Amor é a palavra usada pelo aposentado José Henrique Vieira, 64 anos, para definir a sensação de ser o primeiro paciente a passar por um transplante de rim no Hospital São José, em Jaraguá do Sul. “Amor a quem doou, aos médicos que me atenderam, a todos”, declara.
O sentimento pode ser percebido facilmente durante a consulta de acompanhamento entre ele e a equipe médica. A cirurgia foi realizada no último dia 27 e superou as expectativas dos profissionais envolvidos e também da família Vieira.
O paciente estava na fila de espera desde o início do mês de maio, mas fazia um acompanhamento constante no hospital há cerca de dois anos para as sessões de hemodiálise. “Nunca tive a ansiedade de fazer o transplante, não reclamava da minha máquina, tentava viver minha vida com ela, mas isso vai te sugando aos poucos”, conta ele.
Vieira tinha os dois rins policísticos, uma doença genética que influencia no funcionamento normal do órgão e pode causar infecção, cálculos renais, pressão alta e, com o passar do tempo, insuficiência renal.
Morando há 30 anos em Florianópolis, Vieira veio visitar familiares em Jaraguá do Sul em 2017 e no último dia de viagem, se sentiu mal e foi encaminhado para o hospital, onde ficou internado quase 30 dias. “Foi aqui que descobri que tinha perdido os dois rins. Depois disso, nos mudamos para cá e começamos o tratamento. Não temos intenção de voltar para a capital”, enfatiza.
A esposa de Vieira, Sônia Terezinha, observa que o sistema de saúde em Jaraguá foi o que motivou a família a ficar aqui. “A assistência é ótima, tanto para o paciente como com os acompanhantes. Temos muita gratidão por tudo”, se emociona.
Vieira comenta que nos últimos dois anos criou um vínculo de amizade com toda a equipe e isso fez ele se sentir leve, apesar da doença. “Fui para a mesa de operação tranquilo”, garante.
Avaliação médica é positiva
Segundo um dos médicos que conduziram o transplante, Nestor Saucedo Junior, o estado de saúde de José Henrique Vieira está ótimo.
O profissional explica que é comum o rim demorar um pouco para funcionar no novo corpo após o transplante, mas no caso de Vieira, a função renal foi restabelecida logo após o procedimento.
O órgão foi coletado em outra cidade e, conforme Saucedo Junior, estava em excelentes condições. “Era de um paciente jovem, sem sinal de infecção e com boa função renal”, avalia.
Agora, Vieira deve seguir os cuidados pós-transplante que abrangem, além dos medicamentos imunossupressores fornecidos pelo SUS, a alimentação do paciente e contato em ambientes públicos.
Fila de espera
Desde julho de 2017, o Hospital São José está habilitado para fazer transplantes de fígado e rim. De fígado, já foram feitos oito procedimentos e o transplante renal de José Henrique Vieira foi o primeiro da instituição.
De acordo com Saucedo Junior, a unidade tem uma fila de espera com nove pessoas para o transplante de rim e cinco para o de fígado. Os procedimentos dependem de diversos fatores como confirmação de morte encefálica, autorização da família e compatibilidade com os paciente que aguardam pela nova chance.
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