Um dos maiores ídolos da história do futebol brasileiro, Ronaldo anunciou nesta quarta-feira (12) que desistiu da candidatura para ser presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
Em publicação nas redes sociais, o ex-atacante revelou ter recebido negativa de reunião de 23 das 27 federações nacionais de futebol. Vale ressaltar que um candidato precisa do apoio de ao menos quatro federações estaduais, além de outros quatro clubes, para conseguir registrar sua candidatura.
“No meu primeiro contato com as 27 filiadas, encontrei 23 portas fechadas. As federações se recusaram a me receber em suas casas, sob o argumento de satisfação com a atual gestão e apoio à reeleição. Não pude apresentar meu projeto, levar minhas ideias e ouvi-las como gostaria. Não houve qualquer abertura para o diálogo. O estatuto concede às federações o voto de maior peso e, portanto, fica claro que não há como concorrer. A maior parte das lideranças estaduais apoia o presidente em exercício, é direito deles e eu respeito, independentemente das minhas convicções”, escreveu.
A Federação Paulista foi a única que recebeu o Fenômeno para reunião. Já Amapá, Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro não responderam seu contato, enquanto as demais mostraram apoio ao atual presidente Ednaldo Rodrigues.
Com isso, o mandatário deve permanecer no cargo após o fim do mandato vigente, que vai até março de 2026.
“Quando falo que é vivendo e aprendendo na indústria do futebol, para mim, é muito louco não ter visto tanta coisa errada lá atrás. O sistema hoje da CBF é feito para quem está lá sentado na cadeira se perpetuar, a situação sempre conseguir a reeleição. Dificultando qualquer candidatura, qualquer chapa de ser criada. Nunca tivemos uma eleição com dois candidatos na CBF, sempre houve uma articulação para impedir outra chapa”, disse Ronaldo em entrevista à ESPN no mês passado.
“Eu comecei a articular em novembro, final de outubro (de 2024), visualizando essa possibilidade de chegar à presidência da CBF. Comecei a planejar, conversar com pessoas, para entender realmente o sistema que existe hoje. Digo que é difícil porque o sistema é feito para se perpetuarem. Preciso de quatro apoios, de federações e clubes, para inscrever minha chapa, mas não tem um processo eleitoral claro, transparente. Isso dificulta cada vez mais a oposição. O processo fica muito direcionado para quem está na cadeira”.
“Tenho conversado com presidentes de federações, com presidentes de clubes, me articulado. Mas hoje o grande problema é que as federações são dependentes dos benefícios financeiros que a CBF dá, e uma vez que esses benefícios param de chegar, a federação corre risco de fechar, porque não tem como sobreviver, criar novos recursos. É uma espécie inclusive de terrorismo… Percebi que dificilmente vai ter alguém declarando voto para mim nesse período pré-eleitoral, porque eles sabem que, quem está na cadeira, pode usar o benefício para forçá-lo a votar no presidente. Poucas federações vão conseguir sobreviver sem o benefício da CBF, é uma articulação complicada”.
“Preciso convencer que o meu projeto é um projeto revolucionário, eles podem ter certeza absoluta que vou fazer com que os estaduais melhorem, com que as federações arrecadem mais. Tudo o que a gente vê que não está dando certo, arbitragem, calendário, eu tenho um plano para melhorar tudo isso. Minha vontade é de ficar quatro anos, resolver os principais problemas do futebol brasileiro, desde a sua base… Temos muita coisa, uma agenda difícil de enfrentar, mas estamos animados para esse desafio. Vamos trabalhar para convencer federações e clubes que temos um projeto vencedor. E não temos alternativa. Se a gente for analisar bem os últimos anos do mandato do Ednaldo, e projetar isso mais quatro anos, eu não sei aonde o futebol brasileiro vai parar”.