uma “corrida”, um “arremesso”, um “salto”, na direção de um mundo melhor. Então, como meros mortais, não nos cabe agora questionar a viabilidade político econômica da realização dos jogos, ou expressar qualquer forma de protesto. Estaríamos, de maneira deselegante, ignorando a originária e intrínseca condição da “ekecheiría” (trégua em grego), preconizada pelos helenos durante a realização dos jogos.
Portanto, com lídimo sentimento de orgulho pelo privilégio da chama, providencial se faz enaltecer todos que, de forma direta e indireta, acreditam, se dedicam e promovem o esporte em nossa comunidade. Assim, aproprio-me desse espaço para, na iminência desse momento histórico, reportar-me respeitosamente ao visionário esportista, sábio educador, e grande amigo, Airton Schiochet, o Ito, um dos dignos agraciados pela chama e, em seu nome, congratular os 35 condutores da tocha olímpica, em solene revezamento que testemunharemos no próximo 13 de julho.
Espera-se sim, que esse importante momento possa instigar, em cada um de nós, o “senso de olimpismo”, norteado pelos princípios da amizade, respeito, solidariedade, igualdade, excelência, determinação, coragem e inspiração. Que no âmbito da nação, o exercício desses valores possam ultrapassar as fronteiras das arenas. Que a chama olímpica, mais do que performances atléticas, possa irradiar ética e valores morais fundamentais, tão carentes em nosso país. Que possamos, individualmente e em sociedade, incorporar o famoso lema olímpico, em latim, “citius, altius et fortius” (mais rápido, mais alto e mais forte). E, por fim, sensíveis a esses princípios, que possamos com essa Olimpíada, perceber e aprender, em todas as dimensões de vida e de sociedade, a prática do “fair play” (jogo limpo).
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