Acompanhamos uma operação da PM em Jaraguá do Sul

Foto: Cláudio Costa/OCP News

Por: Claudio Costa

12/08/2018 - 11:08 - Atualizada em: 12/08/2018 - 15:03

A Polícia Militar deflagrou mais uma ação de saturação em Santa Catarina. Com o objetivo de colocar 4 mil policiais nas ruas ao mesmo tempo, a operação 4 mil também teve desdobramentos em Jaraguá do Sul e região. A Rede OCP News foi convidada pelo comando da 12ª Região de Polícia Militar (RPM) para acompanhar os PMs durante parte do trabalho realizado na noite e madrugada desta sexta-feira (10).

De acordo com o comandante do 14º Batalhão de Polícia Militar (BPM), tenente-coronel Gildo Martins de Andrade Filho, além dos 18 policiais militares que atuam no policiamento ordinário, houve o reforço de outros 20 policiais nas ruas da cidade. Em toda a região, que conta com os municípios de Massaranduba, Guaramirim, Corupá e Schroeder, o efetivo chegou a ser composto por 60 policiais, mais que o dobro de um dia normal.

Foto: Cláudio Costa/OCP News

De acordo com o comando da PM, o trabalho aumenta a sensação de segurança da população e intensifica o trabalho da Polícia Militar. “Essa operação aumenta a nossa capacidade de prevenção de delitos, pois temos um número maior de equipes no policiamento. Se nós temos um efetivo orgânico muito bom, com as viaturas dos setores e as especializadas, nós colocamos um reforço para as ações de prevenção e também diminuindo o tempo de resposta nas ocorrências”, comenta o tenente-coronel.

O comandante da 12ª RPM, coronel Amarildo de Assis Alves, explica que as equipes são formadas por policiais de equipes especializadas e também por PMs que atuam na área administrativa do 14º BPM. Os policiais escalados para a operação foram divididos em duas equipes, uma delas realizou barreiras de trânsito e outra fiscalizou bares em diversos pontos da cidade. “O objetivo da operação é apreender armas, drogas e capturar foragidos da Justiça”, resume Alves.

As equipes se reuniram no 14º Batalhão de Polícia Militar. Depois das ordens dadas pelo comandante Amarildo de Assis Alves, as viaturas seguiram para diversos pontos da cidade com o intuito de realizar um trabalho de fiscalização efetivo. As equipes formadas por radiopatrulhas, PMs das Rondas Ostensivas Com Apoio de Motocicletas (Rocam) e da equipe de fiscalização de trânsito seguem para os locais pré-estabelecidos.

Abordagens aos bares

Três viaturas trafegam pela BR-280, ao chegar nas proximidades do primeiro alvo, os sinais de giroflex são desligados e a abordagem é rápida. Um bar no bairro Ribeirão Cavalo foi um dos oito pontos apontados pela Agência de Inteligência do 14º BPM como ponto de venda de drogas. Após a certeza de que todo o local está seguro, a PM dá um aviso. O tenente Anderson Andrey pergunta se ninguém tem drogas, armas, pendências com a Justiça ou algo de ilegal. Diante da negativa, é dado prosseguimento à revista dos cinco clientes e do dono do bar. Nada de ilegal foi encontrado, mas o estabelecimento foi fechado por não ter alvará de funcionamento.

Foto: Cláudio Costa/OCP News

Terminado a abordagem, os policiais seguem para o bairro João Pessoa. Ao contrário do primeiro local, há dezenas de pessoas no estabelecimento e a abordagem ganha mais atenção dos policiais. Após separarem quatro pessoas que têm passagens, novamente o tenente Andrey dá ordem para que os presentes entreguem armas, drogas ou qualquer outra coisa ilícita que estejam portando. Em um dos cantos, cinco mulheres são revistadas após a chegada de uma policial militar feminina. Com uma delas, a PM do Pelotão de Patrulhamento Tático (PPT) encontra uma bucha de cocaína. A mulher de 39 anos assinou um termo circunstanciado e foi liberada. O local foi fechado por não ter alvará.

Foto: Cláudio Costa/OCP News

“Constantemente as viaturas do Tático e da Radiopatrulha realizam essas abordagens e esse é um ponto constantemente fiscalizado. Infelizmente, o dono não tem um alvará junto à Prefeitura e, após a busca pessoal nos frequentadores, nós pedimos o fechamento do estabelecimento”, destaca o tenente, ao lembrar que a Polícia Militar mantém um convênio com a Prefeitura para a fiscalização de estabelecimentos comerciais. “Se estivesse com o alvará e dentro do horário de funcionamento permitido, continuaria aberto”, finaliza.

Foto: Cláudio Costa/OCP News

Pedido de socorro

Enquanto os policiais militares fecham o bar, um pedido de socorro chega na Central Regional de Emergências. Um vizinho conta através do número 190 que uma mulher está pedindo socorro. As guarnições são avisadas pelo rádio sobre a possível ocorrência de violência doméstica na localidade conhecida como Morro dos Lessmann. As viaturas rapidamente se deslocam para o local. O terreno íngreme e as curvas são dominadas com destreza pelos motoristas das viaturas, duas Ford Ecosport e um Jeep Compass, ambos compradas através de Convênio de Trânsito com a Prefeitura, logo chegam ao local da ocorrência.

