“A vacina é uma esperança a mais, não o fim da pandemia”

Secretário André Motta Ribeiro deu entrevista no aeroporto de Florianópolis | Foto Julio Cavalheiro/Secom

Por: Ewaldo Willerding Neto

25/01/2021 - 10:01 - Atualizada em: 25/01/2021 - 10:41

O Secretário de Saúde de Santa Catarina, André Motta Ribeiro, está esperançoso com a chegada de mais doses de vacina contra a Covid-19 para o estado, mas, ao mesmo tempo, como todo médico, reserva uma dose de cuidado diante do enfrentamento de uma pandemia jamais vista.
À frente da pasta mais sensível do Governo do Estado e com a responsabilidade de quem comanda todo o processo de combate ao coronavírus, esse gaúcho de Cachoeira do Sul e formado pela Universidade Federal de Santa Maria, servidor de carreira da secretaria, sabe que há um longo caminho pela frente.
Para ele, a vacina é apenas uma arma dentro desta guerra que já dura mais de um ano, mas que ainda exige de todos a obediência às regras sanitárias, como o distanciamento social e higienização constante para evitar a propagação do vírus.
Neste domingo, 24, chuvoso, logo após receber a carga de cerca de 47,5 mil vacina de Oxford, Motta Ribeiro atendeu a coluna Pelo Estado no Aeroporto Internacional de Florianópolis e falou sobre os desafios e os cuidados que todo o catarinense ainda deve ter.

 

 

Pelo Estado – O que representa a chegada de mais essa carga com cerca de 47 mil doses da vacina Oxford/Astrazenica para Santa Catarina?
André Motta Ribeiro –
Hoje é mais um dia muito importante dentro de nossa organização para enfrentamento desta pandemia. A chegada desses lotes da vacina Oxford/Astrazenica representa uma esperança a mais, mas ela apenas faz parte do enfrentamento. Ela é uma arma a mais e não a solução para a pandemia. Isto tem que ficar bem claro para todos.

Pelo Estado – Qual o próximo passo agora depois do desembarque das vacinas no Aeroporto Internacional de Florianópolis?
André Motta Ribeiro –
O carregamento sai daqui do aeroporto e é encaminhado ao almoxarifado da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive), em São José, na Grande Florianópolis. Lá elas são catalogadas e divididas conforme a demanda de cada município e a partir desta segunda-feira, 24, deve seguir para todos os municípios catarinense, como foi na etapa anterior, com a CoronaVac.

Pelo Estado – E a logística de distribuição já está pronta, qual será o critério para a vacinação da população catarinense?

André Motta Ribeiro – A logística está pronta há várias semanas, realizada pela Secretaria de Estado da Saúde e o critério é o mesmo, a fase 1 que ainda não foi completada. Vamos seguir na imunização dos trabalhadores da saúde, idosos acima de 75 anos, pessoas com mais de 60 anos que moram em instituições de longa permanência e a população indígena. Vamos usar caminhão para fazer a distribuição por terra e, se o teto permitir, vamos usar avião como foi feito com as primeiras doses da CoronaVac.

Pelo Estado – Como será a aplicação dessas doses, serão divididas como aconteceu com a CoronaVac ou serão aplicadas de uma só vez?
André Motta Ribeiro –
As doses da vacina Oxford/Astrazenica devem ser aplicadas de uma vez só, até porque a segunda dose deve ser feita em até em 120 dias. Mas estamos esperando uma garantia documentada por parte da Anvisa para asseguramos o recebimento de novas doses

Pelo Estado – Mas novas doses deverão vir para Santa Catarina em breve?
André Motta Ribeiro –
As notícias são que virão para Santa Catarina na próxima semana em torno de 100 a 120 mil doses, mas ainda dependemos da disponibilidade do próprio laboratório.

Pelo Estado – Estas quantidades são suficientes para atender o primeiro grupo?
André Motta Ribeiro –
Estas quantidades ainda não são suficientes para concluirmos a primeira fase, nós estaremos recebendo ainda na próxima semana um quantitativo da Coronavac e esperamos que com essas três remessas a gente consiga atender a meta da primeira fase.

Pelo Estado – E qual é a meta da primeira fase de vacinação da população catarinense?
André Motta Ribeiro – A meta da primeira fase no estado é de 430 mil pessoas.

Pelo Estado – Em quanto tempo o senhor imagina que levará para atingir a meta de vacinar o primeiro grupo prioritário?
André Motta Ribeiro –
Esta é uma resposta que iremos buscar em Brasília. Na próxima semana teremos reunião do Conselho de Secretário de Saúde (Conass) e tentaremos buscar uma resposta para saber enquanto tempo levaremos para atingir a meta da primeira fase.

Pelo Estado – O senhor tem alguma perspectiva de que teremos uma produção maior dessas vacinas?
André Motta Ribeiro –
As notícias, ainda não confirmadas, é de que em março teremos uma produção significativa da Oxford/Astrazenica e aí nós iremos avançar para as demais fases.

Pelo Estado – E como fica a vacinação dos profissionais de Saúde?
André Motta Ribeiro –
A expectativa é atender todos os profissionais de saúde, principalmente os da linha de frente. Essa é a nossa perspectiva. A chegada das vacinas é mais uma esperança no combate à pandemia, lembrando a todos que a pandemia continua e não é a chegada das vacinas que nos autoriza a diminuir o nosso enfrentamento.

Pelo Estado – Então é necessário manter a obediência às regras sanitárias?
André Motta Ribeiro –
Temos que seguir as regras sanitárias claras, manter distanciamento, isso é fundamental. A vacina é um passo a mais nesse enfrentamento que já está demorando quase um ano, sofrido para as pessoas, mas temos que permanecer na posição que nós estamos.

Pelo Estado – O senhor sabe se todas as doses da CoronaVac já acabaram no Brasil?

André Motta Ribeiro – Não sabemos ainda se todas as doses da CoronaVac acabaram, esse é um número que quem tem é o governo federal. Quando o Brasil vacina ao mesmo tempo, e são milhares de pessoas vacinando, temos uma dificuldade de quantificar os dados. Nós temos um levantamento estadual e os municípios estão se manifestando. A grande maioria ainda está vacinando, mas imaginamos que aqui em Santa Catarina essas primeiras doses da CoronaVac irão acabar em breve. A ordem é vacinar imediatamente.

Pelo Estado – Deixando a questão da vacina de lado, como esta questão dos cilindros de oxigênio em Santa Catarina? Corremos o risco de viver o mesmo drama que estamos vendo em Manaus?
André Motta Ribeiro –
Desde o início Santa Catarina tem se colocado como referência para o Brasil na organização dos acessos da população, de logística, treinamento de equipes e estruturação de serviços. Nós estamos preparados desde o início deste enfrentamento, em março e abril de 2020, apesar de toda a confusão que é fazer uma gestão de uma crise que ninguém conhecia.

Pelo Estado – Mas Santa Catarina tem estoque suficiente?
André Motta Ribeiro – Santa Catarina tem estoque suficiente para sua população por muito tempo. Estamos atentos, todos os dias a gente verifica, reconta, recalcula e se necessário vai atrás de aquisições

Pelo Estado – Para finalizar, o senhor consegue imaginar uma data em que toda a população catarinense esteja definitivamente imunizada?
André Motta Ribeiro –
Eu gostaria de imaginar essa data, infelizmente não depende do estado de Santa Catarina, depende do ente federal. Depende do comércio internacional, dos grandes players do mercado de vacinação. Eu gostaria muito de que todos nós estivéssemos vacinados no primeiro semestre, mas não depende só de nós.

 

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