O atleta de futsal, Daniel Rosa, que estava em Kherson, cidade ucraniana dominada por russos, conseguiu deixar o país neste domingo (27) após 32 dias de guerra.
Junto com um brasileiro e companheiro de time, além de uma tradutora ucraniana, o jaraguaense saiu do município em que residia de carro por um ‘caminho escondido’.
De lá, pegaram uma van e percorreram 200km até Odessa, cidade ao sudoeste da Ucrânia, onde uma amiga da tradutora os levou a fronteira com a Moldávia.
Com ajuda da embaixada brasileira, o grupo se deslocou até Chisinau, capital da Moldávia, e ficaram por um tempo em um hotel até seguirem viagem de trem para Bucareste, capital da Romênia.
O consulado brasileiro no país hospedará Daniel e o restante em um hotel, antes de voltarem ao Brasil. O embarque está marcado para terça-feira (29), com chegada em Curitiba para manhã do dia seguinte.
“Deixo meu agradecimento especial ao pessoal do consulado da Ucrânia, da Romênia, ao pessoal da Fifa, da Frente Brazuka e ao Eduardo Goldstein (mediador das passagens ao Brasil), que estiveram em contato com nós o tempo todo e nos deram todo o suporte possível para sairmos da Ucrânia”, disse.
Apreensão no caminho e tristeza pelos que ficaram
O jogador e os demais companheiros de viagem encararam uma verdadeira saga para deixar o país.
Na primeira tentativa, eles tentaram sair de Kherson pelo trajeto comum. No caminho, passaram por dois bloqueios russos e tiveram todo veículo e pertences pessoais revistados.
Em meio aos conflitos no momento da fuga, os russos relataram o perigo de seguir viagem e orientaram o grupo a voltar.
Desta forma, optaram por um ‘caminho escondido’ e mais perigoso, conforme relatou o jaraguaense.
“Passamos pelos campos que estavam tendo conflito e minas, coisa de filme. Isso de Kherson até Nicolaev, que tem uma distância como se fosse de Jaraguá do Sul a Joinville. A partir daí só passamos por muitos bloqueios ucranianos, mas aí era mais tranquilo. Graças a Deus, deu tudo certo”, contou.
Apesar do alívio em conseguir deixar o país em guerra e estar prestes a voltar ao Brasil, Daniel Rosa falou do sentimento de tristeza pelo atual cenário da Ucrânia e de toda sua população.
“O sentimento continua sendo o pior possível. Nós sabíamos que, quando desse, colocaríamos as coisas na mala e sairíamos. Mas é muito triste tudo o que vimos, saber de tantas pessoas que perderam casa, que não sabem quando vão poder trabalhar de novo. É um país que criei um carinho imenso, o clube que eu jogava (Mfc Prodexim) era incrível. É muito triste não saber qual será o seu futuro. Nós saímos, estou feliz com isso, mas o pior são os amigos e pessoas que estão lá sem saber o dia de amanhã”, declarou.
História no futsal
Cria do projeto ‘Futsal Menor’, do Colégio Evangélico Jaraguá, Daniel fez toda base no Jaraguá Futsal e teve duas passagens pelo profissional, sendo a última em 2017.
No Brasil, ainda defendeu o Joinville, Sorocaba e Cometa (RS), enquanto fora do país, vestiu as camisas do Kairat, do Cazaquistão, e Braga, de Portugal, além do Mfc Prodexim, onde está há duas temporadas.