Um novo nome, reconhecido mundialmente no mundo da música clássica, está à frente das atividades culturais da Scar. André dos Santos, 45 anos, assumiu o cargo de coordenador artístico no fim de março e já está imerso na rotina do Centro Cultural.
Trabalhando de segunda a segunda, o pianista pretende integrar alunos e professores da dança, teatro, música e artes visuais para consolidar a entidade como uma referência nacional e internacional do cenário.
Santos é pianista formado pela Universidade Federal da Bahia com especialização em ópera na Ópera Nacional de Paris, na França. Em 2001, foi o primeiro brasileiro e único pianista do mundo selecionado para participar do curso de preparação vocal e de repertório do Centro de Formação Lírica da Ópera Nacional de Paris.
Quatro anos depois, ganhou o prêmio Bösendorfer no concurso Hans-Gabor Belvedere, na Áustria. Após 11 anos na França como preparador e maestro assistente de óperas, passou três anos produzindo espetáculos no México, e voltou ao Brasil em 2014, quando assumiu a academia de ópera do Theatro São Pedro, em São Paulo.
Mudança para Jaraguá do Sul
O rosto do coordenador artístico pode não ser estranho para os jaraguaenses. Santos participou cinco vezes do Femusc e chegou a reger duas óperas apresentadas em 2009. Esta experiência anterior na cidade influenciou o músico na hora de aceitar o convite para o cargo.
“Vendo todos os lugares e corpos artísticos no Brasil e no mundo, é muito difícil encontrar um espaço que tenha a estrutura da Scar, com teatro, salas de ensaio. Isso nos permite sonhar e fazer um trabalho grande, completo”, avalia Santos.
A presença diária do coordenador na Scar deve influenciar diretamente na qualidade dos espetáculos produzidos. Até o ano passado, os maestros escolhidos para reger a Orquestra Filamôrnica, por exemplo, não moravam em Jaraguá. Isso impedia uma frequência maior de ensaios, que agora será possível.
Desejos para pôr em prática
Com uma vasta experiência e diversas oportunidades de desenvolvimento, Santos está inspirado para os próximos meses de trabalho.
“Preciso movimentar as pessoas que estão aqui, provar que elas são capazes de fazer o que acham que não são. Pouco a pouco, vamos aumentar o nível e a autoestima dos alunos”, aponta.
Entre as prioridades, Santos destaca que quer unir todas as atividades culturais para que elas possam ter um diálogo e conquistar bons resultados.
O coordenador também coloca como objetivo conscientizar as pessoas sobre a importância que arte tem para a vida de cada um, influenciando tanto a saúde física como mental.
Pianista será o maestro da Orquestra Filarmônica da Scar | Foto Eduardo Montecino/OCP News
Para a Orquestra Filarmônica, o coordenador tem o intuito de estabelecer uma programação regular, que esteja presente constantemente na vida do público.
“Queremos fazer mais concertos em espaços abertos, outras cidades, mais aulas. Mas isso tudo tem um custo também, então é essencial o reconhecimento da população”, considera.
O pianista também irá compartilhar seus conhecimentos com o instrumento. Nesta sexta (24), por exemplo, ele fará uma Master Class na sala multiuso 4, a partir das 19h.
Orquestra Filarmônica
A Orquestra Filarmônica Scar faz seus primeiros concertos da temporada 2019 apostando em um repertório com dois dos compositores mais conhecidos do grande público: Wolfgang Amadeus Mozart e Ludwig van Beethoven.
As apresentações estão marcadas para o dia 31 de maio e 1 de junho, às 20h no Grande Teatro. O evento é gratuito. A mudança dos espetáculos de quinta para o fim de semana busca aumentar o público presente e atrair amantes da música erudita de outras cidades para Jaraguá do Sul o ano todo, e não apenas durante o Femusc.
Além das apresentações na Scar, a Filarmônica viaja em julho, setembro e outubro pelo estado. Um diferencial da orquestra neste ano será o piano posicionado na frente dos demais músicos. Geralmente, o maestro é um violinista.
Coordenador também dará aulas de piano no Centro Cultural | Foto Eduardo Montecino/OCP News
Outra novidade implantada por Santos é que os integrantes da orquestra tocarão a partitura original das composições, e não em formato reduzido como ocorria normalmente. “Muda bastante, é outra dificuldade técnica, mas é bom, coloca mais energia nos alunos e professores”, comenta.
Dos cinco concertos feitos pela Filarmônica durante o ano, quatro serão com cantores e um acompanhado pelo ballet.
Sobre o Femusc 2020, Santos adianta que planeja apresentar a ópera La Traviata, de Giuseppe Verdi, uma das mais populares e aclamadas da música clássica.
Unindo as artes
Santos começou a trabalhar com 16 anos no teatro. Ao longo da carreira, teve contato com atores e cantores em diferentes países. “A parte da música que junta a dança, canto, instrumentos e artes cênicas é a ópera. E é isso que quero fazer aqui, ter uma programação que possa reunir todas as áreas da Scar. A união vai valorizar e estimular todos”, acredita.
O coordenador completa que a meta da entidade é fazer arte para o público e assim, incentivar o cenário cultural da cidade. “O que mantêm os artistas é a plateia. E, se pudermos fazer com que as pessoas se sintam melhor ao sair do teatro, acho que cumprimos nossa missão, independente da idade”, declara.
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