Até algumas décadas atrás, a maioria dos brasileiros conheciam, no máximo, cinco marcas cerveja de consumo habitual. Havia outras, mas as que dominavam o mercado eram poucas. Elas continuam existindo, continuam grandes, mas hoje disputam o mercado com centenas de outras marcas desde que se iniciou uma grande onda de cervejarias artesanais, com receitas diferenciadas. A influência dessa tendência foi tão forte que mesmo essas marcas que sempre estiveram na vida dos brasileiros passaram a adaptar seus produtos com versões “puro malte” como indicação da composição.
Santa Catarina foi um dos estados responsáveis por esse boom de cervejas artesanais, difundindo a adoção da “Reinheitsgebot”, a Lei da Pureza Alemã, que instituía a receita básica “água, malte e lúpulo”. Uma das primeiras marcas, nascida em Blumenau, acabou, inclusive, tornando-se uma marca nacional ao ser comprada por investidores e, posteriormente, por uma grande cervejaria. A Lei da Pureza, importante difusor da cultura artesanal, não limitou o mercado e surgiram variedades com outros ingredientes, com o objetivo de criar novos sabores.
Com a tendência se espalhando, diversas cidades, principalmente as de colonização alemã, iniciaram também as suas fábricas de cervejas locais. O que poderia ser apenas um modismo revelou-se um negócio sólido para muitas dessas marcas surgidas desde então. Atualmente, passa de 10 o número de cervejarias em Jaraguá do Sul, algumas delas conquistando grande espaço no mercado e premiações em concursos nacionais e internacionais.
Município incentiva – A prefeitura de Jaraguá do Sul não ficou alheia a todo esse movimento empreendedor das cervejarias e criou uma série de iniciativas. Em 2019, o prefeito Antídio Lunelli assinou a lei que institui o Festival Municipal da Cerveja, no mês de fevereiro, como parte do calendário de eventos do município (Lei 8.189). Também instituiu a criação do “Selo Cerveja de Jaraguá do Sul’ para distinguir as cervejas de fabricação local (decreto 13.448/2019).
O selo “Cerveja de Jaraguá do Sul” é destinado às empresas com fábrica própria e também a cervejarias “ciganas”, aquelas que terceirizam a produção de suas receitas. A distinção, no caso, abrange apenas as marcas que usam a estrutura de fabricantes locais.
Visando seu fortalecimento, o setor se uniu na formação do Núcleo das Cervejarias da Associação Comercial e Industrial de Jaraguá do Sul, com o objetivo de fortalece a cultura cervejeira visando a união e sustentabilidade, tornando Jaraguá do Sul referência no setor”. Atualmente participam do núcleo uma tap house (estabelecimento com torneiras para diferentes estilos de cerveja), uma fabricante de chopeiras e oito fabricantes de cerveja artesanal.
Entre os objetivos específicos do Núcleo estão “realizar parcerias, unindo empresas do segmento para a superação de desafios comuns”, “fomentar a economia, com a divulgação do setor na região, colaborando para seu desenvolvimento”, “capacitar profissionais, com a qualificação de equipes para a produção de uma bebida de qualidade superior” e “geração de negócios, com a integração de fabricantes de cerveja, distribuidores de materiais e equipamentos e outros profissionais do ramo”.
As cervejarias jaraguaenses também foram destaque na Schützenfest de 2018 e 2019, levando suas variedades para apreciação do público e uma outra criada especialmente para a festa, o Schützenbier. A variedade foi formulada com a participação de três cervejarias, entre elas Karsten e Maestro. O Schützenbier é um chope de tom dourado intenso, aroma e sabor predominante de malte, com um sutil amargor inicial, mas refrescante. A suspensão da festa devido à pandemia privou os jaraguaenses de apreciarem esse sabor em 2020 e 2021, mas é grande a expectativa de poder retomar o consumo em 2022.
Dados de 2019 indicavam a produção mensal de 150 mil litros mensais de cervejarias jaraguaenses, somando as com fabricação própria e as ciganas.
