Conheça Stettin, a cidade por onde os Pomeranos passaram ao vir para o Brasil

A cidade de Stettin foi a antiga capital da Pomerânia entre os anos de 1720 e 1945. Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, no ano de 1945, ela foi incorporada ao território polonês. Para entender a história e a importância da cidade na vida dos imigrantes alemães que hoje se encontram em Santa Catarina, é preciso se aprofundar nos acontecimentos pré e pós – Segunda Guerra Mundial.

Imigrantes alemães

Ecos do passado

Localizada perto do Mar Báltico e da fronteira com a atual Alemanha, a cidade era uma região muito estratégica para o transporte marítimo e, consequentemente, para as tropas alemãs durante a Segunda Guerra Mundial.

A maioria da população da cidade na época era alemã, os poloneses eram a minoria. Durante muitos anos, pela sua importância territorial, a cidade foi conquistada e dividida. Desde 1918 a Pomerânia era uma província do Estado Livre da Prússia com valor inestimável para guerra.

Foto/Divulgação

Tudo iria mudar quando em 1945 a Alemanha derrotada precisou ceder partes dos territórios incorporados para os aliados. Conhecido como Acordo de Potsdam, as cidades onde as tropas nazistas haviam feito ocupação foram divididas e a população mesmo de civis alemães, expulsas. No fim da guerra Stettin tornou-se parte da Polônia e seu nome passou a ser Szczecin. O acordo também trouxe como consequência a expulsão dos alemães dos territórios ocupados.

A fuga do pré-guerra e a expulsão do pós-guerra

1945 – alemães sendo expulsos dos territórios ocupados.

O movimento de expulsão das tropas bem como dos civis alemães envolveu 12 milhões de pessoas. A expulsão começou em 1945 e perdurou até o ano de 1947. Fugindo da desolação pós-guerra, bem como, da fome e da falta de oportunidades, muitos alemães decidiram tentar a vida como imigrantes em outros países.

Outros já haviam buscado novas oportunidades além mar no entre guerras, pois já previam um futuro incerto e cheio de desafios. A história da região pomerana de Santa Catarina que engloba os municípios de Pomerode, Blumenau, Jaraguá do Sul, entre outras cidades com maioria da população alemã compreende estes dois fatos históricos.

Foto divulgação – imigrantes embarcando para uma nova vida em 1939.

Os que hoje relembram com tanto carinho da terra natal, são em sua maioria imigrantes de territórios que foram ocupados. Stettin é para os pomeranos de Santa Catarina a referência da cultura, da arquitetura e da gastronomia. Podemos perceber na estrutura arquitetônica das cidades habitadas pelos imigrantes, traços de muitos edifícios da região de Stettin.

Arquitetura da cidade de Stettin.

Portal com o passado

Tamanha é a importância da cidade que no ano 2000 uma cópia em tamanho real do portão de tijolos do porto marítimo de Stettin foi aberta na cidade de Pomerode. Este é um símbolo da memória da região Pomerânia e sua capital.

O portal marítimo para muitos imigrantes foi o último vislumbre da terra natal antes de partir para um território desconhecido, deixando para trás pessoas queridas e uma terra onde um dia havia esperança.

A esquerda o portal original na cidade de Stettin na Polônia, na direita o portal de Pomerode em Santa Catarina.

Outras obras arquitetônicas na cidade de Pomerode trazem referências de construções da antiga Pomerânia. O vínculo afetivo dos imigrantes contribuiu para que as cidades da Rota Alemã se tornassem circuito turístico nacional.

Foto divulgação

Incentivo a imigração desde Dom Pedro I

O governo brasileiro sempre reconheceu, desde a independência, que a imigração estrangeira seria indispensável para o crescimento do país. Por iniciativa de Dom Pedro I, foram criadas colônias alemãs de norte a sul do Brasil, porém com enfoque nos estados do Sul.

Os imigrantes alemães se reuniam em grupos e formavam as colônias, onde podiam exercer suas profissões, e não tinham restrições em relação ao idioma, religião ou tradição.

Na década de 1930, o Brasil abrigava uma das maiores populações alemãs fora da Alemanha, com 100 mil pessoas nascidas na Alemanha e uma comunidade de quase um milhão de brasileiros de ascendência alemã, cujos antepassados vinham se estabelecendo no país desde 1824.

Os alemães adaptaram-se ao Brasil, porém sem abrir mão de sua cultura. Por isso, criaram um espaço cultural próprio, onde mantiveram o seu estilo de vida, mas incorporando traços da cultura brasileira à nova realidade. Isso resultou em um modo singular de ser.

Cartaz de navio que trazia os imigrantes da Alemanha para Santa Catarina.