
Aos nove anos, Zeca perdeu a mãe e com 13 anos saiu de casa “entrando para um mundo que não deseja a ninguém”. Decidiu largar o crack – droga que mais consumia -, por livre e espontânea vontade. “Às vezes me dava vontade de chutar o pau da barraca e de fumar, mas eu me agarrava à palavra de Deus”, explica ele sobre sua permanência na instituição.
“O objetivo do projeto é proporcionar a ex–presidiários e dependentes químicos uma reabilitação que não encontramos nos presídios nem em clínica tradicional de reabilitação”, explica Lima, ao ver a recuperação das pessoas que passaram pelo local e largaram as drogas. Brain Ferndinando Gondoufi, de 16 anos, que era usuário de droga e teve algumas passagens pela polícia, foi levado para a ONG pelo Conselho Tutelar e ficaria apenas um dia. “O conselheiro disse que no dia seguinte alguém da família buscaria o menino”, comenta Lima, o que de fato não aconteceu. “Passou um, dois, três dias e ninguém vinha buscar Brain”. Com o tempo, Brain passou a gostar do local e pediu para Lima se poderia ficar ali. Para que o menino pudesse ficar, ele teria que ser adotado e foi exatamente isso o que aconteceu. A família de Brain era envolvida com droga. Muito cedo, ele perdeu a mãe e foi morar com a vó. O pai e os irmãos são usuários de droga. “Sinto saudades dos meus irmãos, mas não adianta força-los a vir”, comenta ele. “Eu quis uma mudança de vida e não fumo há um ano”, acrescenta. Na ONG, além de se ‘aproximarem’ de Deus, todos têm responsabilidades, como cuidar da horta, fazer almoço, manter a estrutura limpa, etc... Às terças-feiras, acontece o dia da fisioterapia e a noite pilates, mas a ideia é implantar atividade todos os dias da semana. “Estamos em busca de professores voluntários de jiu jitsu para ocupar o espaço que é grande, e outros profissionais como manicures, pedicures”, comenta Lima.