OCP nos bairros: lazer e boa estrutura marcam o Jaraguá Esquerdo

Foto Eduardo Montecino/OCP News

Por: Elissandro Sutil

19/07/2018 - 05:07 - Atualizada em: 24/07/2018 - 15:22

Olhando no mapa é fácil identificar o bairro e perceber o quanto ele está rodeado por vizinhos. São Luís, Barra do Rio Molha, Vila Lenzi, Tifa Martins, Nova Brasília, Vila Nova e Centro estão a um pulinho do Jaraguá Esquerdo, que tem o rio Jaraguá como ponto determinante – tanto como divisor, quanto como importante marco na colonização e na denominação do bairro.

Afinal, quem nunca se perguntou: por que Esquerdo? À época da colonização do município, margeava-se o rio Jaraguá a partir de Rio dos Cedros e de Corupá, por isso, daquele ângulo de visão, o bairro ficava à esquerda do rio. Daí surgiu o nome do bairro que hoje.

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Foto Eduardo Montecino/OCP News

Esporte é, com certeza, uma das marcas do Jaraguá Esquerdo. O bairro tem ainda a tradicional Escolinha Xoxo 10, que já revelou muitos atletas bons de bola. E como esporte e lazer andam de mãos dadas, a família Moretti é uma espécie de defensora do espaço destinado às crianças.

É praticamente impossível passar pela principal rua do bairro, a João Januário Ayroso, sem ser fisgado pelo parquinho, sempre colorido, que fica, claro, à esquerda, quando se transita do Centro para o bairro.

Agora, com bandeirinhas verdes e amarelas em alusão à Copa e às festas juninas, embora seja público, o local foi “adotado” pelos Moretti.

O famoso parquinho cuidado pelos moradores deixa o bairro mais colorido. | Foto Eduardo Montecino/OCP News

Nascido e criado no bairro, Jorge Luís Moretti conta que o espaço, hoje colorido e conservado, está na história da família desde que foi criado, por volta de 1976. O avô dele, Lino Moretti, era jardineiro e cuidava com zelo do espaço.

Há cerca de quatro anos a família propôs uma parceria à administração municipal: o cuidado com o parquinho voltava às mãos dos Moretti. “A gente assumiu com o objetivo de manter funcionando e também tem toda a questão de história da família”, diz.

Se antes era o pai que cuidava com afinco para que as plantas florescessem e as crianças tivessem acesso a brinquedos cuidados e divertidos, hoje a tarefa é do filho, Carlos Moretti, que aos 52 anos, destina seus sábados ao parquinho.

“Enfeito, coloco bandeirinhas e tudo o mais conforme a data, porque para criança, o que eles gostam, é de cores, de coisas coloridas”, afirma.

Parque dedicado à comunidade

Avô, tio, neto, a família Moretti já tem tradição e uma profunda ligação com o local, mas também foi alvo de críticas porque, conforme conta Jorge, algumas pessoas questionaram a iniciativa de colocar cercas, portão e trancar o espaço no período noturno.

“Fizemos para a proteção das crianças e do próprio espaço. A cerca lateral evita que quem passa pela calçada possa cair dentro do parque, a cerca frontal evita que as crianças caiam na calçada e o portão, além de segurança é uma forma de preservar o local”, explica Jorge.

Carlos ressalta ainda que em nenhum momento houve impedimento para utilização do espaço que, no inverno permanece aberto das 7h às 20h e no verão, das 7h às 22h.

Segundo Jorge, as cercas são uma forma de manter a segurança das crianças e do local. | Foto Eduardo Montecino/OCP News

Segundo ele, o custo de manutenção do espaço é irrisório se comparado ao valor histórico, familiar e comunitário do espaço. O gasto mensal gira em torno de R$ 300.

“Eu gostaria que essas crianças tenham o mesmo sentimento que eu tenho hoje em relação a ele, o de saudosismo. Mas não aquele saudosismo que machuca, uma saudade de ter o parquinho onde viveu muitos momentos ali, preservado”, diz Jorge.

E o lugar é um dos pontos mais comentados do bairro, garante o aposentado Nivaldo Pazzetto, que dos 69 anos, já vive há 17 no bairro. Ele conta que os vizinhos adotaram mesmo o parquinho e “cuidam muito”.  “Como esse parquinho não tem igual em Jaraguá não”, decreta.

“Aqui todo mundo se conhece”

No Censo 2010, o bairro possuía pouco mais de 5,3 mil habitantes e, segundo o aposentado Nivaldo Pazzetto, apesar de bastante populoso, o Jaraguá Esquerdo mantém algumas características de pequenas comunidades, como o famoso “todo mundo se conhece”.

Além disso, ele ressalta a segurança e tranquilidade do bairro, embora seja cauteloso porque, segundo ele, “não dá pra gabar muito que as coisas mudam”.

De acordo com os registros históricos, o rio é o responsável pelo nome do bairro. | Foto Eduardo Montecino/OCP News

Para Pazzetto, o Jaraguá Esquerdo é um pedacinho de paz na cidade. “Aqui não tem esse negócio de mexer nas coisas, é muito tranquilo, não tem ninguém perturbando. É uma vizinhança muito boa”, diz.

