É possível que os times catarinenses incomodem os grandes do Brasil?

Por: OCP News Jaraguá do Sul

13/02/2019 - 00:02 - Atualizada em: 14/02/2019 - 13:49

Na virada de 2018 para 2019, muito se comentou sobre Palmeiras e Flamengo serem completamente dominantes no cenário nacional quando se trata de abrir o bolso. O time paulista, atual campeão brasileiro, montou um elenco numeroso de salários astronômicos. O Fla fez seguidas compras multimilionárias na tentativa de ter retorno esportivo.

E ainda há outras equipes com orçamentos enormes como São Paulo, Cruzeiro, Grêmio, Atlético-MG e a lista continua por muitos nomes até chegar nos times de Santa Catarina. Mas Chapecoense e Avaí, nossos times de Série A, podem incomodar os grandes do Brasil?

E Figueirense e Criciuma, que disputarão a série B em 2019, podem voltar à elite do futebol nacional e incomodar em uma competição como a Copa do Brasil?

Sem abordar tanto os elencos atuais, mas sim algo mais a longo prazo, a resposta é sim, é possível.

Dinheiro até agora não significou domínio

Apesar de ainda tropeçarem, os clubes brasileiros começaram a notar, finalmente o poder de suas marcas e como ter milhões de torcedores apaixonados é muito melhor do que ter clientes satisfeitos, mas que podem trocar de marca de leite a qualquer momento.

E isso obviamente beneficia os clubes de maior torcida e nos maiores mercados. Palmeiras e Flamengo pularam à frente e dificilmente vão ser derrubados, o máximo que dá para fazer é chegar nesse patamar. Corinthians, São Paulo, Cruzeiro não estão longe. Só notar que são esses os líderes em qualquer lista de “quem será o campeão brasileiro” nos sites de apostas esportivas.

Falando dos clubes catarinenses, ainda há como crescer em matéria de orçamento, organização e ações de marketing. Montar times, ano a ano, sem pensar no longo prazo não é uma atitude bem pensada, mesmo quando dá certo. Só observar como o Avaí subiu para a Série A mesmo com salários atrasados, como confidenciou o capitão Betão. Isso não é sustentável.

O interessante pelo menos é que todas essas montanhas de dinheiro não significaram a completa dominância, à la campeonatos europeus, para essas equipes. O Palmeiras, claro, teve sua dose de sucesso. Mas o Flamengo não, perdendo no campeonato carioca para seus rivais e decepcionando no Campeonato Brasileiro e Copa do Brasil. Na Libertadores, também nada de caneco e até eliminações feias para equipes de orçamento modesto, como aconteceu em 2017.

Mesmo assim, brigar com um pensamento conservador não é interessante, já que a diferença técnica sempre vai ser clara e vai precisar o time de maior orçamento tropeçar para os times médios e pequenos aproveitarem. A ideia aqui é virar o jogo.

A inspiração pode vir do beisebol

Na monocultura que existe no Brasil, pensar que outros esportes podem ser de ajuda e referência é muitas vezes encarado como ofensa. Mas pode ser 100% verdade.

Na liga americana de beisebol, um time de orçamento modesto (Oakland Athletics) tinha bons resultados, mas sempre parava no mais rico New York Yankees. Até que seu dirigente resolveu mudar completamente a forma de contratar e analisar o jogo. Saiam de cena palpiteiros, veteranos que pensavam o jogo de forma bastante empírica e contratações feitas aleatoriamente.

Entrava em cena modelos matemáticos, software e cientistas que colocavam em números todo o desempenho dos atletas. Isso gerou uma revolução que ganhou o nome de Moneyball, virando filme com Brad Pitt e tornando-se a forma de contratar dos melhores times do mundo, inclusive, hoje, de futebol.

E engana-se quem acha que isso não dá para fazer em clubes do Brasil. A maioria dos clubes da Série A tem equipes de análise de desempenho, mas ele ainda é restrito a dar informações para o treinador e jogadores. No momento que equipes forem montadas com esses métodos, e só esses métodos – nada de empresários empurrando atletas ou contratação por DVD – o jogo vai virar.

E ai que as equipes médias e pequenas podem brigar com os grandes, já que podem contratar de forma muito mais acertada enquanto os grandes no Brasil pagam salários astronômicos para jogadores que não rendem. Só olhar o elenco do Palmeiras e ver Lucas Lima, Guerra… No Flamengo então, nem se fala.

Ter essa vantagem tecnológica aliada a diretorias com cabeça aberta e planejamentos claros, com trabalho forte em categorias de base – venda de atletas pode ser uma excelente receita -, contratação de treinadores atualizados e a prática de um estilo de jogo é uma bola dentro. Simplesmente não tem como dar errado.

Conclusão

Por mais que o Brasil esteja atrasado em organização e forma de ver o futebol, análise de desempenho e modelos criados para maximizar recursos e ter ideia do que acontece em campo são algo que começa a entrar na nossa realidade. E quem adotar eles de forma inteligente terá uma grande vantagem. E como o beisebol nos mostra, não precisa ser o time grande a fazer isso.

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Publicação da Rede OCP de Comunicação