O último censo divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2010, já dá a dimensão das características do bairro que muita gente sequer sabe que é um bairro mesmo – à época, a região contava com 361 habitantes.
Quando se ouve falar em Parque Malwee, a primeira imagem que vem à cabeça são as imensas lagoas habitadas por capivaras e os mais de 1,5 milhão de metros quadrados de área preservada.
E, embora há quem ignore a existência dele enquanto bairro, o Parque Malwee está longe de ser uma novidade urbanística do município, afinal, há mais de 15 anos, quando houve a última alteração de bairros jaraguaenses, ele foi incorporado à lista, afirma o diretor do Instituto Jourdan, Luís Fernando Marcola.
Não é difícil perceber que o bairro não possui qualquer característica industrial e uma olhadinha rápida no mapa mostra o quão verde é o Parque Malwee, que tem no próprio parque boa parte de sua extensão.
Conforme explica Marcola, a vegetação do ponto turísco, que é considerado uma Zeia (Zona Especial de Interesse Ambiental), dá o tom ao local que tem como objetivo a preservação ambiental. “O próprio foco do município é para a manutenção, preservação daquela área”, destaca.
Para a costureira Lonita Spezia, que dos 55 anos vive há uma década no bairro, a tendência não é de crescimento imobiliário, muito pelas características das pessoas que vivem no Parque Malwee.
Ela afirma que a maioria dos moradores está há um bom tempo no mesmo local, com terrenos grandes e sem qualquer intenção de vendê-los para a especulação imobiliária.
“O bairro já não mudou nada nestes anos e olha que antes de vir morar eu já conhecia. Todos os moradores daqui são antigos e não se desfazem dos seus terrenos, assim não tem como crescer. Talvez daqui uns 15 anos, quem sabe”, avalia.
O atual Plano Diretor do município não aponta nenhum tipo de previsão de expansão do bairro, diz o diretor do Instituto Jourdan.
Sossego e facilidades
O bairro tem como “vizinhos” o São Luís, Tifa Martins, Jaraguá 99 e Chico de Paulo. Já o vizinho do parque, propriamente dito, é o montador de máquinas Gerson Leopoldo Gascho, de 47 anos.
Ele conta que quando chegou o que mais o incomodava era o barulho que vinha, justamente, da área tranquila preferida dos jaraguaenses. “Agora mudou bastante, mas há uns quatro anos tinha muito barulho. Chegava a tremer as janelas aquele som dos carros que vinha do parque”, diz.
Agora, garante, o único som é o dos pássaros, afinal, além das inúmeras lagoas e das cerca de 35 mil árvores que ficam do outro lado da cerca, há aproximadamente 133 espécies distintas de aves catalogadas no parque.
Assim como a costureira Lonita Spezia, o montador afirma que os terrenos do bairro são grandes e pertencentes a famílias que vivem há muito tempo no mesmo local e que não pretende “picotar” as terras da família. “Não mudou muito e nem deve mudar, o pessoal que mora aqui tem terrenos maiores e da família”, afirma.
E se os dois concordam que não há muita probabilidade de o bairro crescer, também concordam que a tranquilidade é um dos pontos fortes, além do “ar puro” por conta da proximidade com a mata preservada. “Quem acostuma aqui, é difícil largar”, complementa.
A costureira assina embaixo. “A tranquilidade é total e temos um privilégio, o nosso parque, que é uma coisa ímpar”, ressalta. Além do sossego, Lonita chama a atenção ainda para a oferta de serviços básicos que os moradores têm. “Temos escola perto, postinho, tudo perto”, diz.
Gascho também afirma que, como a Barra do Rio Cerro já virou um “centrinho”, a vida dos moradores está facilitada. “Acho que pra ir para o centro, só se for ao shopping mesmo”, diz.
Conservação de ruas é problema
Se a proximidade com a natureza prende os moradores no Parque Malwee, as condições da principal rua do bairro, a Wolgang Weege, são alvo de críticas dos moradores. Para o montador de máquinas Gerson Leopoldo Gascho, falta atenção à rua que, atualmente, é bastante movimentada.
“Essa rua é terrível e hoje ela é bastante usada porque dá acesso à Menegotti, mas manutenção não existe”, afirma.
A costureira Lonita Spezia enxerga o mesmo problema e complementa que é fundamental que a rua esteja com a manutenção em dia, uma vez que é importante via de ligação com o bairro Garibaldi.
“Manutenção tem raramente e só se todo mundo ligar e pedir muito, mas essa rua é muito importante porque se acontece qualquer coisa, é por aqui que as pessoas chegam no Garibaldi”, enfatiza.
Lonita complementa ainda que o transporte público não chega aos moradores. “Também não tem transporte, mas nem teria como, não com a rua desse jeito. Mas também não tenho certeza se há viabilidade para ter ônibus, porque não tem muitos usuários”, analisa.
Para a costureira, mudar do Parque Malwee não é uma vontade, embora pondere que as condições das estradas a faça pensar na possibilidade vez ou outra, mas pesando a tranquilidade, a vontade de permanecer vence. “Por esse sossego, essa tranquilidade, eu não mudo daqui não”, finaliza.
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