Há quase 15 anos quatro mulheres se reuniam numa manhã de uma sexta-feira de maio, em um quarto na Maternidade Darcy Vargas, em Joinville. Esta poderia ser mais uma história de grávidas que, por coincidência, dividiram o mesmo quarto de hospital. Poderia, mas as coincidências vão bem mais além. Naquela fria manhã de 18 de maio de 2003, mãe e filha deram à luz, quase ao mesmo tempo, a duas meninas.
O caso, ao que se tem notícia, inédito até então, ganhou repercussão não só em Joinville, mas em toda Santa Catarina. Desde então, o Dia da Mães acabou tendo um valor ainda mais especial para a família que até hoje vive na zona Sul de Joinville. Após 15 anos, às vésperas do Dia das Mães, elas organizam a festa de debutante das filhas, e lembram da experiência única da maternidade coletiva.
Mae, filha, avó, tia, entendeu?
Tá difícil de compreender esta relação? Deixa que OCP News explica para você. A Eliane Cristina Rubi, na época com 35 anos, ficou grávida pela quarta vez em 2002. Uma semana depois, a filha mais velha dela, Daiane Cristine Borba Mello, na época com 19 anos, também descobriu que seria mamãe. “Minha mãe ligou e contou que eu iria ganhar uma irmã”, lembra Daiane. “Fiquei muito feliz. Eu também estava tentando engravidar há algum tempo. Uma semana depois, fiz um teste de gravidez que deu positivo. Foi uma alegria coletiva que contagiou toda a família”, acrescenta.
Apesar de descobrirem que estavam gestantes praticamente juntas, os médicos acreditavam que a gravidez de Eliane era cerca de um mês mais velha do que a de Daiane. “Tudo estava acertado para fazer minha cesárea no dia 18 de maio, às 10 horas. Daiane só iria ganhar a filha dela, minha neta, no final de maio ou começo de junho. Mas no dia 17 de maio, ela começou a passar mal, ter contrações e dilatação. Por isso, Daiane acabou sendo internada naquele dia”, conta Eliane.
Como planejado, Eliane deu à luz a uma linda menina, Heloísa Rubi Gomes, às 10 horas do dia 18 de maio. Ao terminar a cesárea, o médico percebeu que Daiane, a filha mais velha de Eliane e irmã da recém-nascida Heloísa, também tinha entrado em trabalho de parto. E foi assim que, às 11 horas, Beatriz Cristine Mello, filha de Daiane, sobrinha e Heloísa e neta Eliane, veio ao mundo. E as quatro acabaram por dividir o mesmo quarto na maternidade e atrair as atenções de todos.
Filha e neta debutando
A gravidez e criação dos filhos compartilhada aproximou ainda mais Eliane e Daiane. “Logo após o parto ocorreu um dos momentos mais difíceis para mim”, lembra Daiane. “Como eu já era casada há quatro, e não vivíamos na casa da minha mãe, sabia que não teria ela por perto para me ajudar nestes primeiros dias. Até porque, ela estava debilitada também, por conta do seu parto e da chegada de minha irmã caçula. Mas, com a ajuda da família conseguimos passar por esta fase”, recorda.
Depois disso, cada descoberta das crianças era celebrada de forma coletiva. “Conversavamos a todo momento. A Heloísa fazia tal coisa, minha mãe ligava para contar. O mesmo aconteceu quando a Beatriz começou a resmungar, rolar na cama, falar. Assim foi durante todo o crescimento das meninas. É assim até hoje. Nós quatro somos muito ligadas. Eu e minha mãe descobrimos uma nova relação entre mãe e filha, e as meninas – tia e sobrinha – se tornaram grandes amigas, confidentes”, afirma Daiane.
Amizade para toda a vida
Heloísa e Beatriz estudam na mesma escola, no bairro Petrópolis. Elas são diferentes em todos os aspectos. Beatriz é mais agitada, gosta de um funk e uma festa animada. Já Heloísa é mais reservada. Mas as duas estão sempre juntas. “Desenvolvemos uma amizade única, sincera e verdadeira”, comenta Heloísa.
“A briga está só nas datas especiais”, brinca Beatriz. “Como fazemos aniversário no mesmo dia, uma sempre tem que ceder e antecipar ou adiar a festa. Mas isso é bom, porque assim, temos duas festas com toda a família”, comemora a garota.
Foi por isso que Heloísa fez a festa de debutante alguns dias antes de completar oficialmente 15 anos. “Eu não ia fazer a festa, meu desejo era viajar, mas quando a data foi se aproximando, não resisti. Optei por adiar a viagem e pude celebrar meus 15 anos com minha família e amigos. A festa ocorreu no dia 4 de maio. O tema foi Cinderela, e foi maravilhoso, inesquecível”, lembra Heloísa.
Já Beatriz vai debutar no próxima sexta-feira (18). “Estou bastante ansiosa. Eu e minha mãe estamos preparando esta festa desde o ano passado. É um sonho que está prestes a se tornar realidade. Vai ser mágico, tenho certeza. Ah, e meu vestido é vermelho”, conta Beatriz.
Neste domingo, a família vai celebrar o Dia das Mães, unida, mais uma vez, em um restaurante da região. “Sempre gostamos de estar próximas. E o dia das mães é para isso, para ficarmos mais unidas porque ter uma mãe como a minha, e ser mãe, junto com ela, foi um grande presente de Deus”, finaliza Daiane.