Artesãos jaraguaenses enfrentam dificuldades com mudança de local de trabalho

Haydete confessa que não chega a ganhar um salário mínimo depois da mudança | Foto Eduardo Montecino/ OCP News

Por: Gustavo Luzzani

10/04/2019 - 05:04

Há pouco mais de um ano, os artesãos jaraguaenses tiveram seu lugar remanejado pela Prefeitura de Jaraguá do Sul.

Após perder o espaço em frente ao Museu Histórico Emílio da Silva, no Calçadão da Marechal, eles também sofreram com uma brusca queda econômica que o artesanato gerava para suas famílias.

De segunda a sexta-feira, Luís Costa, 66 anos, acorda bem cedo e monta a barraca na frente da Fundação Cultural de Jaraguá do Sul, por volta das 6h30.

O espaço é ajeitado com carinho e as bijuterias que costumavam fazer sucesso em 2017 viraram motivo de preocupação para o artesão.

Segundo Costa, o grande fluxo de pessoas que transitam pela praça Ângelo Piazera é muito superior ao número de pessoas que passam pelo novo local.

“O artesanato precisa ser onde a população costuma ir, pois a maioria das vendas é de impulso”, destaca.

Ele afirma que a situação é crítica, por isso tem buscado outros meios para aumentar o salário do mês.

Costa está esperando a etapa final para ser um motorista por aplicativo.

“Eu preciso achar um outro jeito de ganhar dinheiro, senão eu vou passar fome. É bem difícil”, completa.

Pouca movimentação no novo lugar tem prejudicado os feirantes | Foto Eduardo Montecino/OCP News

Uma das alternativas que a artesã Tânia Clarice Polzim, 45 anos, encontrou para suprir o baixo rendimento com as vendas foi buscar festas fora da cidade para vender seus produtos, algo que ela diz ser compartilhado por outros feirantes.

Tânia afirma que a mudança de lugar acarretou em uma queda de aproximadamente 70% na movimentação e que o número de artesãos diminuiu consideravelmente.

Hoje, apenas 12 estão expondo, enquanto há dois anos eram mais de 20 vendendo produtos na praça Ângelo Piazera.

“As pessoas vêm até a gente e falam que nós dávamos vida à praça e que ela está abandonada agora”, lembra.

Fonte de renda familiar

Haydete Fonseca, 59 anos, é outra artesã e tem dificuldades para explicar o impacto da alteração de local.

Com pausas entre as frases e o sorriso demonstrando aflição, conta a angústia que é passar o dia inteiro vendo poucas pessoas olharem seus produtos.

“Não tem como sobreviver aqui, mas se eu sair não fico nem com o pouco que eu ganho, pois não consigo emprego. Eu sustentei meus filhos com o artesanato e agora não consigo nem me sustentar”, destaca.

Os artesãos estão nas imediações da Fundação Cultural de Jaraguá do Sul, na Avenida Getúlio Vargas. Na primeira quinzena do mês, eles expõem de segunda a sábado e, no restante do mês, somente na sexta e sábado.

Mudança positiva

A secretária de Cultura, Esporte e Lazer, Natália Lúcia Petry, destaca que a Prefeitura realizou melhorias no local justamente para adequar a estrutura aos artesãos.

“Foi feita pintura, iluminação e montada uma sala para eles guardarem seus materiais”, diz.

Já o secretário de Planejamento e Urbanismo, Eduardo Bertoldi, conta que antigamente os artesãos ocupavam um espaço público destinado ao trânsito de pedestres.

Ele afirma que o novo local havia sido construído para eventos culturais, assim como as feiras de artesanato.

“Os artesãos nunca tinham utilizado esse espaço, que era para eles e estava lá, abandonado”, conta.

O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Jaraguá do Sul, Gabriel Seifert, acredita que a mudança foi positiva, pois, agora, os artesãos estão ocupando um espaço que foi construído para eles quando o Centro Histórico foi revitalizado.

“Estão em um ambiente propício à valorização do trabalho, ao contrário da situação anterior, onde estava em um local não próprio”, opina.

 

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