Adoção: mesmo durante a pandemia, trio de irmãos encontra nova família na Comarca de Içara

Por: OCP News Criciúma

26/05/2021 - 20:05 - Atualizada em: 26/05/2021 - 20:49

“Chegou a hora de ter a minha família”. É como define Milene Possamai Nunes sobre o momento em que decidiu iniciar o processo de habilitação para adoção junto com o marido, Geovane Studzinski Cardoso.

O processo, iniciado há dois anos, resultou hoje em uma família com três filhos. “Do nada a casa estava cheia, era tudo novo, mas sempre quis uma família grande”, explica ela ao descrever como foi receber os adolescentes de 14, 15 e 16 anos. O trio de irmãos estava em regime de acolhimento familiar na Comarca de Içara, também há dois anos.

Segundo Milene, desde o começo do processo havia conversado com seu esposo sobre adotarem um grupo de até cinco irmãos e com perfil aberto, pois em sua opinião, mesmo tendo este direito, não achava certo escolher os futuros filhos pelas características físicas ou idade.

“Muitos questionaram por que não adotamos um bebê. Disseram que éramos loucos. Mas eu queria crianças maiores ou adolescentes e nunca me vi mãe de uma criança tão pequena”.

Para ela, a sinceridade do adotante é o mais importante nesse momento, já que alguns colocam poucas características quando informam o perfil da criança a ser adotada, ou um perfil aberto, mas têm outras expectativas sobre a criança ou adolescente.

“Explico para eles que foram adotados e são meus filhos. Tenho muito orgulho deles e através deles sou mãe”, relata, ao lembrar que construiu em sua casa uma bancada com cinco lugares sem saber que essa seria sua nova formação familiar.

Milene teve uma experiência ruim na infância, por ter sido adotada e posteriormente abandonada, e explica que não foi isso que a fez optar pela adoção, mas sabia que na sua vez faria diferente. Após duas perdas gestacionais, passou por um período necessário de luto e depois voltou ao sonho de aumentar a família. “É muito bom chegar em casa”.

O diálogo é um dos segredos que a nova mãe atribui aos laços já construídos com os filhos.

“Converso muito com eles, sobre tudo. Eu procuro fazer o melhor, ensinar, gosto de sentar e conversar, pois sei o quanto é ruim ser adotada e depois abandonada”.

Milene destaca que a convivência é muito importante para a criança se sentir incluída e minimizar o medo da devolução. Ela afirma que hoje há muito mais informação e apoio, no Judiciário e em grupos de apoio, que são importantes para a troca de experiências.

Sobre seus filhos, relata que às vezes se pega olhando para eles por longos momentos e, quando questionada por um deles, responde: “Estou só admirando”.

As memórias agora são novas, como a primeira semana com todos em casa, o primeiro passeio em família, a primeira vez que foi chamada de mãe e as primeiras conquistas que têm grandes significados. “Quando um dos meus filhos aprendeu a fritar um ovo, fiquei tão feliz. São esses detalhes, pequenas vitórias, que dão uma sensação muito boa”. Uma euforia já descrita por ela como “coisa de mãe”.

Seu conselho para os futuros pretendentes é que procurem conhecer melhor a criança antes de qualquer julgamento e não façam um perfil tão restritivo das crianças e adolescentes, estando de coração aberto para esse processo.

“É importante saber ver a criança, respeitar os traumas, mas ver o lado bom e não só o lado de quem é adotante”.

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