Em Ohio, Estados Unidos, um projeto inovador mostra como o amor pelos animais pode transformar vidas humanas. Presos de diferentes instituições estão cuidando de animais órfãos, feridos ou abandonados e, ao mesmo tempo, aprendendo valores de empatia, responsabilidade e respeito.
Entre os acolhidos estão coelhos atropelados, gambás filhotes sem mãe e pássaros que caíram do ninho. Com atenção diária e treinamento especial, esses animais recebem os cuidados necessários para voltarem à natureza, enquanto os detentos descobrem novos significados para suas próprias vidas.
Uma parceria que transforma dois mundos
O programa é fruto da parceria entre o Departamento de Reabilitação e Correção de Ohio e o Ohio Wildlife Center, que treina os presos para alimentar e cuidar de espécies silvestres. Os animais ficam em espaços adaptados dentro das unidades prisionais e se tornam parte do cotidiano dos internos.
O agente penitenciário Scott Fuqua, coordenador do projeto, conta que a mudança de comportamento é visível:
“Os homens que participam tendem a se manter longe de problemas, longe de drogas e demonstram maior interesse em aprender. É um efeito notável”, disse.
mpacto em larga escala
De janeiro a junho, 284 animais foram acolhidos apenas na prisão de Marion, e a expectativa é chegar a 1.000 até o fim do ano. Já no total, o hospital do Ohio Wildlife Center atendeu 9.000 animais de quase 200 espécies em 2025, sendo 70% da reabilitação feita com apoio direto das prisões.
Mais de 60 presos em cinco unidades já passaram pelo programa. A regra é clara: quem não mantém bom comportamento perde o direito de participar — e isso tem sido um incentivo poderoso para mudanças.
Recomeços possíveis
Para muitos detentos, como Tierre M., condenado a prisão perpétua, cuidar de animais representa esperança:
“Ver um bichinho chegando devastado e depois recuperando a vida é incrível. É como se a gente também ganhasse uma nova chance.”
As mulheres também participam. No Reformatório Feminino de Ohio, presas recebem treinamento desde 1994 e já ajudaram a reabilitar milhares de animais. “Esse programa transforma tanto os bichinhos quanto as mulheres”, explicou Clara Golden-Kent, assessora do Departamento de Reabilitação.
O resultado é duplo: animais voltam para a natureza com saúde e os presos redescobrem o valor de cuidar, respeitar e se transformar. Uma iniciativa que une justiça social e proteção ambiental — e que poderia servir de exemplo para o mundo inteiro.