A realidade de quem usa a bicicleta para trabalho e lazer em Jaraguá do Sul

Por: Gustavo Luzzani

01/10/2019 - 05:10 - Atualizada em: 03/10/2019 - 17:51

Não tem hora para subir na bicicleta e percorrer as ruas de Jaraguá do Sul. Seja de manhã, de tarde ou à noite, é comum encontrar ciclistas transitando pelas ciclovias e ciclofaixas da cidade, seja para ir à escola, trabalho ou apenas como forma de exercício e passeio.

Jaraguá do Sul terminou 2018 com uma malha cicloviária de mais de 63 quilômetros. No ano passado foram construídos seis quilômetros nos bairros Rau e Três Rios do Sul e outros 2,2 quilômetros na Vila Lenzi.

Este ano, a cidade recebeu uma ciclofaixa no bairro Vila Lenzi e uma ciclovia no Parque Linear Via Verde. Atualmente, os bairros João Pessoa e Barra do Rio Cerro estão recebendo mais de 10 quilômetros de ciclofaixas. Com isso, Jaraguá do Sul deve terminar 2019 com uma malha cicloviária de 76,1 quilômetros ou seja, um aumento de pouco mais de 20%.

Malha cicloviária em 2019

  • Rua Maria Umbelina da Silva, na Vila Lenzi – 530 metros de ciclofaixa construídos
  • Ciclovia e caminhada no Parque Linear Via Verde – 750 metros construídos;;
  • Rua Manoel Francisco da Costa, no João Pessoa – 5,8 km de ciclofaixa em construção;
  • Rua Bertha Weege, na Barra do Rio Cerro – 5,4 km de ciclofaixa em construção;
    Total: 12,4 quilômetros.

Melhor opção de transporte

Há cerca de três anos, o montador de motores Elias de Oliveira Azevedo, de 40 anos, fez uma escolha que não se arrepende: vendeu sua moto e passou a ir ao trabalho de bicicleta. Todos os dias, ele sai do bairro Czerniewicz e vai até o bairro Vila Lalau, cortando a cidade pelas ciclovias e ciclofaixas.

“Eu economizo 6% do salário indo de bicicleta ao trabalho. É um ganho no bolso e na saúde. O principal problema são os cruzamentos, mas agora eles estão pintando de vermelho e sinalizando bem, o que deixa mais seguro”, enfatiza Elias.

Elias relata que durante seu trajeto ele precisa passar por alguns buracos, mas afirma que no geral a malha cicloviária do município é boa. Segundo ele, muitas pessoas não vão para o trabalho de bicicleta por causa do perigo da parte final do trajeto da Ciclovia do Trabalhador, que termina perto de um cruzamento entre a ferrovia e uma rua movimentada na Vila Lalau.

Elias diz que economiza 6% por ir de bicicleta ao trabalho | Foto Eduardo Montecino/OCP News

Quando não chove em Jaraguá do Sul, operador de montagem Domicio José Bispo de Matos, de 57 anos, já tem seu veículo definido para ir ao trabalho: “a magrela vira minha companheira”, diz. Pensando na saúde, o operador de montagem também costuma andar de bicicleta para lazer nos fins de semana.

Domicio lamenta que alguns motoristas não respeitam os ciclistas, que, na sua visão, também precisam ter mais consciência ao pedalar.

“É mais fácil deixar o veículo passar do que frear bruscamente. Acredito que a educação vem da gente [ciclista]. Se acontecer algo, quem se machuca é o ciclista e o pedestre, estamos mais vulneráveis”, avalia.

Domicio lamenta a postura de alguns ciclistas e motoristas | Foto Eduardo Montecino/OCP News

Bicicletas em rodovias

Muitas pessoas costumam andar de bicicleta no limite de Jaraguá do Sul com Guaramirim, mesmo com o grande fluxo de carros que passam na BR-280. O Código de Trânsito Brasileiro (CTB), prevê a circulação de bicicletas em rodovias, desde que seja pista dupla e haja acostamento ou faixas de rolamento próprias.

