Jaraguaense completa ultramaratona de 160 km entre os cinco melhores colocados

Foto Divulgação

Por: Lucas Pavin

29/10/2018 - 16:10 - Atualizada em: 29/10/2018 - 16:38

Muita chuva, trilhas encharcadas, montanhas e praias. Esse foi o cenário que um jaraguaense encarou na 5ª edição do Indomit Costa Esmeralda, a primeira e única prova de 100 milhas do Brasil, que aconteceu no fim de semana, entre as praias de Bombinhas e Porto Belo.

Mas nem a prova desafiadora com seus mais diversos obstáculos puderam parar Hamilton Kravice. Em seu desafio mais difícil em cinco anos dedicados as corridas, o ultramaratonista da equipe Life Well completou o trajeto em 31h25min e ficou na 5ª colocação geral da categoria, que contou com cerca de 60 competidores.

“A satisfação é imensa e sem palavras para descrever. É gratificante saber tu pode ir além de seus limites sem comprometer a saúde e ainda poder servir de exemplo para que outras pessoas se desafiem e conheçam os seus limites”, disse.

Jaraguaense no pódio após a corrida | Foto: Divulgação

Segundo Kravice, além das dificuldades impostas no Indomit, o emocional também foi posto à prova, fator que quase o fez desistir no meio do caminho.

“Quando estava no km 50, o psicológico começou a tirar meu foco da prova, onde pensava apenas em abandonar. Foi o momento mais tenso, pois ali, poderia ser o fim de um trabalho intenso. Mas com o incentivo da minha equipe e amigos consegui reverter uma situação que até então nunca havia lidado, então o foco voltou para a competição”, relatou.

Com o feito alcançado, Kravice se torna o segundo jaraguaense a completar uma prova de 160 quilômetros. O primeiro foi Kledir Barkemeyer na Ultra Fiord de 2016, uma corrida internacional realizada no extremo sul da Patagônia Chilena.

“Estou orgulhoso em alcançar este feito. Espero que sirva de motivação para quem queira sair do sedentarismo como eu fiz e conquistar algo que venha nos trazer uma melhor qualidade de vida. Obrigado à todos que acreditaram no meu potencial, em especial a minha esposa Mariane e meu professor Lucas”, finalizou.

Relato do corredor sobre a prova

“Dada a largada foquei no que havia planejado para a prova, largar pouco mais lento do que provas mais curtas para poder manter um ritmo confortável, rodado aproximadamente 5 km a prova começou a se desenhar e começamos a abrir distâncias dos demais, estávamos em 6 atletas se alternando nas primeiras posições….

Procurei  aproveitar ao máximo os PHs (Pontos de Hidratação), reabastecendo reservatórios de água e se alimentando com frutas, bolachas, salgados, batatas, enfim, o que estava disponível em cada ponto de parada.

Quando estava no km 50 o psicológico começou a tirar meu foco da prova, onde pensava apenas em abandonar, momento mais tenso pois ali poderia ser o fim de um trabalho intenso e eu não estava ali para isso, busquei forças que recebi e com o incentivo da minha equipe e amigos consegui reverter uma situação que até então nunca havia lidado, então o foco voltou para a competição. Já era noite e a chuva ficou mais intensa o que dificultou ainda mais e passei praticamente a noite toda nas trilhas encharcadas e mata fechada.

O dia começava a clarear e a adrenalina começou a diminuir, então o cansaço e o sono começaram a dar lugar a uma sensação de alívio, mas ainda tinha mais 50km a percorrer e a prova já estava com a altimetria de 4200 de ganho, aí foi hora de começar a administrar a prova, corria, caminhava usando sempre os pontos de parada para descansar um pouco e ganhar fôlego e coragem para continuar.

O sol já estava forte e a prova seguia pela areia o que dificultava ainda mais, pois já chegava próximo do fim da prova e o cansaço e a dor no corpo começou a tomar conta das então longas horas já percorridas.

Seguia a prova muito  cansado mas sempre acreditando que ia conseguir, apesar de toda a dificuldade que havia passado, meu sorriso voltou a se estampar quando passei pelo staff e me falou….”vai la só faltam 2 km”, ali naquele momento começou a passar filme na cabeça de tudo o que havia sido feito para poder estar ali, dos treinamentos e das pessoas que acreditaram em que isso poderia ser possível e eu não poderia decepciona-los. A emoção foi ainda maior ao cruzar a linha de chegada em 5º lugar geral, foi incrível e com a sensação de dever cumprido.”

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