Após divulgação dos baixos índices de vacinação, Secretaria da Saúde faz novo alerta

Foto: Agência Brasil / 2.2 W / Rio de Janeiro / Arquivo

Por: Schirlei Alves

21/07/2018 - 06:07 - Atualizada em: 21/07/2018 - 08:37

No início deste mês, o Ministério da Saúde divulgou uma lista com 312 cidades brasileiras que estão com cobertura de vacinação de poliomielite (doença que causa paralisia infantil) em crianças menores de um ano abaixo de 50%, sendo que a meta deve ser de 95%. Pelo menos oito cidades catarinenses apareceram na lista, incluindo a Capital (confira a lista).

A doença que causa paralisia infantil está erradicada desde a década de 1990 no Brasil, mas o Ministério se preocupa com a possível reintrodução no País. Os alertas começaram após surto de sarampo na Região Norte, outra doença que também já estava erradicada no Brasil.

Nesta semana, a Secretaria de Estado da Saúde reforçou o alerta principalmente para a vacinação da tríplice viral (sarampo, rubéola e caxumba). É que o índice de vacinação em crianças e bebês já é menor desde 2002. O Ministério da Saúde já confirmou 463 casos de sarampo no Amazonas e em Roraima. No Rio de Janeiro, há casos suspeitos sendo investigados.

Com relação a polio, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde, informou que o índice caiu de 98% em 2015 para 77% no ano passado em todo o País. Os órgãos de saúde estão preocupados que a doença que causa paralisia infantil retorne ao País, uma vez que ela ainda está presente em alguns países.

Uma das preocupações da Secretaria é com as notícias falsas sobre supostos efeitos colaterais das vacinas que têm assustado os pais. Em Florianópolis, por exemplo, as regiões com menor índice vacinação são o Sul e o Leste, onde há mais pessoas com hábitos saudáveis. Segundo a Vigilância Epidemiológica do Município, algumas pessoas disseminam a ideia de que não é necessário tomar remédios e nem vacina para manter a saúde em dia, o que preocupa os órgãos controladores das doenças contagiosas.

“Essas notícias falsas, divulgadas principalmente por mídias eletrônicas, que muitas vezes não possuem filtros, assusta os pais e disseminam boatos. Isso gera insegurança e as pessoas acabam buscando cada vez menos a vacinação”, disse a gerente do órgão ao OCP News, Ana Cristina.

De acordo com a recomendação do Ministério da Saúde, bebês, adolescentes e adultos de até 50 anos devem ter as duas doses da vacina em dia. Já os adultos com mais de 50 anos que viveram na época em que o sarampo era uma doença frequente e que provavelmente já tiveram o vírus, já têm proteção natural contra a doença.

O sarampo é adquirido pelo ar, por meio de uma simples tosse ou espirro. Os sintomas são coriza, tosse, dor de garganta, febre alta, manchas vermelhas e irritação na pele e podem aparecer de 10 a 14 dias após o contato com o vírus.

O diagnóstico é realizado por meio de exame de sorologia para sarampo ou pela identificação do material genético do vírus no sangue, por meio do exame de PCR para sarampo, na dependência do tempo de evolução da doença. O tratamento deve ser descrito por um especialista.

Para a prevenção da poliomielite, os pais devem vacinar os bebês com a vacina inativada poliomielite (VIP). A doença pode ser transmitida pela água, por alimentos contaminados e pelo contato com uma pessoa infectada. O diagnóstico é feito por exames de fezes para pesquisa de vírus. A poliomielite pode ocasionar paralisia e podendo também ser fatal.

Segundo a Secretaria de Saúde, a vacinação também tem um papel social, uma vez que reduzindo a circulação de vírus patogênicos as próximas gerações estarão menos expostas ao risco de contrair estas doenças.

Confira as cidades de SC com baixa cobertura de vacinação

  • Florianópolis: 40,98% de cobertura
  • Palhoça, na Grande Florianópolis: 28,80% de cobertura
  • Anitápolis, na Grande Florianópolis: 39,29% de cobertura
  • Major Gercino, na Grande Florianópolis: 47,22% de cobertura
  • Pedras Grandes, na região Sul: 33,33% de cobertura
  • Pomerode, no Vale do Itajaí: 38,62% de cobertura
  • Cunhataí, no Oeste: 45% de cobertura
  • Palmeira, na Serra: 46,88 de cobertura

 

POLIOMIELITE

Conforme o Ministério da Saúde, a poliomielite ou “paralisia infantil” é uma doença infecto-contagiosa viral aguda, caracterizada por um quadro de paralisia flácida, de início súbito. O déficit motor instala-se subitamente e sua evolução, freqüentemente, não ultrapassa três dias.

