Ex-paciente com câncer na infância se torna médico e luta para desenvolver hospital oncológico para crianças

Foto: Redes Sociais

Por: Maria Luiza Venturelli

07/06/2020 - 15:06 - Atualizada em: 07/06/2023 - 15:32

Você já ouviu falar que Deus escreve certo por linhas tortas? Isso acontece mesmo nos momentos mais difíceis da vida, em que coisas acontecem e ninguém entende o porquê. Um exemplo é a história do menino que teve linfoma, foi curado e hoje é médico e cuida de crianças com câncer.

O médico oncologista pediátrico Hugo Martins de Oliveira fez residência em oncologia pediátrica 15 anos depois no mesmo hospital onde se tratou na infância: o Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, no Paraná. Ele sempre sonhou em ser jogador de futebol, mas aos 14 anos descobriu a doença juntamente com um diagnóstico errado em que o médico disse que lhe restavam apenas três meses de vida.

Parecia o fim, mas era apenas o seu começo. Durante o tratamento, Hugo decidiu que ia ser médico. Hoje, aos 35 anos de idade, carrega aprendizados da doença que enfrentou há mais de 20 anos. “Tenho um cuidado humano e individual com cada família, pois acredito que cuidar é além da cura”, declara o Dr.

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A luta começou na infância

Os desafios da vida do médico começaram em uma de suas idas rotineiras ao pediatra, muito jovem, em que ele foi diagnosticado com uma anemia profunda. A partir daí, precisou passar por um delicado processo de transfusão de sangue. Ele superou todo este processo doloroso com o apoio de sua família, que sempre ofereceu muito amor e carinho.

Aos 14 anos de idade, os pais de Hugo o levaram novamente ao médico para analisar uma “íngua” que insistia em aparecer em seu pescoço, porém todos os profissionais lhe davam a mesma resposta: “é apenas uma língua” ou “não é nada”.

Preocupados, os pais insistiam em procurar uma resposta mais segura para o problema e procuraram um médico que decidiu fazer uma biópsia para retirada. Hugo foi diagnosticado com “Linfoma de Hodgkin”, um tipo de câncer que se origina no sistema linfático, conjunto composto por órgãos (linfonodos ou gânglios) e tecidos que produzem as células responsáveis pela imunidade e vasos que conduzem estas células através do corpo.

A doença se espalha de forma ordenada, de um grupo de linfonodos para outro grupo, por meio dos vasos linfáticos. Costuma surgir quando um linfócito (célula de defesa do corpo), mais frequentemente um do tipo B, se transforma em uma célula maligna, capaz de multiplicar-se descontroladamente e disseminar-se.

A célula maligna começa a produzir, nos linfonodos, cópias idênticas. Com o passar do tempo, essas células malignas podem se disseminar para tecidos próximos, e, se não tratadas, atingir outras partes do corpo.

Mesmo abalados com a situação, os pais encontraram força para encarar a difícil doença. Hugo iniciou o tratamento no Hospital Pequeno Príncipe, na capital Curitiba. Confirmado o diagnóstico do câncer, foi iniciado o delicado tratamento por quimioterapia. Foram cinco anos de idas e vindas ao hospital entre momentos de angústia e medo, mas maior que o sofrimento era a fé e união da família. E muito maior que o sofrimento e a doença, era o proposito de Hugo.

No momento onde muitos não têm forças, o garoto e sua família decidiram encarar o câncer, e durante o tratamento ele observou que o problema maior não é a doença, mas os desajustes familiares que a família apresenta neste processo.

Hugo finalmente venceu a doença e decidiu que queria poder curar outras crianças que passam pela mesma luta. Se tornou médico oncologista pediátrico pois acreditava ser possível transformar dor em alegria, sofrimento em alívio, fazendo o máximo por seus pacientes e suas famílias.

Hoje, já oncologista, é difícil para ele segurar a emoção ao cruzar com a Dra. Flora, médica que fez o seu tratamento, depois foi sua professora e hoje é colega de profissão. Hoje, o sonho é proporcionar a todas as crianças com câncer e seus familiares o alívio coletivo e as melhores condições de tratamento.

“Sou uma pessoa comum, com muitos defeitos, mas com um detalhe que mudou a minha história: Jesus no centro da minha vida”, declara o médico.

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O Hugo médico e ser humano compreendeu que não basta apenas prescrever a quimioterapia e a radioterapia de forma técnica e fria, mas também é necessário acolher a família e ajudar cada um a vivenciar essa situação da melhor maneira possível.”Transformar a dor em alegria, sofrimento em alívio, fazendo o máximo por cada paciente e suas famílias”, resume o oncologista.

Hoje, o sonho é proporcionar a todas as crianças com câncer junto de suas famílias o alívio coletivo juntos das melhores condições de tratamento. Segundo ele, não basta apenas prescrever a quimioterapia e a radioterapia. É necessário acolher a família e ajudá-los a vivenciar essa situação da melhor maneira possível.

A construção do hospital

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Dr. Hugo é o idealizador do Instituto Oliveira, uma organização sem fins lucrativos sediada na cidade de Joinville. O objetivo do lugar é proporcionar qualidade de vida às pessoas com câncer infantojuvenil. As ações desenvolvidas pelo instituto proporcionam o acolhimento e atendimento global a todos os membros da família do paciente portador da doença.

O instituto enfatiza o foco de desenvolvimento da saúde familiar de maneira integral, auxiliando em todos os processos relativos ao adoecimento, gerenciando os impactos psicossociais que afetam diretamente o psicológico da pessoa com câncer e de seus familiares. O trabalho do local é baseado em princípios e valores cristãos, seguindo sempre o modelo e exemplo de Jesus Cristo.

Dr. Hugo também está a frente de uma das maiores campanhas da história de Santa Catarina em prol da conscientização e luta contra o câncer infantojuvenil. A campanha está em andamento por um grupo de voluntários do Instituto Oliveira. O objetivo é levantar R$ 1 milhão em doações para construção de uma clínica de apoio às famílias que lutam diariamente contra o câncer em crianças e adolescentes.

Calendário de ações para construção do hospital

Setembro Dourado – com o objetivo de conscientizar sobre o câncer infantojuvenil, o “Setembro Dourado” busca alertar pais, profissionais de saúde e a sociedade em geral sobre a importância de se atentar aos sinais e sintomas sugestivos do câncer em crianças e adolescentes.

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26 a 29/10 – em outubro, entre os dias 26 e 29, será promovida pelo Instituto Oliveira em parceria com apoiadores a campanha “Abraço do Bem”, que envolve alguns eventos como a Laçada do Bem, o Carreteiro do Bem, o Pedágio do Bem e o Dia de Campo do Bem.

23/11 – O Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantojuvenil tem o objetivo de estimular ações educativas e preventivas relacionadas ao câncer infantil; promover debates e outros eventos sobre as políticas públicas de atenção integral às crianças com câncer; apoiar as atividades organizadas e desenvolvidas pela sociedade civil em prol das crianças com câncer; difundir os avanços técnico-científicos relacionados ao câncer infantil e apoiar as crianças com câncer e seus familiares. Em homenagem a data, neste dia também será a entrega do resultado da campanha Abraço do Bem.

15/02 – Já o Dia Internacional da Luta Contra o Câncer na Infância é uma data criada em 2002 pela Childhood Cancer International (CCI) e simboliza uma campanha global para conscientizar sobre o câncer infantil e expressar apoio às crianças e adolescentes com câncer, aos sobreviventes e suas famílias. Neste dia, também acontece a inauguração simbólica da clínica, construída com os fundos arrecadados nas campanhas.

 

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