Um novo espaço para contemplação e que está encantando quem passa pela região central de Joinville. Neste domingo (15), a Prefeitura de Joinville inaugurou a Praça Bailarina Liselott Trinks, instalada próxima ao cruzamento da Avenida Juscelino Kubitschek com a Rua 9 de Março.
A cerimônia teve apresentação da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil. A bailarina Thais Diógenes, que está eternizada no monumento, interpretou um trecho de A Morte do Cisne, de Fokine. Trechos do Ballet O Quebra Nozes e de Gopak também encantaram o público com a leveza e vitalidade da dança, movimentos precisos, ao ritmo da música que faz a plateia vibrar.
A praça de 481 m² de área, conta com mobiliário urbano com bancos, floreiras, defensas metálicas e iluminação. O acabamento do piso é em concreto vassourado, com ranhuras que conferem uma textura diferenciada, com aspecto artesanal. O investimento por parte da Prefeitura de Joinville na revitalização desse espaço foi de R$ 405 mil.
O monumento de uma bailarina em tamanho real, em que a saia é formada por um chafariz iluminado, é a obra de arte destaque no centro da praça. A bailarina está instalada em um espelho d’água. E quem passa por lá não imagina o esforço e dedicação empreendido por dezenas de profissionais para que a peça fosse construída.
“É um sonho muito grande para a gente criar marcos culturais para a nossa cidade, para que as futuras gerações entendam o porquê disso tudo na nossa cidade. O motivo de sermos a Cidade da Dança, quem foi a família Trinks, a importância da Escola Bolshoi e das nossas indústrias de tecnologia em Joinville. Afinal, essa obra de arte é fruto da cultura da dança junto com a cultura do empreendedorismo. Arte e tecnologia juntas”, enfatiza o prefeito Adriano Silva.
A joinvilense Thais Diógenes, que em 2011 se formou na Escola do Teatro Bolshoi do Brasil, já foi solista da Ópera de Kazan, na Rússia, e hoje é professora na instituição, foi a modelo para a confecção da peça. Thais pousou durante horas para que todas as partes do seu corpo fossem escaneadas, depois reproduzidas em um sistema de computador. A partir de então iniciou-se a preparação de protótipos que antecederam a peça original.
“Para mim é uma honra muito grande, um privilégio ficar eternizada na minha cidade natal. Eu tenho muito orgulho de ser joinvilense e de ter a Escola Bolshoi aqui. É muito emocionante para mim esse momento. A dança transformou a minha vida, então eu não tenho dúvida que ela pode transformar a vida de muitos outros bailarinos que vem para Joinville, que é a Cidade da Dança”, afirma Thais.
“Eu achei extremamente lindo porque é um símbolo muito grande para a cidade, a questão da bailarina, nessa fonte. Eu achei muito bonito e poético. Eu acho que é muito legal para as pessoas poderem sentar e aproveitar esse espaço que é para todo mundo”, elogia Juliane Moura, que mora no Centro de Joinville e acompanhou todas as etapas da obra.
Tecnologia industrial de ponta aliada à arte para a produção do monumento
A estátua da bailarina pesa 300 quilos e foi confeccionada com a aplicação de tecnologia aditiva a laser, uma espécie de impressão em 3D feita com metal. Considerada de ponta e referência mundial, a tecnologia é aplicada na produção de peças e componentes para indústrias de diferentes setores.
“Para a Fiesc é um orgulho poder participar dessa importante obra que marca Joinville como a Cidade da Dança. Mas é importante também citar que há uma união entre a competência da nossa indústria catarinense, instalada aqui em Joinville, e a arte. Essa união fez com que pudéssemos entregar através de uma solicitação e uma ideia do prefeito Adriano, essa importante obra para mostrar a todos os visitantes a Cidade da Dança que é Joinville, mas também uma cidade inovadora, que tem o empreendedorismo muito forte e que tem na indústria o seu grande vetor de desenvolvimento”, destaca Mario Cezar de Aguiar, presidente da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc).
