Artigo de Nelson Luiz Pereira - AUTISMO – O que sabemos?
Geral
sexta-feira, 05:57 - 01/04/2016

Foi instituído pela ONU, em 2008, o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, comemorado em 2 de abril. Estima-se que no Brasil, o contingente de portadores do TEA - Transtorno do Espectro Autista, tenha ultrapassado os 2 milhões, metade aproximadamente, ainda sem diagnóstico. Sem o propósito de explorar o mérito técnico desta patologia, o autismo consiste numa complexa síndrome que compromete, basicamente, três importantes áreas do desenvolvimento humano: comportamento, comunicação e socialização.
Pesquisas e esforços científicos já direcionados nesta área são reconhecidos, embora, a busca da cura demande ainda uma considerável caminhada, perpassando pela suposta associação de fatores genéticos e exógenos. Em que pese a limitação da ciência em identificar as reais causas do autismo, a conscientização e sabedoria coletivas podem fazer a diferença. Enquanto a ciência não ultrapassa a fronteira do desconhecido, o grande desafio e diferencial repousa no diagnóstico precoce de observação, conjugado com digno e competente tratamento. Nessa dimensão, a contribuição da sociedade pode ser determinante.
A propósito, Jaraguá do Sul é prova disso. Mesmo com algumas limitações físico estruturais, nossa entidade AMA – Associação dos Amigos do Autista, em estreita parceria com a comunidade e abnegado envolvimento voluntário, vem trilhando com júbilo uma caminhada de 25 anos, com padrão diferenciado. Oportuno evidenciar então, que essa luta não pode se restringir a uma entidade, ela é uma missão comunitária, pertence a todos. Nessa condição, o tratamento mais digno e eficaz chama-se conscientização. Isso pressupõe a necessidade de conhecimentos e compreensão acerca do autismo.
Afinal, o que sabemos “comumente” e o que não sabemos “essencialmente”? Comumente, sabemos que o autismo é uma sentença de exclusão social. Mas essencialmente, não sabemos que autismo é perceber as coisas e a vida diferentemente da maioria das pessoas. Comumente, sabemos que o autismo é um distúrbio que enclausura o portador em sua própria mente. Mas essencialmente, não sabemos que autismo é um caminho diferente de interação humana percebendo o mundo de forma pura. Comumente, sabemos que o autismo é retardo mental. Mas essencialmente, não sabemos que mentes brilhantes pensam fora do padrão comum, cabendo a nós o desafio de entendê-las. Comumente, sabemos que autismo remete ao silêncio. Mas essencialmente, na percepção de Nicholas Sparks, não sabemos que “o silêncio é sagrado. Ele aproxima as pessoas, pois só quem se sente confortável ao lado de outra pessoa, pode ficar sentado sem falar. Esse é o grande paradoxo”.
×