Uma vida entre livros, histórias e poesias

Foto: Fábio Junkes

Por: Elisângela Pezzutti

11/09/2024 - 06:09

Astronomia, geologia, antropologia, arqueologia, teologia, sociologia, etimologia, história, filosofia, psicanálise, matemática, física… todas estas áreas do conhecimento e outras mais servem de inspiração para o advogado, professor e promotor de Justiça aposentado pelo Ministério Público de Santa Catarina, José Alberto Barbosa, de 85 anos, desenvolver suas próprias criações literárias. “Leio, sobretudo, para escrever”, afirma o autor da extensa biografia “Emílio da Silva e seu século”, publicado em 2011, pela Design Editora, de Jaraguá do Sul.

Dr. Barbosa, como é respeitosamente chamado, também é um desenhista e pintor autodidata. Ele conta que chegou a ter cerca de sete mil livros em sua biblioteca particular e que costuma ler várias obras ao mesmo tempo. A proximidade com os livros surgiu ainda na infância, por influência dos pais, que, apesar de terem apenas o curso primário, liam muito.

Nascido em 19 de fevereiro de 1939, na cidade mineira de Cambuquira, a cerca de 300 quilômetros de Belo Horizonte, a família Barbosa mudou-se para Curitiba, quando José Alberto era um adolescente de 14 anos. Na capital paranaense, concluiu seus estudos, formando-se bacharel pela Faculdade de Direito de Curitiba (1962-1966). Exerceu a advocacia em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, estado com o qual viria a ter também uma forte ligação.

“Leio, sobretudo, para escrever”, diz dr. Barbosa, que chegou a ter sete mil livros em sua biblioteca particular | Foto: Fábio Junkes

 

A proximidade com a poesia gauchesca

José Alberto atuou como promotor no Oeste de Santa Catarina a partir de 1969 e lá conheceu o fundador da cidade de Maravilha, José Leal Filho, apelidado de Juca Ruivo, poeta e um dos primeiros a valorizar a poesia gauchesca. “Ele faleceu em 1972 e pudemos conviver nos seus últimos três anos de vida. Assim, fiquei sendo, praticamente, um herdeiro cultural dele”, conta José Alberto, autor da primeira biografia de Juca Ruivo.

Com os pseudônimos ‘Joselito de Santana’, ‘Tio Marciano’ e ‘Juca Serrano’, entre outros, dr. Barbosa é membro da Estância da Poesia Crioula, de Porto Alegre, do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina e da Academia Sul-Brasileira de Letras. Participou de inúmeros concursos literários, principalmente com poesias, conquistando muitas premiações.

Entre suas obras, destaca-se o ‘Poema em Negro’, segundo colocado no Concurso de Poesias “Oliveira Silveira”, promovido pela Estância da Poesia Crioula em 2009, no qual recebeu o troféu ‘Lanceiro Negro’, entregue a ele pela professora Naiara Rodrigues, filha única de Oliveira Silveira, político, poeta, professor e pesquisador gaúcho que, em 1971, em Porto Alegre, sugeriu em reunião do Grupo Palmares, associação que reunia militantes e pesquisadores da cultura negra brasileira a criação do Dia Nacional da Consciência Negra.

Outro poema premiado é ‘A Seleta do Clemente’, de 2005, que homenageia Alfredo Clemente Pinto, autor da cartilha escolar intitulada ‘Seleta em Prosa e Verso’, publicada pela primeira vez em 1883 e utilizada nas escolas gaúchas por várias gerações.

“Em termos de poesia, não sou um escritor romântico, mas épico”, diz Barbosa. A exceção é ‘Alma Peregrina’, poema dedicado à esposa, professora Maria Eunice Dellagiustina Barbosa. Originalmente escrito em 1969, depois traduzido para o italiano, foi o primeiro colocado em um concurso internacional online realizado em Florianópolis, em 2012, quando concorreu com mais de 200 poetas e cerca de 500 poemas inscritos. Também há muitas outras obras de sua autoria premiadas, como a crônica ‘Bela e a Fera’, e o poema ‘Grammostola Iheringi, que obtiveram a primeira colocação no Concurso Milton Leite da Costa, em 2022.

Além das biografias de Emílio da Silva e José Leal Filho, dr. Barbosa também escreveu os livros ‘Ytapecu, Rio Caminho Antigo’, ‘O Itapocu, Tomé e o Caminho do Peabiru’ e ‘De Dragões, Serpentes e Atlantes’.

É co-fundador e organizador do Museu Municipal Padre Fernando Nagel, na cidade de Maravilha, e co-fundador da Apae de Porto União.

José Alberto Barbosa recebeu homenagens em Jaraguá do Sul, Guaramirim e Corupá, pelos trabalhos históricos e toponímicos a respeito desses municípios, recebendo da Câmara de Vereadores de Corupá, em 1998, o título de Cidadão Honorário.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Elisângela Pezzutti

Bacharel em Comunicação Social pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Atua na área jornalística há mais de 25 anos, com experiência em reportagem, assessoria de imprensa e edição de textos.