A bailarina foi produzida em peças, que posteriormente foram soldadas, transformando em realidade o projeto audacioso e inovador. Apenas a impressão do monumento levou 1.690 horas. Não há registro de monumento em área pública feito com esta metodologia em nenhum lugar do mundo.
Além dos detalhes e do realismo dos contornos, o monumento terá sua beleza enaltecida pelo chafariz iluminado que dará forma à saia da bailarina. Para o funcionamento da fonte, um sistema hidráulico exclusivo foi desenvolvido com base nas medidas de altura, circunferência e design da estátua.
“É um projeto excepcional, porque aqui a gente imprime válvulas, componentes de óleo e gás, componentes para o setor automotivo. São peças, componentes, dispositivos associados a um projeto específico. Então a bailarina é também um projeto, mas com a natureza totalmente distinta daquilo que a gente faz porque une dois itens, uma manufatura avançada e também arte e cultura”, explica Luís Gonzaga Trabasso, pesquisador chefe do Instituto Senai.
Todo o trabalho foi realizado por meio de uma parceria entre o poder público e a iniciativa privada, que reuniu mais de 70 profissionais. A Prefeitura de Joinville, por meio da Secretaria de Pesquisa e Planejamento Urbano (Sepur), foi responsável pela concepção do projeto arquitetônico. Já a Secretaria da Infraestrutura Urbana (Seinfra) desenvolveu os projetos complementares. A Secretaria de Cultura e Turismo (Secult), por sua vez, também colaborou na concepção do monumento.
O projeto da bailarina foi desenvolvido com a parceria da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), Escola do Teatro Bolshoi do Brasil e Senai/SC.
O monumento também tem o patrocínio das empresas Netzsch Proven Excellence, de Pomerode, que desenvolveu o projeto hidráulico do chafariz; e da sueca Höganäs, fornecedora do pó metálico utilizado como matéria-prima, além das empresas Integra Laser e Sew Eurodrive.
O secretário de Cultura e Turismo de Joinville, Guilherme Gassenferth conta como foram os primeiros passos para que o projeto fosse iniciado.
“A primeira dúvida era de que material seria feita essa estátua? Que formato comporia esse monumento? Estávamos numa visita técnica no Instituto Senai de Inovação e eu vi em funcionamento uma impressora 3D de liga metálica. Eu chamei o prefeito e conversamos que talvez ali estivesse a solução para construir a bailarina. O prefeito gostou e assim iniciamos as tratativas com o Instituto Senai e a Fiesc. A outra dúvida era de que formato seria a bailarina? Aí então conversamos com o Bolshoi e eles escolheram a Thaís, uma bailarina joinvilense, que com o seu corpo, representaria para sempre todos os bailarinos e bailarinas que já levaram o nome de Joinville e da dança da nossa cidade para todo o mundo”, enfatiza Guilherme.
Homenagem à precursora da dança em Joinville
A dança se faz presente em Joinville desde a chegada dos primeiros imigrantes, em 1851. Mas foi a partir do talento de uma jovem bailarina que a cidade começou a admirar e vivenciar a dança.
De acordo com a Lei 9.752 de 2024, de autoria dos vereadores Érico Vinícius e Thiago Marques, e que foi sancionada pelo prefeito Adriano Silva, o novo espaço fica denominado Praça Bailarina Liselott Trinks.
Liselott Trinks nasceu em Joinville, em 21 de março de 1914. Foi aluna de Maria Olenewa, um dos grandes nomes do balé mundial e que mudou a história da dança no Brasil. Liselott estudou na Alemanha e retornou para Joinville já como professora.
Em 1958, com a fundação daquela que, no futuro, se tornaria a Sociedade Harmonia Lyra, fortaleceu suas atividades no mundo da dança, com a manutenção de uma escola de dança e de um corpo de bailado.
Nas comemorações ao centenário de Joinville, reuniu mais de 80 bailarinos em um espetáculo que ficou marcado na história.
Em 1965, na Sociedade Ginástica de Joinville, participou da fundação da Escola de Ballet. Em 1974, criou o Festival de Bailados, que precedeu o Festival de Dança. Atuou com dança até o fim dos anos de 1970 e faleceu em maio de 1987.