Congelante: SC já teve partidas de futebol disputadas com muita neve

Foto: Arquivo Placar

Por: Lucas Pavin

19/08/2020 - 18:08 - Atualizada em: 19/08/2020 - 18:15

Uma grande massa de ar polar deve atingir Santa Catarina nos próximos dias, que pode até resultar na formação de neve em diversas regiões do Estado.

O efeito climático chega a ser comum em alguns lugares nessa época do ano, mas no esporte, especificamente em uma partida de futebol é improvável isso acontecer.

Mas poucos sabem, que o inusitado encontro entre futebol e neve já ocorreu por oito vezes no Brasil, sendo três em Santa Catarina.

Foto: Arquivo Folha da Manhã

Mais curioso ainda é que os três jogos em terras catarinenses aconteceram na mesma noite do dia 30 de maio de 1979, envolvendo os confrontos entre Chapecoense x Criciúma, Caçadorense x Palmeiras de Blumenau e Internacional de Lages x Avaí.

As demais partidas sob a neve no país foram realizadas no Rio Grande do Sul, também na década de 70, pelos respectivos Campeonatos Estaduais.

Todas as histórias e detalhes dos bastidores dos jogos estão em um livro escrito pelo arqueólogo esportivo Henrique Sudatti Porto, intitulado de ‘Pé-frio, futebol e neve no Brasil’, que foi lançado recentemente pelo jaraguaense.

Confira abaixo um pouco mais sobre os jogos com registro de nevasca em Santa Catarina:

Chapecoense 3×2 Criciúma – 30/05/1979 – Chapecó (SC)

Com uma temperatura que chegou a dois graus negativos, Chapecoense e Criciúma entraram em campo, no estádio Índio Condá, sob uma forte nevada que não ocorria há uma década no Oeste catarinense.

O frio era tão intenso que o goleiro Jurandir Ascendio da Cunha, do Tigre, jogou com uma meia-calça de baixo do uniforme e jornais enrolados nas pernas como uma segunda pele, além do roupeiro do clube servir café com conhaque para manter os jogadores aquecidos.

Foto: Arquivo O Pioneiro

Apenas 178 torcedores acompanharam a partida, sendo que 30 deles até acenderam uma fogueira na arquibancada descoberta. Apesar do frio, o jogo foi movimentado e terminou com vitória da Chape por 3 a 2.

Se não bastasse a derrota, os jogadores do Criciúma nem puderam tomar banho após o jogo, já que a água congelou pelos canos do estádio e tiveram que improvisar passando pano molhado pelo corpo.

Caçadorense 3×1 Palmeiras – 30/05/1979 – Caçador (SC)

O acúmulo de mais de 10 centímetros de neve sobre o campo e uma temperatura que bateu os três graus negativos não impediu a realização do jogo entre Caçadorense e Palmeiras, de Blumenau, no estádio Doutor Carlos Alberto da Costa Neves.

Assim como em Chapecó, o duelo em Caçador foi agitado, com direito a virada, ameaça de morte ao árbitro no intervalo, substituição de assistente após ser atingido no rosto por uma pedra arremessada por um torcedor e agressão entre jogadores.

Entre tantas polêmicas, os atletas tentavam amenizar o frio com doses de café e conhaque e também não conseguiram tomar banho ao final do jogo, que terminou com vitória por 3 a 1 para a Caçadorense, por conta da água ter congelado nos encanamentos do estádio.

Internacional de Lages 1×1 Avaí – 30/05/1979 – Lages (SC)

Até hoje, não se sabe a temperatura exata na hora do jogo entre Inter de Lages e Avaí, no estádio Vidal Ramos Júnior, mas os veículos de imprensa apontaram entre dois e quatro graus negativos, com uma sensação térmica de -20º.

Pior para o Avaí, que não esperava tanto frio, e levou apenas uniformes de mangas curtas à serra catarinense.

Com isso, os atletas precisaram improvisar, como vestir o agasalho de treino por debaixo do uniforme, calçar luvas, esconder as mãos por dentro da manga do casaco ou revestir o pé com jornal.

Foto: Acervo Pessoal/Adalberto Klüser

Além disso, foi acendido uma fogueira no canto do vestiário e os jogadores das duas equipes tomaram muito conhaque e café.

O placar do jogo, que acabou ficando em segundo plano por conta do frio intenso, terminou em 1 a 1.

Sobre o livro

Foram quatro anos de pesquisa e mais de 10 entrevistas até Henrique Porto publicar o livro ‘Pé-frio, futebol e neve no Brasil’.

O autor pesquisou em arquivos de jornais da época e entrevistou jogadores e torcedores presentes aos estádios para levantar as informações sobre as condições climáticas tão raras e adversas.

Entre eles, até o técnico Felipão que esteve em campo pelo Caxias em dois jogos sob a neve. Os causos completos e com detalhes muito curiosos, que até então eram desconhecidos por muita gente, estão na obra.

Além dos relatos citados, a publicação traz fotos, fichas técnicas das partidas e fichas técnicas de quase todos os atletas que entraram em campo naqueles jogos.

O exemplar está disponível no site da Design Editora (clique aqui), no valor de R$ 60, podendo ser feito em até 12x no cartão.

“É uma obra para todos que gostam de futebol, mas também para aqueles que apreciam boas histórias”, informou o autor.

 

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