Acomete em geral membros inferiores, tendo como principal característica a flacidez muscular, com sensibilidade conservada e arreflexia no segmento atingido.

Transmissão

  • Contato direto pessoa a pessoa;
  • Pela via fecal-oral;
  • Por objetos;
  • Alimentos e água contaminados com fezes de doentes ou portadores;
  • Gotículas de secreções da orofaringe (ao falar, tossir ou espirrar);
  • Falta de saneamento, más condições habitacionais e de higiene são fatores que favorecem a transmissão.

Tratamento

Não existe tratamento específico, todas as vítimas de contágio devem ser hospitalizadas, fazendo tratamento de suporte.

Prevenção

A vacinação é a única forma de prevenção da Poliomielite. Todas as crianças menores de cinco anos de idade devem ser vacinadas conforme esquema de vacinação de rotina e na campanha nacional anual. Confira o esquema de proteção no Calendário Nacional de Vacinação.

SARAMPO

Segundo o Ministério da Saúde, o Sarampo é uma doença infecciosa aguda, de natureza viral, grave, transmissível e extremamente contagiosa. A presença do vírus no sangue provoca vasculite generalizada, responsável pelo aparecimento das diversas manifestações clínicas, inclusive pelas perdas consideráveis de eletrólitos e proteínas.

Isso resulta no quadro espoliante característico da infecção. Além disso, as complicações infecciosas contribuem para a gravidade do Sarampo, particularmente em crianças desnutridas e menores de um ano de idade.

Nos climas tropicais, a transmissão parece aumentar depois da estação chuvosa. O comportamento endêmico do Sarampo varia, de um local para outro, e depende basicamente da relação entre o grau de imunidade e a suscetibilidade da população, além da circulação do vírus na área.

Sintomas

  • Febre alta, acima de 38,5°C;
  • Exantema maculopapular generalizado;
  • Tosse e coriza;
  • Conjuntivite e manchas brancas que aparecem na mucosa bucal conhecida como sinal de koplik, que antecede de 1 a 2 dias antes do aparecimento do exantema.

Diagnóstico

O diagnóstico laboratorial é realizado mediante detecção de anticorpos IgM no sangue na fase aguda da doença, desde os primeiros dias até quatro semanas após o aparecimento do exantema (erupção cutânea na pele).

No Brasil, a rede laboratorial de saúde pública de referência para o Sarampo utiliza a técnica de ELISA para detecção de IgM e IgG.

Transmissão

Ocorre de forma direta, por meio de secreções nasofaríngeas expelidas ao tossir, espirrar, falar ou respirar. Por isso, a elevada contagiosidade da doença. Também tem sido descrito o contágio por dispersão de aerossóis com partículas virais no ar, em ambientes fechados, como escolas, creches e clínicas.

A transmissão ocorre de quatro a seis dias antes e até quatro dias após o aparecimento do exantema. O período de maior transmissibilidade ocorre dois dias antes e dois dias após o início do exantema. O vírus vacinal não é transmissível.

O Sarampo afeta, igualmente, ambos os sexos. A incidência, a evolução clínica e a letalidade são influenciadas pelas condições socioeconômicas, nutricionais, imunitárias e àquelas que favorecem a aglomeração em lugares públicos e em pequenas residências.

Prevenção

A vacinação contra o Sarampo é a única maneira de prevenir a doença. O esquema vacinal vigente é de uma dose da vacina tríplice viral aos 12 meses de idade e a segunda dose da vacina tetra viral aos 15 meses de idade.

Veja Calendário Nacional de Vacinação

Os casos suspeitos de sarampo, gestantes, < 6 meses de idade, imunocomprometidos não devem receber a vacina. A gestante deve esperar para serem vacinadas após o parto. Caso esteja planejando engravidar, assegure-se que você está protegido. Um exame de sangue pode dizer se você já está imune à doença. Se não estiver, deve ser vacinada antes da gravidez. Espere pelo menos quatro semanas antes de engravidar.

Tratamento

Não existe tratamento específico para o Sarampo. É recomendável a administração da vitamina A em crianças acometidas pela doença, a fim de reduzir a ocorrência de casos graves e fatais. O tratamento profilático com antibiótico é contraindicado.

Para os casos sem complicação, manter a hidratação, o suporte nutricional e diminuir a hipertermia. Muitas crianças necessitam de quatro a oito semanas para recuperar o estado nutricional que apresentavam antes do Sarampo. Complicações como diarreia, pneumonia e otite média devem ser tratadas de acordo com normas e procedimentos estabelecidos pelo Ministério da Saúde.

*Com informações do Ministério da Saúde e da Secretaria de Estado da Saúde

 

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