Em meio às paisagens serenas do Sul de Santa Catarina, surge uma cena marcante: a ponta imponente da torre de uma igreja se destaca, emoldurada por águas tranquilas e montanhas majestosas. Esta é a Capela de São Pedro, agora submersa nas águas da Barragem do Rio São Bento, transformada em um ponto turístico cativante em Siderópolis. Mas esta história remonta a mais de duas décadas atrás.
A saga começou há mais de 20 anos, quando finalmente foi iniciada a construção da tão esperada barragem, após décadas de planejamento. A localização escolhida foi a Vila de São Pedro, visando melhorar o abastecimento de água não só para a cidade, mas para os municípios vizinhos também. No entanto, com o avanço das obras, os habitantes locais se viram obrigados a se despedir de um símbolo icônico de sua vila.
A comunidade de São Pedro, conhecida por sua forte coesão e religiosidade católica, foi profundamente afetada. Iranildo Scussel, um dos moradores da região, recorda: “Quando o processo de construção da barragem começou, ficamos apreensivos, pois não sabíamos o que esperar”.
Foto: Thiago Dassi, Prefeitura de Siderópolis
No entanto, a história daquela comunidade não foi esquecida. A pedido dos moradores e em um esforço para preservar a memória da vila submersa, a torre da capela foi mantida intacta. As 29 famílias que ali residiam foram indenizadas e realocadas para outras áreas da região, enquanto aproximadamente 450 hectares foram inundados.
Iranildo Scussel ressalta a importância da torre como um ponto de referência emocional: “Deixamos a torre dentro da barragem para ser um ponto de conexão com o passado. Com ela, podemos identificar onde cada família vivia. Houve tentativas de derrubá-la, mas resistimos. Já se passaram 23 anos e ela permanece lá, firme e imponente”.
Nas imagens do antes e depois da capela, é possível testemunhar a transformação dramática que ocorreu, mas a torre da capela permanece como um testemunho silencioso da história e da comunidade que um dia existiu ali.