Produzido na região da Andaluzia, no sul da Espanha, o vinho Jerez (também conhecido como Xerez ou Sherry) é uma bebida fortificada de alta complexidade e rica história. Apesar de sua tradição centenária, seu consumo ainda é discreto no Brasil e em outros países.
Diferente dos vinhos tintos e brancos tradicionais, o jerez apresenta maior teor alcoólico, começando em 15%, e pode exibir notas salinas ou de frutas secas, dependendo do estilo. Essa característica tão única é resultado de um processo de vinificação e do método solera, que pode levar décadas para ser concluído.
O vinho jerez se divide em estilos secos e doces, sendo sua maturação influenciada por um processo biológico (sob uma camada de leveduras chamada “flor”) ou oxidativo (em contato direto com o oxigênio).
Jerez Seco:
- Manzanilla e Fino: leves, secos e com notas salinas;
- Amontillado: intermediário entre biológico e oxidativo, mais encorpado;
- Palo Cortado: raro, com aromas de Amontillado e corpo de Oloroso;
- Oloroso: envelhecido de forma oxidativa, encorpado e intenso.
Jerez Doce:
- Pedro Ximénez (PX) e Moscatel: extremamente doces e densos, ideais para sobremesas;
- Pale Cream, Medium, Cream e Dulce: blends que equilibram dulçor e complexidade.
Por dentro do jerez
A tradição vinícola do jerez remonta a 1.100 a.C., com os fenícios, e foi consolidada ao longo dos séculos pelos romanos, mouros e britânicos. No século XVI, durante as Grandes Navegações, o jerez ganhou popularidade na Europa, sendo até mencionado por William Shakespeare como uma de suas bebidas favoritas.
Produzido em uma área específica da DO Jerez-Xérès-Sherry, sua vinificação ocorre nas cidades de Jerez de la Frontera, El Puerto de Santa María e Sanlúcar de Barrameda. O terroir local, com clima quente e solos Albariza, Barros e Arenas, influencia diretamente as características do vinho.
A maturação do jerez ocorre no sistema solera, onde os barris são empilhados em diferentes níveis.
O vinho mais velho, que fica na base, é gradualmente misturado com os mais jovens, armazenados no topo, criando uma bebida com complexidade única.
Esse processo pode durar décadas, e algumas garrafas contêm vestígios de vinhos de até 60 anos de diferença.
Como harmonizar o jerez?
- Fino e Manzanilla: combinam com frutos-do-mar, sushi, presunto cru e azeitonas;
- Amontillado e Palo Cortado: perfeitos para carnes brancas, patês e queijos médios;
- Oloroso: acompanha carnes vermelhas, queijos curados e pratos intensos;
- Pedro Ximénez e Moscatel: ideais para sobremesas e chocolates amargos.
O jerez é uma verdadeira joia espanhola que tem tudo para cair do gosto dos brasileiros. Com sua história fascinante e sabores únicos, ele é um verdadeiro tesouro da enologia. Seja para harmonizar com pratos sofisticados ou degustar puro, vale a pena explorar essa tradição que atravessa séculos e segue conquistando apreciadores ao redor do mundo.
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