O coronel Amarildo ressalta a importância da renovação da frota feita pelo 14º BPM em parceria com a Prefeitura de Jaraguá do Sul. “A nossa frota é nova e moderna. Então, não temos problemas em acessar locais de difícil acesso como o Morro do Lessmann. As viaturas vão até os locais para prestar socorro para as pessoas sem problema nenhum. O diferencial é justamente esse. Nós podemos oferecer viaturas em condições de uso e seguras. Isso com certeza é um fator motivacional para a nossa tropa”, analisa.

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Chegando no local da ocorrência, os policiais militares realizam buscas na tentativa de identificar em qual residência estava acontecendo a ocorrência. Após algum tempo, não conseguem identificar onde houve o caso. De acordo com o tenente Andrey, casos que envolvam violência, inclusive os de Maria da Penha, têm prioridade para a Polícia Militar. “Se houver uma ocorrência de trânsito e uma de violência contra a mulher, a do acidente vai esperar”, exemplifica. Ele anota, ainda, que as ocorrências de Maria da Penha são complexas.

De acordo com o tenente da PM, as denúncias apontando a violência contra a mulher muitas vezes partem de vizinhos e parentes. O tenente Andrey conta que, mesmo que os PMs encontrem um ambiente tranquilo na ocorrência, eles precisam entrevistar as pessoas que estão no local, ou seja, o homem e a mulher envolvidos no caso. “Muitas vezes temos que separar os dois, porque a mulher tem receio de fazer a denúncia. Muitas vezes a violência aconteceu, mas ela não admite”, ilustra.

A Polícia Militar tem protocolos específicos para o atendimento de casos de violência contra a mulher. O oficial da PM salienta que, se a mulher denunciar o caso, o homem é preso na hora e levado para a delegacia. “Infelizmente, nós encontramos muitas vítimas com pavor ou receio. Ela nega e diz que não chamou a polícia, mas o corpo fala e dá diversos sinais. Por isso é importante, em primeiro lugar, chegar rápido na ocorrência e, se não constatar a violência, fazer uma investigação preliminar com a vítima, o agressor e até com os vizinhos”, salienta.

Em ocorrências envolvendo violência contra a mulher, o protocolo da PM aponta que deve ser feito o registro através do boletim de ocorrência. A vítima tem até seis meses para representar conta o agressor. Em situações mais graves, o homem é preso independente da mulher fazer um registro contra o companheiro.

Fiscalização do trânsito

No outro lado da cidade, a outra equipe realiza uma barreira de trânsito na Barra do Rio Molha. Depois, a van do comando de trânsito é deslocada para o bairro Ilha da Figueira. A barreira já começou a ser formada antes mesmo da chegada da van onde está o equipamento para a consulta dos veículos. Motoristas são orientados a seguirem mais devagar ao chegar na barreira e alguns deles são parados.

Foto: Cláudio Costa/OCP News

Um Chevrolet Corsa foi parado pelos policiais. O motorista não tinha carteira de motorista e foi multado. Os policiais militares deram a chance de o condutor não habilitado conseguir alguém com uma Carteira Nacional de Habilitação (CNH) para buscar o carro na blitz. Como ele não conseguiu um motorista habilitado, teve o veículo recolhido ao pátio da Prefeitura. Em outro caso, havia uma pequena irregularidade na tarjeta da placa de um Peugeot 208. O motorista foi autuado, mas teve o veículo liberado. Ele foi orientado a corrigir o problema e passar no batalhão para uma posterior vistoria.

Foto: Cláudio Costa/OCP News

Uma motociclista foi parada na blitz. Os policiais verificaram os documentos e tudo estava em ordem. A enfermeira Michele Gonçalves Fernandes, 29 anos, apoia o trabalho feito pelos policiais militares. “Eu acho bom ter uma vigilância sobre os condutores. Eu trabalho com pessoas acidentadas e muitos desses acidentes são provocados por motoristas embriagados. Também tem a questão da documentação que faz com que os motoristas tenham que dirigir de uma forma segura”, afirma.

Os policiais militares param um Renault Clio e ficam tensos. Como o veículo tem uma película muito escura, não dá para ver quem está dentro. Os PMs dão ordens para a abertura das janelas e a saída do condutor. Só então é feita a verificação do veículo. “Estamos em uma operação noturna e muitos dos veículos usam películas, umas dentro e outras fora do padrão. Isso dificulta a visão do policial militar e ele precisa saber quem são e quantos ocupantes estão no veículo. Então, aconselhamos o cidadão a baixar o seu vidro e acenda a luz interna”, explica o coronel Amarildo.

Depois de quatro horas acompanhando o trabalho policial, a equipe do OCP foi deixada novamente no 14º Batalhão de Polícia Militar. O trabalho dos policiais participantes da operação 4 Mil continuou na noite de sábado e madrugada de domingo.