Há um ano, contamos a história emocionante de Isabeli Vieira Lourenço, que superou a síndrome de Wolff-Parkinson-White (arritmia cardíaca que causa batimentos acelerados) e após um transplante no coração, deu a volta por cima através do esporte.
Passados dois anos da cirurgia, a moradora de Jaraguá do Sul reviveu suas paixões de infância de lá pra cá e hoje se tornou uma referência na área desportiva, a ponto de estar próxima de disputar o maior evento para transplantados do mundo.
Ao conquistar as medalhas de ouro nas categorias 50m e 100m livre, além dos 50m peito e 50m costas da natação, nos 1° Jogos Brasileiros para Transplantados (Jbtx), em novembro de 2019, em Curitiba (PR), a atleta de 29 anos conquistou vaga para o Mundial.
Assim como a etapa brasileira, a competição internacional, marcada para 2021, em New Jersey, nos Estados Unidos, reunirá os melhores atletas do planeta que um dia lutaram para receber um órgão e utilizaram o esporte como um aliado na recuperação.
“A primeira comemoração não é o pódio, e sim estar vivo e comemorando por meio do esporte. Todos ali viveram atrelado a uma cama de hospital por muito tempo. Poder correr, nadar, sentir o ar entrando nos pulmões e os músculos do corpo contraindo e te levando para atravessar uma piscina, é uma sensação inexplicável”, declarou Isabeli.
A nadadora de Jaraguá do Sul ressalta que a preparação para o Mundial já foi iniciada, mas com cuidados redobrados durante a pandemia do novo coronavírus, já que transplantados tem uma redução da imunidade para que não haja rejeição dos órgãos.
Com essas medidas necessárias, ela treina de quatro a cinco vezes por semana, às 5h, no Acaraí, quando ninguém está na piscina e se sente segura no ambiente.
Além disso, montou uma academia em casa para fazer treinos de bodypump e yoga, cumpre alguns trajetos de corrida na rua, e voltou a surfar e andar de skate com maior frequência desde o ano passado.
“Ainda quero surfar muito. Recomecei com ondas pequenas, e aos poucos estou indo para ondas de um metro. Se possível, quero surfar mais e em ondas maiores. E quero principalmente ter saúde para poder fazer tudo aquilo que eu quiser”, afirmou Isabeli.
Apelo fora do esporte
Se tudo anda como planejado na prática esportiva, fora dela, uma situação vem tirando o sono de Isabeli.
Desde janeiro de 2020, ela não recebe a medicação imunossupressora. Segundo a atleta, o Governo de Santa Catarina não tem atualizado a portaria número 52, que cede o Tacrolimo para transplantados de coração e pulmão.
Ao entrar com um processo em 2019, que levou sete meses para sair uma liminar, a jaraguaense chegou a receber após apelo na mídia, mas em 2020, voltou a ficar sem a medicação, que custa em média R$ 1,2 mil uma caixa, sendo que ela precisa de duas por mês.
“Nem sob ordem judicial o governo cede a medicação. Não sei mais o que fazer. Já pedi o sequestro do valor para tentar comprar, mas nem assim recebo, o processo segue parado”, disse.
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