TV 3.0: A revolução da conexão entre canais abertos e a internet

Foto: Ministério da Comunicação/ Divulgação

Por: Isabelle Stringari Ribeiro

04/04/2024 - 09:04 - Atualizada em: 04/04/2024 - 09:28

Nesta quarta-feira (3) o Ministro das Comunicações, Juscelino Filho, revelou que o novo padrão de televisão aberta estará pronto para transmissão no ano seguinte, prometendo uma revolução no setor com a integração total dos canais de TV com a internet.

A navegação será mais interativa, utilizando apenas aplicativos e abandonando o sistema atual baseado em números. Isso permitirá aos canais oferecer não apenas o conteúdo transmitido ao vivo via sinal aberto, mas também conteúdos adicionais sob demanda, como séries, jogos, programas e muito mais.

Juscelino afirmou: “Estamos diante de uma das revoluções mais aguardadas do setor, que pode ser mais significativa do que a transição do analógico para o digital. É o futuro da TV no Brasil. Na prática, é a integração definitiva entre a televisão aberta e gratuita com a internet. Todas as melhorias em imagem e som estarão disponíveis na TV aberta para a população. A interatividade com a internet será um recurso adicional, mas não significará que a população precisará ter internet para acessar a TV 3.0”.

O anúncio foi feito durante a abertura do seminário de apresentação da TV 3.0, realizado no auditório do Ministério das Comunicações, em Brasília.

Qualidade aprimorada

A qualidade da imagem aumentará consideravelmente. O padrão atual, que é a TV Digital Full HD, será transmitido via ar em até 4k, ou até 8k pela internet. Isso significa que a imagem terá pelo menos quatro vezes mais pixels, resultando em maior detalhe e nitidez, além de melhorias na cor. O contraste também será aprimorado por meio da tecnologia HDR (High Dynamic Range).

“A TV 3.0 representa a possibilidade de incluir novos participantes e democratizar a comunicação. Ela tem gerado expectativas como uma revolução na forma de programar e assistir televisão, com integração entre internet e TV, melhor qualidade de áudio e vídeo, lógica baseada em aplicativos e segmentação de conteúdos”, disse Jean Lima, presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), que representou o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Paulo Pimenta, no evento.

Com áudio imersivo, a tecnologia permitirá que o espectador tenha a sensação de estar no ambiente que está sendo assistido. Por exemplo, será possível escolher entre ouvir apenas o microfone do cantor com a banda ou destacar o som da plateia.

Além disso, será possível personalizar os temas e as propagandas disponíveis nos canais, com o objetivo de melhorar a experiência do telespectador. A migração para o novo padrão será gradual, provavelmente começando pelas grandes cidades.

“As mudanças em nosso setor nos colocam sempre em momentos cruciais. Hoje, estamos passando por mais uma etapa crucial de transformação digital, e a evolução da TV 3.0 é um exemplo concreto de que a tecnologia e a internet são nossas aliadas nesse processo”, destacou Flávio Lara Resende, presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV (Abert).

O Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre (SBTVD), com apoio e financiamento do Ministério das Comunicações, coordena as pesquisas dos padrões tecnológicos da TV do Futuro, que estão sendo desenvolvidos por universidades brasileiras e parceiros da indústria e do setor de radiodifusão, e que serão integradas aos televisores fabricados a partir de 2025.

As tecnologias candidatas para a TV 3.0 estão sendo selecionadas entre propostas de mais de 20 organizações internacionais diferentes.

“Levar informações para a população, independentemente do meio, é um dos principais objetivos do nosso ministério. E a radiodifusão desempenha um papel fundamental nesse processo. Cerca de 70% da população brasileira tem a TV como seu principal meio de consumo de áudiovisual”, ressaltou Wilson Wellisch, secretário de Comunicação Social Eletrônica do Ministério das Comunicações.

Novas oportunidades

Para as emissoras, a TV 3.0 abre novas oportunidades de geração de receita, como a publicidade interativa, na qual os telespectadores podem interagir com os anúncios exibidos na tela. Isso permitirá a criação de campanhas publicitárias interativas com o público, por exemplo.

Também será possível integrar o comércio eletrônico com as imagens exibidas, permitindo compras diretamente da tela da TV, seja por meio de anúncios interativos ou de aplicativos integrados.

A “TV do Futuro” terá espaço para parcerias e patrocínios com marcas e empresas. Os programas poderão, além de ser patrocinados por marcas específicas, associar-se a conteúdos específicos ou criar programas de marca exclusivos para promover seus produtos ou serviços.

Também será possível produzir conteúdo exclusivo para atrair telespectadores dispostos a pagar por uma experiência diferenciada. Isso pode incluir programas originais, eventos ao vivo, transmissões esportivas e muito mais.

Histórico

Em abril do ano passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou um decreto sobre as diretrizes para o avanço da tecnologia no país e que garante a disponibilidade de radiofrequências para sua implantação.

Com isso, o Ministério das Comunicações criou o Grupo de Trabalho da TV 3.0 (GT TV 3.0) para propor um padrão tecnológico para a nova geração de TV digital no país, incluindo regulamentação, modelo de implantação no território nacional e cronograma de implantação para a TV 3.0.

O grupo é presidido pelo secretário de Comunicação Social Eletrônica do Ministério das Comunicações, Wilson Wellisch, e reúne especialistas, cientistas, técnicos, acadêmicos e representantes da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), dos ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), da Fazenda e de entidades representativas do setor de radiodifusão.

O Ministério das Comunicações emitiu uma portaria determinando que, para o desenvolvimento da TV 3.0, a Anatel garanta a destinação das faixas de VHF alto (174-216 MHz) e UHF (470-608 MHz e 614-698 MHz) ao serviço de radiodifusão de sons e imagens e ao serviço de retransmissão de televisão.

O Fórum do SBTVD está na fase final de testes das tecnologias de transmissão do padrão proposto da TV 3.0, e após sua conclusão, até dezembro de 2024, o GT TV 3.0 deverá avaliar o resultado dos estudos e encaminhar a recomendação para adoção do padrão tecnológico.

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Isabelle Stringari Ribeiro

Jornalista de entretenimento e cotidiano, formada pela Universidade Regional de Blumenau (FURB).