A incerteza quando ao futuro do país é enorme. Os próximos dias estão sob suspense. Mas pior do que a crise política é a soma dela com a paralisação da agenda de reformas que vinha se desenhando. Independente de quem continuar ou assumir o poder, o Brasil precisa se modernizar. A reforma trabalhista e a previdenciária – mesmo que com mudanças – são necessárias para colocar o Brasil nos trilhos do desenvolvimento. Sem essas mudanças, o Brasil estará condenado a ser um país mais pobre, com menos futuro. A não aprovação das reformas significa mais uma temporada de recessão, baixos investimentos e aumento do desemprego.
A reforma, especialmente a previdenciária, é polêmica e até dolorosa para milhões de brasileiros que acreditavam poder se aposentar mais cedo, entretanto, é preciso lembrar que, enquanto muitos se preocupam compreensivelmente em se aposentar mais jovens, outros querem apenas saber como vão sobreviver até o fim do mês sem salário, sem renda. É essa realidade enfrentada por 14 milhões de desempregados atualmente no país. A reforma carece de mudanças para ser realmente justa, é verdade, mas ela é necessária para criar um horizonte mais positivo.
O fato é que os ajustes são controversos, mas são também necessários, independentemente do governo. Se a mudança na Previdência demorar, será mais difícil fazê-la. Com ou sem troca de governo, o problema continuará afetando as contas públicas. As pessoas estão vivendo mais. O ritmo de crescimento da população com 60 anos ou mais é de 3,5% ao ano, enquanto no geral o número de brasileiros avança 1,5% ao ano. A agenda de reformas precisa continuar.
Como tem se provado nos últimos anos, sem confiança não há investimento e não há emprego. A corrupção tem que ser combatida duramente e os corruptos afastados independente das cores partidárias, porém, é também essencial se concentrar na construção de um futuro melhor e mais consistente para o Brasil. As próximas gerações dependem disso.