Jorge Luís Moretti, compartilha da mesma opinião do aposentado. Ele, que nasceu, foi criado e hoje cria os filhos no bairro, o Jaraguá Esquerdo, conta que a evolução do bairro aconteceu, mas a população evoluiu à sua maneira, com a manutenção das famílias que mantiveram filhos e netos morando no local. Por isso, ele reforça a tese de Pazzetto de que “todo mundo se conhece”.

Bairro é autossustentável, apontam moradores

De um lado, um grande e novinho prédio comercial, de outro, mercados e lojas tradicionais. Se tem uma coisa que os moradores do Jaraguá Esquerdo têm à disposição, é o comércio. Para Carlos Moretti, essa é uma das principais características do bairro e, ele ressalta, o torna ainda melhor.

“Nós temos tudo aqui, escola, creche, comércio de todo tipo, o Centro fica pertinho e dá pra ir a pé. Nós temos tudo, não tem o que reclamar”, destaca.

Para o morador Nivaldo, o bairro oferece conforto por ter tudo muito próximo, como o comércio, por exemplo. | Foto Eduardo Montecino/OCP News

Para o aposentado Nivaldo Pazzetto, os moradores lidam, além da segurança, com o conforto de não precisar se deslocar para ter acesso a comércio e serviços variados. Além disso, ele destaca a localização como pontos que ajudam a tornar o bairro autossustentável.

“Se eu começar a caminhar só aqui pela rua principal já encontro quase tudo. Além disso, pra ir na prefeitura dá pra ir a pé e tem outros bairros muito perto. Do lado de lá do morro já é a Vila Lenzi, ali na frente o São Luís, do outro lado o Vila Nova. É tudo muito perto”, garante.

Trânsito é ponto fraco

Quando o relógio chega nas 6h30 e por volta das 16h30, os moradores do Jaraguá Esquerdo já sabem que a fila vai começar. Principal rua, que corta o bairro de ponta a ponta e segue até a Barra do Rio Cerro, a rua João Januário Ayroso é heroína e vilã ao mesmo tempo.

Considerada o coração do bairro, é por ela que flui todo o trânsito que liga o Centro ao Jaraguá Esquerdo e a outros bairros como São Luís e a própria Barra do Rio Cerro. Justamente por isso, o trânsito se tornou, ao longo dos anos, o principal problema para os moradores.

Para Carlos e Jorge Luís Moretti, o bairro possui apenas duas demandas, visto que para eles, a estrutura do bairro é excelente. “A única situação ruim que a gente enfrenta por aqui é o trânsito. É a única coisa que atrapalha”, ressalta Jorge.

Para ele, já passou da hora de pensar em um binário que possa desafogar o trânsito intenso e as longas filas que se formam, especialmente durante os horários de pico. Já Carlos pontua o estacionamento como mais um problema relacionado ao trânsito.

Foto Eduardo Montecino/OCP News

“Não é culpa dos motoristas, não tem estacionamento nessa rua, mas também não tem sinalização que indique a proibição”, reclama.

Ambos afirmam que as únicas demandas são a instalação do binário e de sinalização vertical indicando a proibição. Já para o aposentado Nivaldo Pazzeto, a rua necessita também da instalação de faixa elevada, especialmente na altura da ponte pênsil.

“As pessoas acabam não tendo onde atravessar e nesse ponto de ônibus embarcam 20, 30 alunos”, comenta.

Ele conta também que há tráfego de veículos pesados na via, danificando tanto a estrutura do asfalto quanto de prédios próximos. “Caminhões pesados passam por aqui e chegam a dar socos de tanto que tem atrito, tem um monte de trincas nas paredes e pisos das casas”, avalia.

Demandas são reconhecidas pela Prefeitura

De acordo com o secretário de Planejamento e Urbanismo, Eduardo Bertoldi, a instalação de faixa elevada na rua já está na programação da Diretoria de Trânsito, porém, ele destaca que há mais de 40 pedidos semelhantes em todo o município.

Já com relação ao estacionamento, o secretário afirma contar com o bom senso dos motoristas.

“De um lado da rua João Januário Ayroso temos a ciclo faixa. É de conhecimento que, por ser uma rua estruturante que faz a ligação de bairros, há a proibição do estacionamento sentido centro bairro. No entanto, iremos realizar estudo no sentido de sinalizar o trecho”, afirma.

O binário, reclamado por moradores, está sendo estudado, garante a Prefeitura. O secretário Bertoldi afirma que ainda existe a necessidade de efetuar algumas obras complementares, a exemplo da rotatória do Parque Malwee, e estudo de alteração de vias paralelas de ligação, para implantar o binário corretamente.

Além disso, Bertoldi afirma que nos próximos dias será iniciada a instalação de luminárias de LED em toda a extensão da rua João Januário Ayroso, assim como outras vias estruturantes do município.

 

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