Tudo que você precisa saber sobre as óperas apresentadas no Femusc nesta sexta-feira (1º)

Foto Eduardo Montecino/OCP News

Por: Elissandro Sutil

01/02/2019 - 09:02 - Atualizada em: 01/02/2019 - 09:08

Quem prestigiar a penúltima noite de Femusc, nesta sexta-feira (1º), sairá do Grande Teatro da Scar impressionado e, certamente, com um misto de emoções. Logo mais, às 20h30, cantores, atores e músicos subirão ao palco para apresentar as óperas Suor Angelica e Os Sete Pecados Capitais.

As histórias que envolvem as obras têm características essenciais para uma boa ópera: são carregadas pelo drama, contam com uma excelente composição musical e pontos altos que levam o público à diferentes interpretações do enredo.

O Grande Concerto começa com a ópera Os Sete Pecados Capitais, do compositor Kurt Weill. A obra retrata a vida de duas irmãs, a Ana I e Ana II – que, na verdade, aparece como um alter ego da protagonista.

Elas saem da cidade de Louisiana para buscar meios de construir uma nova casa para a família. Nesta trajetória, passam por sete cidades diferentes, sendo que em cada uma delas, um novo pecado capital é representado.

A história também dá a entender que a família das jovens é exploradora. A soprano Ana Häsler – cubana, mas que mora atualmente na Suíça – vai interpretar e dar voz à Ana I. Já a jaraguaense Bruna dos Santos Silva, 16 anos, será a Ana bailarina.

Aluna de jazz e ballet clássico na Scar há dez anos, Bruna vai participar pela primeira vez da apresentação de uma ópera.

“Estou amando, é uma oportunidade incrível e que nunca imaginei fazer parte”, enfatiza. Os ensaios da coreografia e com o restante do elenco estão sendo feitos há apenas uma semana. Ela conta que o convite surgiu após entrarem em contato com o professor de dança. “É um desafio, não tive dúvidas em aceitar”, comenta.

No segundo momento do concerto, inicia a apresentação da obra Suor Angelica, do compositor italiano Giacomo Puccini.

Nela, os traços dramáticos ficam ainda mais intensos por conta do destino da jovem Angelica, que é enviada pela família para um convento após ser mãe solteira, erro considerado imperdoável para a sociedade da época e para a sua família aristocrática.

A moça se adapta bem à vida no convento, mas a angústia por não ter notícias do filho abala cada vez mais a nova freira. Após a visita de uma tia, a história de Angelica toma um rumo ainda mais catastrófico.

Nesta sexta-feira (1º), a soprano brasileira Deborah Burgarelli Alves de Aguiar irá interpretar Angelica. No sábado (2), quando as óperas serão reapresentadas, a partir das 13h, será a vez da italiana Maria Sole Gallevi fazer o papel.

Como se monta uma ópera

A organização de um dos momentos mais marcantes do Femusc, segundo o diretor artístico Alex Klein, começa na hora das inscrições. Com os títulos definidos, os cantores já se cadastram no evento buscando por um papel na ópera.

A escolha dos artistas, como explica Klein, não acontece por eles serem “grandes cantores de um modo geral”, mas sim, pela capacidade de se adaptar especificamente aos papéis que precisam ser preenchidos para cada obra.

Foto Eduardo Montecino/OCP News

“São dois ensaios gerais, é curto período de tempo para uma obra assim, mas não é o propósito do Femusc ser uma casa de ópera”, aponta o diretor.

Segundo Klein, o intuito de promover óperas é fomentar este trabalho entre os participantes e atiçar o público para esta modalidade musical e artística. O diretor observa que o público jaraguaense vem demonstrando interesse neste tipo de produção e que deseja proporcionar para a cidade uma “vida operática”.

Klein ressalta a complexidade das composições escolhidas para este ano.

“Não são fáceis, mas se fosse, nós perderíamos o pique. Para ter sucesso, precisamos de duas coisas: grandes ideias e não ter tempo suficiente. Assim, conseguimos tirar algo das pessoas que elas nem sabiam que tinham. É isso que fazemos no programa de ópera do Femusc”, declara.

Em cada obra, vão se apresentar entre seis e dez cantores no palco. A orquestra, com cerca de 40 músicos, ficará disposta no fosso do teatro.

Klein avalia que as óperas são um momento muito esperado pelos cantores, considerando a estrutura do festival, a falta de investimento em cultura no país e a chance de trabalhar com profissionais como o diretor de cena Harry Silverstein.

“Para o pessoal da orquestra é um pouco frustrante pelo fato de estar no fosso, você não vê o que está acontecendo no palco e nem no público. Eu costumava ficar mais no fundo, todo curioso para enxergar um pouco do espetáculo”, brinca Klein.

O diretor explica que a acústica da ópera funciona da seguinte maneira: com os músicos no fosso, o som da orquestra sobe, como se fosse um cubo, e a voz do cantor passa por cima disso, indo direto para o público. “É assim que tem que ser, tem que escutar melhor e com mais clareza o cantor. A estrutura da Scar está muito bem construída para isso”, analisa.

O diretor também destaca que a participação de Silverstein pela primeira vez no Femusc é uma parceria que deu certo.