Como a rodovia que corta a região não é duplicada, os ciclistas de acordo com o CTB, devem utilizar os acostamentos ou, quando não houver ou não for possível a utilização, as bordas da pista, no mesmo sentido de circulação do trânsito e sendo que as bicicletas têm a preferência.

Bicicletas acompanham o trânsito intenso da BR-280 | Foto Eduardo Montecino/OCP News

O garçom Natan Moreira, de 19 anos, destaca que é perigoso andar pelo trecho da BR-280, principalmente quando é necessário atravessar a rodovia. Porém, ele acredita que a malha cicloviária de Jaraguá do Sul é boa.

“Eu vim de Joaçaba há três meses e lá não tinha muitas ciclovias e ciclofaixas”, lembra.

Aos 62 anos, o aposentado Nelson Kasprisen sempre utiliza a “magrela” no seu dia a dia, seja para ir ao supermercado, no banco ou visitar algum amigo. Ele comenta que os ciclistas que andam perto de uma rodovia, como ele, estão mais vulneráveis.

“É perigoso andar em rodovias, com os veículos pesados passando perto de você. Mas o importante é que os motoristas estão respeitando os ciclistas e pedestres”, destaca.

Educação no trânsito

Segundo o ciclista Guilhermino Zapelini Junior, também ex-presidente do Grupo Bike Anjo em Jaraguá do Sul, destaca alguns pontos importantes para andar com a “magrela”:

  • Não andar na contramão;
  • Se possível, evitar andar em calçadas;
  • Utilizar capacete e luvas;
  • Colocar luzes na dianteira e traseira da bicicleta;
  • Andar com prudência e consciência.

Junior diz que quando um ciclista estiver na calçada, automaticamente ele vira um pedestre, por isso, ele aconselha a descer da bicicleta e empurrá-la. Ele também ressalta a importância de andar do lado correto da via. “No meu ponto de vista, andar na contramão é quase um suicídio. Se houver uma batida, o impacto será muito maior para o ciclista”, explica.

Junior pontua cuidados que um ciclista deve ter | Foto Eduardo Montecino/OCP News

Segundo o ciclista, equipamentos de segurança são essenciais. Ele afirma que um conjunto de luzes, vermelha na traseira e branca na dianteira, custam aproximadamente R$ 15. Como alguns lugares de Jaraguá do Sul não têm iluminação, Junior enfatiza que se uma bicicleta estiver com luz já evita um acidente.

“Se tiver como utilizar, usem um capacete, pois se acontecer um acidente, este equipamento realmente protege e salva vidas”, enfatiza.

Junior completa observando que as autoescolas falam pouco de como os motoristas devem se comportar perante os ciclistas e que os empresários poderiam promover palestras em benefício de seus trabalhadores que utilizam a bicicleta como meio de transporte.

Projetos para o futuro

Quando se fala em projetos para a malha cicloviária de Jaraguá do Sul, logo vem na cabeça dos moradores a Ciclovia do Trabalhador. O objetivo do projeto é ligar o bairro Nereu Ramos à WEG II, no bairro Centenário. Serão mais 10,1 quilômetros de ciclovia projetada e outros 5,8 quilômetros restaurados. Segundo o Instituto Jourdan, o investimento previsto é de R$ 8,4 milhões.

O projeto está atualmente com a empresa Rumo Logística, para análise. A Prefeitura precisa da autorização da empresa para construir a ciclovia paralela à ferrovia dentro do atual limite de 15 metros, algo que está emperrando o início da construção.

Além da Ciclovia do Trabalhador, o diretor de Trânsito e Transportes de Jaraguá do Sul Gildo Martins de Andrade Filho, destaca que a Prefeitura tem outros 35,2 quilômetros de ciclofaixas projetadas para o município, algumas com estudo já concluído.

 

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