O que a comunidade umbandista de Jaraguá do Sul pensa sobre o Natal

Por: Gustavo Luzzani

19/12/2018 - 05:12 - Atualizada em: 19/12/2018 - 13:02

Religião naturalmente brasileira, a Umbanda é uma mistura de crenças. A união da cultura afro com os costumes indígenas tupiniquins, o sincretismo católico, juntamente com influências orientais, kardecista e mística.

Paulo Orlantin, babalorixá da Tenda de Umbanda Ogum Ronte Mato, localizado no bairro Rio Molha, diz que o Natal tem o mesmo significado que o celebrado pelos cristãos, tendo apenas diferença nos termos.

Enquanto outras religiões vêem como o nascimento de Cristo, a umbanda trata como o nascimento do maior Orixá, que é o Oxalá.

Apesar do respeito e as práticas serem iguais, Orlantin diz que enquanto algumas pessoas tratam o presente natalino como algo importante, na umbanda a ideia é outra.

“Os presentes são dar paz, amor, união, alegria e fazer com que Cristo reviva cada vez mais no coração de cada um”, explica.

Dezembro traz consigo uma reflexão e reunião familiar, mas Paulo diz que a comunidade umbantista não trata o Natal como uma época diferente, simplesmente realizam os mesmos atos que fazem o ano inteiro.

“Para nós todos os dias são iguais. Não é só porquê é dezembro que temos que confraternizar, respeitar, é uma vida”, frisa.

Sem celebrações especiais

Enquanto outras religiões trazem para dezembro uma programação extensa visando celebrar o nascimento de Cristo, os umbandistas em Jaraguá do Sul não produzem algo diferente, pois, segundo Paulo, cada dia é especial, seja qual ele for.

A tenda Ogum Ronte Mato encerrou seus trabalhos médiuns no começo do mês, para que possam aproveitar o tempo e descansar com a família.

Foto Eduardo Montecino/OCP News

No Dia de Reis, 6 de janeiro, eles abrem os trabalhos novamente. Como é babolorixá, Paulo continua em casa, zelando e fazendo suas obrigações.

Como dentro da espiritualidade existem vários seguimentos, ele reforça que os comentários são de acordo com os pensamentos da comunidade umbandista do município e não pela umbanda.

“Pode ser que outros terreiros seguem outra cultura, vendo isso de um jeito diferente”, relata.

De acordo com Paulo, a umbanda diz que religião nenhuma vai salvar a pessoa, pois tudo depende de seus atos e sua dignidade. Partilhando deste pensamento, a umbanda não separa religião.

“Aqui no terreiro pode entrar um católico, evangélico, ateu e muçulmano. Ninguém vai pedir de qual religião você é”, comenta.

Seguindo nessa linha, ele ressalta que o Natal e a religião serve de espelho e escudo para determinar a fé da pessoa, podendo refletir sua boa imagem, ou sendo um escudo da sua traição. “Não adianta você compartilhar amor, fé e união em datas especiais se no inteiro você faz o contrário”, completa.

Umbanda em Jaraguá do Sul

Em 1908 foi registrada a primeira tenda umbandista no Brasil, por Pai Zélio Fernandino de Morais. Em Jaraguá do Sul, a primeira tenda  foi registrada em 1973 por Luchero Pires.

Paulo diz que atualmente 62 terreiros estão registrados junto a federação, com aproximadamente 16 mil integrantes. Em seu terreiro, existem 46 médiuns atuando e aproximadamente 500 pessoas visitando o local todo mês.

A gira de umbanda é composta de danças para os Orixás, cantos e melodias. Também é feita uma defumação com ervas que tem como objetivo limpar os médiuns e demais pessoas que participam do ritual. Isso é feito para eliminar as energias negativas que se acumulam na pessoa.

O babalorixá conta que a falta de informação faz com que as pessoas criem visões erradas da umbanda. Ele afirma que as pessoas procuram seu terreiro, na maioria das vezes, para solucionar problemas de saúde, amor e financeiros.

Por isso, há aqueles que não estão suficientemente preparados e acabam ganhando dinheiro através da religião sem praticá-la da forma correta.

“Fazer bem sem olhar a quem, esse é o lema que nos move”, enfatiza.

 

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