“Ele é muito eficiente na utilização de recursos, faz muito com pouco. Isso para nós é importante”, diz Klein. O diretor de cena deve voltar ao festival no ano que vem.

Temas das óperas

Suor Angelica, com uma sequência de tragédias, e Os Sete Pecados Capitais, que alinha o sarcasmo, sensualidade e drama, reservam inúmeras surpresas para a plateia.

Foto Eduardo Montecino/OCP News

Segundo Alex Klein, o autor Giacomo Puccini dramatizou e dispôs as cenas Suor Angelica de uma forma com que a emoção do público fosse crescente até o clímax da história. A obra, inclusive, é composta  por mulheres, praticamente.

“Você tem a história dessa freira, forçada a ir para o convento por ter um filho fora do casamento. Isso nos traz muitas imagens atuais sobre a função da mulher na sociedade e o que acontece com ela em casa situação, onde as consequências são diferentes para os homens. Suor Angelica vem em boa hora”, aponta Klein.

Os assuntos densos são característicos das óperas, segundo Klein, e fazem o público pensar além do óbvio.

Segundo ele, os temas atuais, que abordam sobre a visão da figura feminina na sociedade, são uma coincidência e que, a maior preocupação, é trabalhar com óperas que tenham muitos papéis, possibilitando que vários cantores sejam colocados no palco.

“Como a Suor Angelica é quase só de mulheres, trazemos Os Sete Pecados, que apesar da protagonista ser feminina, os outros papéis são para homens. Assim todos têm oportunidades”, completa.

Figurinos

A apresentação das óperas promete ser uma experiência memorável para o público do Femusc. Um dos itens que vão intensificar a realidade do cenário e abrilhantar ainda mais o noite será o figurino.

O responsável por vestir os cerca de 40 cantores que passarão pelo palco é o figurinista Márcio Paloschi. Nos últimos dias, a corrida para deixar tudo pronto se intensificou com a prova das peças e ajustes de detalhes.

Para Suor Angelica, o número de roupas e acessórios é maior. Paloschi explica que o figurino das freiras varia conforme a hierarquia delas no convento onde se passa a história.

No caso de Sete Pecados Capitais, a vestimenta dos personagens é mais reduzida e contemporânea, com itens pontuais que se destacam, como o vestido vermelho de Ana e a capa que cobrirá a peça.

A bailarina, que interpreta o alter ego de Ana, também terá figurino. “A personagem tira algumas peças durante a travessia pelas sete cidades, vai passando por mudanças. Mas a roupa não é tão lúdica quanto em Suor Angelica”, avalia.

Paloschi iniciou as pesquisas para produção das peças em novembro do ano passado. Diretamente com ele, há outras três pessoas trabalhando. Ele destaca que tudo é feito sob medida para os cantores.

“Tudo tem um motivo. Fazer roupa para espetáculo precisa de outro macete, tem que pensar em várias questões, no comportamento do personagem, na funcionalidade das peças, conforto. Elas não podem cair em cena. Se a pessoa vai cantar, não dá pra usar elástico para prender o chapéu, por exemplo”, comenta.

A expectativa para ver o figurino ganhando vida é alta. “A gente se envolve tanto que fica ansioso pelo resultado. No palco tem todo o conjunto da situação, com luz, maquiagem. É gratificante”, declara o profissional.

Confira a programação

Sexta-feira (1)

  • 10h30 – Concertos Sociais, no Lar das Flores
  • 12h – Femusc no Shopping, no Jaraguá do Sul Park Shopping
  • 18h – Piano Masters, na Sala Piano Masters
  • 19h – Momento Springmann, no Pequeno Teatro da Scar
  • 19h – Recitais de Canto Lírico, na Sala Canto Lírico/Pianos Bar da Scar
  • 19h – Recitais de Câmara, na Sala de Exposições da Scar
  • 20h – Musicalmente Falando, no Grande Teatro da Scar
  • 20h30 – Grandes Concertos, no Grande Teatro da Scar

Sábado (2)

  • 10h30 – Concertos para Famílias, no Grande Teatro
  • 12h – Femusc no Shopping, no Jaraguá do Sul Park Shopping
  • 13h – Grandes Concertos, no Grande Teatro
  • 16h- Grandes Concertos, no Grande Teatro
  • 18h – Piano Masters, na Sala Piano Masters
  • 19h – Recitais de Canto Lírico, na Sala Canto Lírico/Pianos Bar da Scar
  • 19h – Recitais de Câmara, na Sala de Exposições da Scar
  • 20h – Musicalmente Falando, no Grande Teatro da Scar
  • 20h30 – Grandes Concertos, no Grande Teatro da Scar

Especialmente nesta sexta-feira (1º), os ingressos devem ser comprados antecipadamente e com lugares marcados, a preços populares de R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia), online ou na secretaria do Centro Cultural Scar.

Para o sábado (2), a entrada será gratuita. Os ingressos devem ser retirados na secretaria da Scar. Cada pessoa pode pegar dois tickets.

A Rede OCP News transmitirá todos os dias a partir das 20h30 os espetáculos Grandes Concertos do 14º Femusc pela página do Facebook.

 

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