O município de Schroeder, localizado na região norte de Santa Catarina, é conhecido por ter uma economia baseada no setor de serviços, na indústria local e na agricultura familiar.
Com uma forma de sustento bem diversificada e aberta a novos investimentos, além da cidade projetar uma reestruturação para atender as necessidades como saúde, educação e moradia, parte dela ainda tem como principal atividade a agroindústria, que se destacam produtos como banana, arroz e mandioca.
O que muitos não sabem, é que até meados da década de 1990, o principal produto deste ramo era o fumo. Nesta atividade, os filhos herdavam dos pais essa forma de subsistência, que fez parte da cultura de muitas famílias. Esse tipo de negócio acabou gerando um custo muito alto, em especial, para a saúde que ao longo dos anos ficou debilitada.
De acordo com Ademir Doge, de 51 anos, morador do bairro Rancho Bom no meio rural, a esposa Rosilene Kieneldt, cultivou o fumo com seus pais até 1996. A partir desta data, às famílias passaram a plantar salsa durante aproximadamente um ou dois anos. Por volta de 1998, iniciou-se o cultivo da banana, principal produto em cultivo hoje na região.
Embora houvesse solidariedade entre os colonos como exemplo de união, o que os unia também os atingia, devido às altas quantidades de agrotóxicos que inalavam no campo. “Quando a gente estava colhendo o fumo era usado um veneno forte para matar os brotos, um levava o fumo e o outro vinha atrás passando o veneno”, recorda Ademir.
De acordo com o morador da região, as famílias se juntavam durante à colheita para agilizar a retirada do fumo, e como não havia tempo para aplicar o veneno em outro momento, os trabalhos de recolhimento e aplicação do agrotóxico aconteciam de forma simultânea.
Ainda de acordo com Rosilene Kieneldt, de 53 anos, quando alguém da família adoecia, ao procurar o médico e relatar ao profissional com o que trabalhava, ele recordava que era comum pessoas dessa região serem acometidas por sintomas bem parecidos, inclusive doenças como o câncer.
Hoje, essa herança ficou no passado, pois deu lugar a outros produtos mais rentáveis, sem danos à saúde física, e, consequentemente, mais saudáveis às famílias que moram na região.
Quem passa por lá, tem a oportunidade de contemplar a natureza exuberante do Rancho Bom.
É entre os picos Morro Agudo, 772 metros de altitude, e o Serra Feia 784 metros, que vive a família Doge, neste local Ademir mora há 31 anos. Com dois filhos, nora, genro e três netos mais cunhados e o casal, eles totalizam 11 pessoas trabalhando e vivendo do cultivo.
Além do aipim e a batata cará, que cultivam para o consumo próprio, a família comercializa a laranja, tangerina, acerola e maracujá.
“A nossa expectativa é que cresça bastante o bairro, e se desenvolva para ser bem vista em Schroeder, não mais com aquela visão do veneno, mas o ecológico, além do turismo, agradável para se morar”, conclui.