Durante o mês de julho, 25 pessoas vão ilustrar a campanha “Temos 25 motivos para sorrir”, que o Grupo Breithaupt está desenvolvendo em parceria com a Rede OCP News e a 105 FM. O objetivo da série é contar as histórias de pessoas que compartilham o mesmo dia de aniversário com Jaraguá do Sul: 25 de julho. Confira!
Voluntária em educação ambiental há 20 anos, a paranaense Elza Nishimura Woehl acredita que quem gosta da natureza nunca vai ser arrogante, pois esta é singela, é simples.
Prestes a completar 59 anos, ela se dedica ao Instituto Rã-bugio para Conservação da Biodiversidade, ONG que fundou junto ao marido, o físico Germano Woehl Junior, com sede em Jaraguá do Sul.
Casados desde 1983, eles não tiveram filhos, mas geraram um sonho que, ao se tornar realidade, deixou a família muito maior.
Além das várias espécies que habitam a reserva ambiental, em Guaramirim, onde Elza mora, diversas gerações passaram pela “casa” dos Woehl para adquirir conhecimentos e levar um pouco da natureza consigo.
Essa história teve início na década de 1990, quando ainda moravam em São Paulo. Ambos vinham sempre à região nas férias e resolveram adquirir algumas terras, optando por comprar um pedaço de floresta.
A voluntária conta que ambos viam muita destruição e que o companheiro, então, propôs que fizessem sua parte pela preservação ambiental.

Os fundadores do Instituto Rã-bugio para Conservação da Biodiversidade, Germano e Elza Woehl | Foto Arquivo Pessoal
Woehl optou pela compra de um fragmento de Mata Atlântica e o destino levou o casal a Guaramirim, onde Elza se estabeleceu e vive até hoje. Encantados com o banhado e os anfíbios do local, passaram a estudar os ecossistemas.
Ela conta que o físico sempre gostou de sapos e cobras, espécies que grande parte das pessoas prefere manter distantes.
Pequena motivadora
Na área adquirida, a casa precisava de reparos e, enquanto isso, a pesquisadora se estabeleceu no Centro de Guaramirim. Certo dia, uma perereca apareceu no imóvel alugado e passou a morar na cozinha.
Até então, a voluntária não tinha muitos conhecimentos sobre esses animais. Com a convivência, acabou se apaixonando pelo bichinho.
Quando finalmente foi morar na área onde fundou a reserva ambiental, levou a perereca dentro de uma bromélia – planta muito utilizada para esconderijo – para o novo lar. “Pili”, apelido que deu para a pequena, foi a motivadora do trabalho até hoje realizado.
“Percebemos, aos poucos, que não era só comprar uma mata e achar que a gente já fez a nossa parte, porque só um fragmento de floresta não vai resolver o problema. Aí que veio essa parte de educação ambiental”, ressalta.

Cartilha criada com base nas pesquisas desenvolvidas pelo casal | Foto Eduardo Montecino/OCP News
O físico passou, então, a catalogar as espécies de rã que ocorrem na região. Só em Guaramirim, no pedaço de terra da reserva e adjacências, são mais de 40 espécies.
Com recursos próprios, Woehl fez todo o material para uma exposição e apresentou o trabalho em São José dos Campos (SP). Depois, Elza levou-o a todas as unidades de ensino de Guaramirim.
O casal estudou e pesquisou muito sobre o tema e passou a levar o conhecimento a escolas, ao mesmo tempo que estruturou melhor a reserva para oferecer trilhas aos alunos.
Na época, o carro-chefe eram os anfíbios e o objetivo era fazer com que as crianças perdessem o medo e passassem a respeitá-los. A exposição itinerante passou por todas as cidades do estado.
“Ensinamos as crianças a respeitar esses animais – pois são seres vivos que sentem dor, medo, fome”, enfatiza.
Com projetos aprovados, inclusive com apoio suíço, em 2003 foi fundado o Instituto Rã-bugio. Dois anos depois, o escritório da ONG passou a funcionar em Jaraguá do Sul, onde permanece até hoje.
Medo dos anfíbios
Aos poucos, a iniciativa se expandiu, chegando a Schroeder, Massaranduba, Joinville, Corupá, São João do Itaperiú e outras cidades. Quase 70 mil estudantes já participaram das trilhas, sem contar os professores que foram capacitados.
Nas trilhas, diversos animais podem ser encontrados, como pererecas, cobras e passarinhos. Em décadas de trabalho, Elza acredita que fez cerca de 40 mil pessoas perderem o medo dos anfíbios. Ela explica que o trauma em relação a esses animais costuma surgir em casa, na família.
“O trauma pior ocorre quando alguém não tem medo e é assustado por outra pessoa, que vem e atira uma perereca, coloca na roupa. Na reserva, a gente coloca a pererequinha filomedusa, que é bem dócil, na mão da criança, e vai desmistificando e fazendo um trabalho bem didático”, diz.

Nas trilhas, alunos vão perdendo o medo dos anfíbios e passam a respeitar seu habitat | Foto Arquivo/Instituto Rã-bugio
Para o futuro, o casal busca sucessores, pois a ONG requer muito trabalho na conquista de recursos. A voluntária afirma que é mantida pelo marido, pois seus ganhos com o instituto não são financeiros.
“A gente ama isso aqui, é a nossa vida. Sou uma pessoa muito feliz e tenho uma coisa que todo mundo quer: saúde”, diz.
Praticante de atividade física regular – ela corre todos os dias, a partir das 4h30, por cerca de 4 a 6 quilômetros –, Elza também cuida da alimentação, mas acredita que a juventude está na cabeça, nos sentimentos.
Seu desejo é que as pessoas passem a apreciar mais a natureza local, mas que não a vejam apenas como algo para descarregar o estresse e, sim, criem uma conexão verdadeira.
“Converse com a natureza, ela vai te dar muita coisa positiva e, aqui, o jaraguaense tem esse privilégio. Todo lugar que você anda tem natureza abundante”, conclui.
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